O SEGUNDO CAMINHO DE TRANSFORMAÇÃO
Autor Rose Romero
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/16/2006 4:18:10 PM
O Segundo Caminho de Transformação na tradição dos índios norte americanos, assinala o retorno à confiança e à inocência, onde nossa fé é testada ou provada e a maravilha da criança divina retorna a todo vapor.
Seguindo a orientação da roda de cura, isto é, após ter passado pelas reflexões e transformações do primeiro caminho da direção leste e seguindo em direção ao sul para o segundo caminho, deve-se ficar atento aos medos internos, pois esta é a hora em que eles aparecem para testar nossa fé e um excelente momento para ultrapassá-los. Ao sairmos do primeiro caminho estamos com os sentidos mais aguçados; afinal, todo o trabalho anterior foi de sair da caverna e partir para a ação.
No segundo caminho, com os sentidos mais apurados surge um sentimento de respeito maior pelos seres vivos em geral. Principalmente a intuição se mostra mais presente e é preciso honrá-la assim como a nós mesmos, isto é, honrar o nosso espaço sagrado que inclui nosso corpo, espírito, pensamentos, emoções...
A fim de vencermos os medos e limitações é necessário que lidemos – admitindo, refletindo e trabalhando - com os comportamentos doentios que atrapalham a clareza de nós mesmos, isto é, precisamos lidar com a nossa sombra, principalmente a falsidade (desconexão entre atos/sentimentos/palavras) conosco mesmos e as segundas intenções nas atitudes, pois estes são os aspectos mais encontrados na estagnação.
Resolver trilhar este caminho de autoconhecimento requer uma decisão clara e forte de persistência e perseverança, pois este caminho será vivido de forma solitária seguindo os preceitos indicados pela roda de cura. O desafio mais profundo do segundo caminho será o de enfrentar nossas fraquezas internas e nos livrarmos dos hábitos, idéias e emoções que pertencem ao passado, encarnando o próprio guerreiro espiritual.
O segundo caminho nos pede para abandonarmos os padrões acumulados que anestesiam nossa percepção, como:
• Necessidade de controle das situações e dos sentimentos e atitudes alheias para ter mais segurança.
• Necessidade de se sentir vítima ou fazer os outros de vítima para encontrar seu próprio valor.
• Medo de agir por não confiar em nossos sentimentos e intuição.
• Dificuldade em perceber o real motivo do medo, culpa ou vergonha que dá origem a certas atitudes.
E como podemos fazer isto? Antes de qualquer coisa, podemos parar para refletir e assim modificar alguns conteúdos internos e suas manifestações externas:
• A culpa - é criada quando adotamos o que achamos que os outros esperam de nós em termos de atitudes, negando nossa própria vontade e integridade. Quando a culpa está presente devemos examinar quando foi que adotamos essa idéia e de que pessoa se originou. Se percebermos que fizemos algo não apropriado ou prejudicial, a vergonha saudável nos lembra que estamos arriscando nossa integridade e precisamos nos responsabilizar por nossos erros. Já a culpa azeda nossas atitudes e inibe qualquer tipo de cura ou de crescimento emocional. Não há nada fora de nós que não exista dentro de nós, isto é, muitas das nossas experiências físicas influenciam e se refletem em nossos pensamentos, sentimentos e decisões. Cada pensamento ou atitude é um fio de energia, entrelaçado dentro de nós e quando nos agarramos a sentimentos e pensamentos provenientes de antigas feridas, vergonha tóxica ou culpa, nossa energia estagna e nosso desenvolvimento é prejudicado. Quando deixamos a energia fluir, experimentamos a maravilha vivida na infância e sabemos que os milagres são possíveis.
• Os julgamentos - estancam a interação antes de haver a oportunidade de usufruirmos as bênçãos das experiências e nos colocam à parte nas experiências, não permitindo que o momentum seja inteiramente vivido.
• O perdão - é importante decidir onde vamos investir nossa energia da mesma forma que decidimos investir no mercado financeiro. Investir em algo que nos recompense, onde teremos bons rendimentos, fundo suficiente em energia criativa e força vital e ficar de olho nos excedentes utilizáveis ou se há perigo de se operar no vermelho. Um excelente investimento é o perdão, pois se não pudermos perdoar a nós mesmos e nem aos outros esquecendo velhas feridas, ficamos paralisados e não temos espaço para experimentar novos sentimentos ou pensamentos. O perdão e a libertação do passado abrem um fluxo criativo na vida que determina nossa saúde, nosso desejo de criar, desenvolver talentos e uma nova visão e compreensão do mundo. Cada obstáculo é uma benção e uma oportunidade que nos permite reinvestir nossa energia.
O processo é de transformar a energia a partir da consciência, do fluxo dela em nós e da decisão de mudar este fluxo. Por exemplo: quando somos traídos devemos prestar atenção nos momentos antes da traição que traímos a nós mesmos ou à nossa integridade. A experiência externa apenas refletiu o que fizemos internamente conosco. Pense nisto antes de se sentir vítima do outro e perceba o quanto você ajudou ou contribuiu com toda a situação. A idéia de que a vida acontece sem nosso consentimento nem participação é ilusão.
No segundo caminho, através da reflexão profunda com honestidade e vontade de quebrar e mudar os velhos padrões nocivos ao nosso desenvolvimento, corrigimos certos comportamentos e observamos novos pontos de vista e de caminhos a seguir. Aprendemos a confiar em nós mesmos e a aceitar nosso processo pessoal seja lá o modo como ele se apresenta e nos preparamos para integrar nossa sombra, curando emoções, pensamentos e atitudes que nos desviam do Caminho e alinhando sentimentos, pensamentos, atos e palavras.
Com tudo isso razoavelmente bem resolvido podemos seguir o fluxo e rumar para o Terceiro Caminho de Transformação.
Continua na próxima edição...
Rose Lane Romero da Rosa
Psicóloga Junguiana e Pesquisadora de Teologia Feminina
[email protected]
Texto revisado por Cris
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Psicóloga Junguiana, Teóloga e Facilitadora das Oficinas ArteVida de Meditação do Projeto Labirinto E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
