O Ritual da Igreja Católica
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 12/13/2010 8:03:16 AM
Andando pelo bosque parei em frente a uma capela existente nas proximidades do povoado e sentado em um toco de árvore fiquei observando os fiéis entrarem na igreja para participarem do culto ministrado por um sacerdote. Olhando a capela o meu pensamento vagou para muitas vidas anteriores, e naquele mesmo local da igrejinha havia um pequeno templo construído por grandes blocos de pedra e eu era o sacerdote que diante dos pobres colonos, que viviam em seus casebres nas proximidades, explicava a importância de nos reunirmos naquela Igreja. Dizia que o templo representa o nosso corpo e entrar no templo significa o ato vivencial de entrarmos para o nosso interior mais profundo para sentirmos a presença de Deus. O silêncio no interior do templo retrata o silenciar todos os nossos impulsos para escutarmos a voz de Deus e quando ajoelhamos diante do Santíssimo estamos nos rendendo de fato à onipotência divina. O sacerdote representa a voz de Deus e quando o escutamos significa que nossa essência está ouvindo diretamente Deus. Quando confessamos diante do sacerdote estamos afirmando que em todos os segundos de nossa vida nós colocamos diante de Deus os nossos pensamentos e ações. O pão e o vinho retratam o corpo de Deus vivo e quando comungamos estamos afirmando que Deus está em nós e nós estamos em Deus Pai, ciente da sua onipresença, onipotência e onisciência. O altar simboliza que sacrificamos todas as nossas vontades pessoais e nos deixamos guiar pela vontade soberana de Deus, nos transformamos em um rio que apenas flui em direção ao oceano. A cruz com o corpo de Jesus sacrificado exprime que os nossos baixos instintos estão sendo imolados em louvor da Deus. O batismo onde o fiel é mergulhado no tanque de água exprime que morremos para o mundo e revivemos inteiramente para Deus. As vestes litúrgicas do sacerdote exprimem o corpo glorioso e eterno de Deus. O cálice representa a nossa receptividade às emanações que fluem do Reino Celestial. A cruz gravada na peça de pedra na qual estão assentados os umbrais da porta principal da capela, indica que somente passam por aquela porta as pessoas que de fato seguem o caminho trilhado por Jesus, vivenciando uma existência desprovida do apego e dos bens materiais, tendo consciência que sua única riqueza é vivenciar o Deus vivo. Falava para os colonos que os rituais e seus símbolos são apenas indicações externas do que está ocorrendo em nosso interior. De repente os meus pensamentos voltaram para o meu corpo que estava sentado no toco de uma árvore observando a nova capela. Ao meu lado estava o velho ancião e disse: "Peregrino da montanha sagrada, todos nós ficamos tristes a partir do momento em que os rituais e símbolos da Sagrada Igreja perderam a conexão com nossa trilha interior. Os rituais e símbolos da Igreja são atualmente apenas rituais e símbolos sem nenhuma indicação do verdadeiro propósito de retratar ou representar que de fato estamos morrendo a cada segundo para o mundo e renascendo no corpo glorioso de Deus. Hoje, a alquimia da transmutação é concretizada isoladamente por pessoas que estão buscando em seu próprio interior o contato com o Reino de Deus". O velho ancião me entregou um pedaço de pedra a qual possuía gravado um dos traços da cruz e me disse: "Eis o que restou da sua antiga igreja".
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