O que você ganha com tanto sofrimento?
Atualizado dia 7/24/2020 1:06:51 AM em Autoconhecimentopor Roberto Debski
Você se encontra frequentemente em dificuldades, precisando da ajuda dos outros, com problemas que se acumulam? Quando um termina outro já se apresenta, e ainda mais complicado?
Parece que a vida fica cada vez mais difícil, sempre falta alguma coisa, dinheiro, recursos, saúde, tempo?
Os relacionamentos também estão cada vez piores, você tem sido envolvido em confusões, traições, enganos, golpes, intrigas, e enquanto você enfrenta esses desafios, as outras pessoas estão indo bem, melhorando.
Só com você parece que nada dá certo e se alguém não ajudar, aí então, será o caos!
Quando algo parece melhorar, outro problema aparece. Entrou um dinheiro inesperado, acontece uma despesa inesperada, com o carro, ou de saúde ou outra e esse dinheiro vai embora rapidamente.
Suas relações são abusivas, sempre tentam tirar vantagem ou acontecem agressões e você não consegue sair delas.
Não consegue vislumbrar nenhuma saída, não há nada a fazer, só um milagre para lhe salvar.
Se não for você, talvez conheça alguém assim, sempre com problemas, reclamando e se lamentando.
Se você conta que está com alguma dificuldade, essa pessoa sempre tem várias, muito mais complicadas que as suas. Se você foi ao médico e está com uma doença, essa pessoa tem diversas, muito mais graves que você, parece uma competição de infortúnios.
Essa pessoa não pede nada diretamente, mas sempre se mostra tão encrencada, que você se sente na obrigação de fazer algo, ou ficará com muita culpa.
Conhece alguém assim? Você já esteve nesse padrão em algum momento na vida?
Atenção, parece que você é muito desfavorecido pelo destino, ou a sorte não lhe sorri, talvez sinta que é azarado mesmo, mas avaliando sistemicamente, é provável que esteja sofrendo da “síndrome da vítima”, a qual faz parte do Triângulo Dramático (TD) descrita pelo psicoterapeuta Karpmann, da Análise Transacional.
Como escrevi nos dois textos anteriores, essas dinâmicas adoecem e destroem nossa vida e os nossos relacionamentos.
Se você convive com uma “vítima”, se sentirá sempre em dívida, um favorecido em detrimento de uma pessoa infeliz, se sentirá obrigado a ajudar, mesmo que ela não pedir. Caso contrário, a culpa o consumirá e você ficará com a imagem dessa pessoa sofredora na sua mente, nos seus sonhos, o atormentando como um fantasma. E o remorso, o que fazer com ele?
Se ela for seu contato próximo, família ou amigo, você poderá se sentir culpado em estar bem enquanto ela sofre tanto.
A relação ficará comprometida pois você não sentirá prazer ou segurança em contar suas vitórias, e se culpará por ter sucesso enquanto essa pessoa nunca está bem.
Será convidado a ser o “salvador” e compartilhar o que tem, porém isso não resolverá o problema da vítima, já que ela parece atrair novas dificuldades e você será solicitado continuamente a resolvê-las.
Por vezes, você entrará na dinâmica e procrastinará ou se sabotará para também não ter sucesso e não se distanciar tanto de sua relação vitimizada.
Se você for um profissional de ajuda se sentirá mal em cobrar uma vítima por seus serviços.
Talvez atenda de graça, e esteja certo, você não será minimamente valorizado ou reconhecido por ter feito isso. A vítima vai cobrar ainda mais e você se sentirá na obrigação de ajudar.
Talvez inconscientemente você precise ser um salvador (veja o artigo que escrevi sobre esse tema “Para que você precisa ser um salvador”) para assim se sentir superior, próximo à pessoas que se sentem inferiores, ou talvez você só saiba dar, e não esteja aberto a receber.
Se você for a vítima, sempre viverá cercado de pessoas que assumem os papéis de salvadores ou acusadores, e a posição de vítima não possibilita soluções, além dos papéis se alternarem continuamente entre si.
Uma vítima é sempre infantilizada, dependente de outros, que serão os codependentes, presos na mesma armadilha.
Na verdade, as vítimas são os maiores manipuladores do triângulo dramático, através da culpa que incutem nos outros, os quais se sentem obrigados a fazer algo.
São relações disfuncionais que trazem sofrimento e encobrem a origem sistêmica dessa dinâmica.
A origem pode estar na infância, talvez a vítima tenha sido preterida por outro irmão, ou tinha pais não disponíveis afetivamente, e a vitimização, estar doente ou ser frágil, era a única maneira de conseguir carinho ou atenção. Para esse comportamento se tornar um hábito e um destino foi um passo.
Ou por vezes, a vítima se identificou com dinâmicas transgeracionais, com antepassados que foram injustiçados e vitimizados, e, inconscientemente, por amor cego repete o mesmo padrão inadequado.
Quando se conscientizar que suas relações o convidam para relações de Triângulo Dramático (TD), reflita sobre sua participação, e decida qual o caminho a seguir.
Relacione-se de maneira saudável, adulta, e busque sempre curar os emaranhamentos presentes em seu sistema.
Seguimos juntos a serviço da vida!
Dr. Roberto Debski
Médico e psicólogo
Facilitador em Constelações Sistêmicas
Leia também o Capítulo 1 - O Salvador
Texto Revisado
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Conteúdo desenvolvido por: Roberto Debski O Dr. Roberto é médico (CRM SP 58806) especialista em Acupuntura, Homeopatia e tem formação em Medicina Ortomolecular. Também é psicólogo (CRP 06/84803), Coach e Master Trainer em Programação Neuro-Linguistica. Formador e facilitador em Constelações Familiares Sistêmicas Acompanhe nossos próximos eventos! https://www.facebook.com/debskiroberto/ E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |