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O sofrimento que não dói

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Autor Merit Rabanés

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 11/6/2004 11:36:15 PM


Em 1984 conheci Lucília, uma linda jovem que tinha 15 anos de idade e nenhuma preocupação com a vida até conhecer Ernesto. Este tinha 40 anos, lindos olhos azuis e um comportamento cavalheiresco, que atraía as pessoas.

Lucília foi consultar o Tarô e Ernesto quis acompanhar-lhe. Quando expliquei que a consulta era particular, que só a consulente poderia ouvir as informações do oráculo, ele ficou visivelmente perturbado e quis consultar-se primeiro. A menina concordou e assim foi feito.
Assim que se viu a sós, Ernesto mostrou-se sem máscaras quando, sem preocupação alguma, ordenou: “eu pago o triplo para você falar para ela que sou solteiro”, ao mesmo tempo em que mostrava um revólver em sua cintura.
Não fosse a presença amorosa de Rabanés, meu guia espiritual (viveu sua última encarnação neste planeta no Antigo Egito, onde me iniciou na arte de interpretar o oráculo), penso que teria desmaiado. Aproveitei a companhia da outra dimensão para, de forma assertiva, dizer a Ernesto que apenas falaria o que me fosse perguntado, que não podia vender meu trabalho para divulgar mentiras. Ele ficou furioso, saiu da sala, e arrastou Lucília com ele.

Um mês depois, a menina Lucília retornou sozinha e queria saber apenas se seria feliz com o Ernesto, posto que já havia se decidido ao casamento, mesmo porque estava grávida e não tinha intenção alguma de criar o filho sozinha.
O Tarô impiedoso tirou-lhe todas as esperanças de felicidade, prevendo um futuro de ilusão, dor e sofrimento. Embora chateada (ninguém quer ouvir o contrário de suas expectativas), contou que mesmo assim se casaria, pois estava apaixonada e grávida.
Lucília e Ernesto “juntaram os trapos”. Ele já era casado, pai de quatro filhos e abandonou a família para constituir outra com a menina Lucília. Aliás, ela tentou se matar quando soube que ele já era comprometido.
A surpresa não era apenas essa. Depois de se mudarem para uma grande e confortável casa numa cidade do litoral paulista, ficou sabendo que Ernesto era um grande traficante e ardiloso estelionatário. Ficou perturbada, mas como todos os seus desejos e sonhos - aqueles que podiam ser comprados com dinheiro - eram realizados, acabou se acostumando com a idéia.

Foi assim que, durante dezessete anos Lucília viveu uma vida de sonho e aventura.
Quando descobriu que o marido era procurado em quatro Estados, não se ressentiu muito, porque sua vida era muito boa, e saber que seu marido era “procurado” fazia-lhe sentir um prazer estranho, era como se fossem inatingíveis.
Ela mesma participava dos transportes de drogas. Fora convidada pela quadrilha porque, de beleza ímpar, poderia passar por qualquer “blitz” policial sem despertar muita suspeita. E era assim que, com um sorriso e uma “saidinha” estratégica do carro, exibindo seu corpo perfeito, acabava sendo dispensada de maiores averiguações, nessas circunstâncias.

Ernesto e Lucília tiveram quatro lindos filhos. Pai de oito filhos, passava seu tempo entre o crime e as mulheres. Era tão desregrado que passou por muitas vezes doenças sexualmente transmissíveis para Lucília. Mas depois a compensava comprando outro automóvel, financiando viagens e roupas e coisas parecidas.

No 18º ano de casamento (e depois de mais de quarenta avisos do Tarô) fui acordada de madrugada por Lucília que, ao telefone, relatava seu desespero: enquanto estava na praia, sozinha, a polícia invadiu sua casa e levou seu marido e seus quatro filhos, todos acusados de envolvimento com o tráfico. Quando ela soube, nem pôde ir de encontro a ele, pois também estava sendo procurada. Nesta hora, entrava em vigor a Lei do Retorno. Ela que não tinha religião, pediu que eu “fizesse alguma coisa”. Avisei que a única coisa que podia fazer era rezar. E a ensinei a fazer o mesmo. Seu choro era doído e podia desesperar qualquer pessoa. Mesmo sendo uma criminosa, pude “ver” que ela estava acompanhada de seu “anjo guardião” (somos todos filhos do mesmo Deus). Depois de repetir a oração ao telefone, disse que se sentia melhor e prometeu dar notícias.
Os filhos de Lucília foram libertados pela Justiça, porque não encontraram ligação dos menores com as drogas, embora o mais velho fosse viciado. Nos dois anos seguintes Ernesto foi preso por mais quatro vezes.
Tudo o que tinham foi vendido, transformado em dinheiro para custear os honorários dos advogados.

Lucília mudou-se para o Grande ABC. Ela e os filhos começaram a trabalhar com a coleta de lixo reciclável. Moram em um casebre emprestado por uma irmã dela, que nunca concordou com o tipo de vida que ela levava.
De pouco estudo, Lucília amarga o desemprego. Seus jovens filhos, três menores de idade, também não conseguem uma colocação e assim prosseguem a vida com os poucos trocados que a coleta do lixo garante.

Depois da primeira prisão do marido, disse que queria ter uma religião porque sofria muito.
Como sempre consultou o Tarô, Lucília encontrou serenidade e razão para entender o que passava num centro espírita por mim recomendado.
Há dois meses Ernesto ganhou a liberdade. Há um mês sofreu um derrame que lhe tirou a fala e o movimento de um dos lados do corpo.
Seus lindos olhos azuis choram todos os dias. Ninguém sabe o motivo. Não é fácil conversar com ele. Seu corpo “entortado” pelo derrame e envelhecido pela depressão causa dó.
Lucília e os filhos tomam conta de Ernesto. Os filhos do primeiro casamento não querem saber do pai “aleijado”: “Se ele nos abandonou não merece ser por nós acolhido”, sentenciou a caçula quando Lucília tentou conseguir ajuda. A ex-esposa e seus primeiros quatro filhos têm todos colocação profissional e têm vergonha de Ernesto.

A abnegação de Lucília é razão de admiração de seus vizinhos, de seus amigos e do pessoal que estuda e trabalha com ela no centro espírita.
Poucas pessoas conhecem sua estória.
Quando alguém percebe um traço de tristeza em seu olhar e faz alguma observação do tipo “sofrer dói muito”, Lucília abençoa seu interlocutor e diz que, quando a pessoa aprende a se perdoar e recomeça uma vida com Jesus, trabalhando em seu favor e em prol do semelhante, o sofrimento não dói.

Merit Rabanés é Taróloga na cidade de Mauá-SP e também trabalha com encaminhamento espiritual (um trabalho gratuito em favor de todos).
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