O que eu faço?



Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 22/10/2012 12:28:14
O que eu faço?
Todos já ouvimos muito esta pergunta, mas quando as pessoas sabem que estão falando com um psicoterapeuta, ela é infalível. Em meu caso, isso não incomoda. O que me chama sempre a atenção é que raras são as vezes em as pessoas de fato não sabem o que fazer. Elas expõem as situações, falam o que acham e trazem acerto e adequação em suas percepções, mas na hora de agir coerentemente, "tremem nas bases".A expressão "eu sabia que isso ia acontecer" tem muito a ver com o que estamos expondo. O quadro está todo desenhado, mas as pessoas não agem como deveriam e quando se confirma o desencontro, expressão acima é usada. Mas se sabia, por que deixou acontecer?
Vejamos um exemplo recente: Uma pessoa me falou sobre seu envolvimento com uma moça, de quem diz gostar muito. Diz também que deseja ter um relacionamento duradouro, sério, para casar. O impasse é que a moça, apesar de dizer que também gosta dele para casar, apenas o encontra quando não tem outra opção, outra pessoa que lhe faça companhia, ou seja, ela está numa situação indefinida. Não está casada, mas também não é desimpedida. O detalhe é que a moça recebe ajuda financeira do seu namorado. Ela não quer perder isso e, obviamente, pede ao rapaz que permaneça com ela. Após este relato, ele me perguntou: O que eu faço? Esse relacionamento vem se estendendo há mais de seis meses sem nenhuma mudança, ficando ele apenas com os poucos momentos que ela tem disponível. Vocês acham que ele não sabe mesmo o que tem que fazer?
Um casal está muito assustado com as reações agressivas do filho de 16 anos. O jovem tem tudo o que quer: dinheiro, carro para suas saídas e por aí vai. Os pais alegam que sempre que recebe um não, o rapaz age assim, agressivamente. Aí os pais voltam atrás e o garoto sai com sua turma para as "baladas" sem nada ter sido feito para mudar o quadro. Dia desses o tal rapaz foi parado por uma viatura militar, levado à delegacia e quando seus pais foram buscá-lo, receberam do filho uma repreensão, que alegou só ter sido parado porque o carro não estava em ordem (uma lanterna estava queimada), portanto, a culpa era dos pais. E veio a pergunta: O que fazemos com ele?
No trabalho isso também acontece. O funcionário vem já há tempos sendo relapso e indisciplinado. Com a desculpa de que a rescisão levará da empresa um dinheiro que ela não dispõe no momento, de novo se ouve a pergunta: O que eu faço com esse funcionário?
Citei aqui três situações dentre tantas que existem. Em todas elas, quem perguntou sabe o que fazer, mas não se sente apto para isso.
O rapaz que ama a moça, por maior que seja seu sentimento por ela, nunca será feliz estando ao lado de alguém que só pensa em si mesma e em seu próprio bem-estar. Os pais sabem que estão educando de forma errada, que não estão impondo limites, sabem que precisam fazê-lo, mas o fato de ter que suportar a rebeldia do filho tira-lhes a energia para a ação. O empresário ou diretor que, a título de contenção de despesas, não dispensa seu funcionário indisciplinado, paga muito mais que isso em re-trabalhos, rejeitos, quebras de equipamentos e o pior, o mau exemplo dado aos demais funcionários, que passam a agir com menor interesse, pois sentem-se desconsiderados e mesmo desrespeitados por seus superiores, que permitem a permanência de tal pessoa na empresa.
Na maioria das vezes as pessoas sabem, sim, o que precisam fazer. Mas se acomodam frente aos incômodos que isso poderá gerar. Em nome dos sentimentos, deixam as coisas seguirem seu curso sem se preocuparem em direcioná-los.
Há alguns meses, uma moça terminou o noivado de dois anos, pois seu noivo era muito rude, sem a menor consideração por ela. Hoje eles estão juntos e felizes. Ele percebeu o quanto gostava dela e que teria que agir diferentemente, se não quisesse perdê-la. Essa moça me disse assim: "Eu aprendi a gostar de mim e não poderei nunca ser feliz com alguém que não reconheça meu valor". Há medidas que são incômodas ou mesmo dolorosas, mas necessárias. É preciso agir com equilíbrio. Nem só com a razão e nem só com a emoção.









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