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O Sudário de Turim durante a Idade Média - I C de IC

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Autor João José Baptista Neto

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 02/02/2008 12:19:36


Para terminar de complicar a história, o “Evangelho de Gamaliel”, recentemente descoberto, escrito no Egito no ano de 450, dá grande relevo aos lenços funerários de Jesus Cristo, mas, conhecedor de qual podia ser seu destino final, especifica que foram levados para o céu pelos anjos.

Na opinião do historiador Paul Vignon, em sua obra “Le Saint Sudaire de Turin devant la Science, l’Archeologie, l’Histoire, l’Iconografie, la Logique”, mantém que a relíquia encontrou refúgio em algum monastério próximo a Edessa, a atual Urfa, no sul da Turquia, a que foi provavelmente a mais antiga igreja da mesopotâmia, chegando a ser o mais importante centro cristão da Síria, cidade santa a que acodiam multidões de monges para praticar a vida de eremita nas cavernas de suas imediações, e onde as comunidades cristãs não foram perseguidas durante os primeiros cinco séculos de nossa era.

O que sabemos com certeza é que daqui procedem diferentes cópias, conhecidas genericamente como “Santa Face”, que se confeccionaram em distintas ocasiões, com a finalidade de serem entregues a diferentes personagens notáveis e peregrinos ilustres, o que de alguma maneira não deixou de ocorrer inclusive em nossos dias. Muitos desses ícones e cópias tomaram como original o conhecido como Mandilyon Acheiropoíeton de Edessa, que segundo a “Doutrina de Addai, o Apóstolo”, até o ano de 400, não havia sido pintado por mão humana. O habitual era que após serem pintados, uma vez secos os pigmentos, a cópia se “santificava” pelo contato com a Síndone original, pelo que já estava pronta para ser entregue a seu feliz proprietário com um documento anexo em que se acreditava que era cópia do original, e que além disso, havia sido “santificado pelo contato”, quer dizer, que não era uma cópia sem maior valor que o pictórico, antes pelo contrário, tinha um grande valor religioso.

A mesma origem tem as imagens de Kamuliana, de Cesárea Mazaca, (ambas na Capadócia) e a de Diobalion, originando assim uma mudança radical nas representações da arte sacra oriental, o que resulta mais que evidente se observamos a semelhança entre os ícones bizantinos do século IV e V, e inclusive anteriores, embora em menor medida, com o rosto ainda visível na Síndone.

Muitas dessas “Santas Faces” não se conservaram, não superaram as transformações históricas, outras não são reconhecidas senão por um pequeno grupo de investigadores, algumas são consideradas pelas populações que as conservam como relíquias autênticas, apesar de que claramente são obras pintadas, com mais ou menos perfeição, em função da habilidade do artista, e do estilo pictórico predominante na época em que se confeccionou, e por último, algumas delas, de muito boa qualidade, podem passar por autênticas, até que as observemos de perto e avaliemos os pigmentos, a direcionalidade no traço, e as pinceladas. Nessas ocasiões, os documentos que dão crédito à sua procedência e origem, desapareceram, a maior parte das vezes, de forma fortuita, e entre outras, porque assim convinha, pois não esqueçamos que toda relíquia trás consigo peregrinações, quer dizer, entrada de divisas à população que as possua e as exiba. Não se nos ocorre nada mais atrativo que o lenço funerário de Jesus Cristo, no qual, além de seu sangue, se aprecia seu rosto, e mais ainda a imagem completa de seu corpo, sendo visíveis todos e cada um dos estigmas da paixão. O mórbido está, pois, servido!

Tentando clarear conceitos, novamente a Palinologia nos diz de forma inquestionável que a Síndone foi exposta em Edessa durante um tempo. Dito pólen aparece por todo o lenço, logo não se expunha dobrado, senão aberto, o que por sua vez explicaria os Pantocrátor (1), de feições antropometricamente idênticas ao rosto da Síndone, e além do mais coxo da perna direita (os artistas desconheciam que se tratava de uma imagem em negativo), do século V e anteriores, pois na relíquia original, a perna esquerda aparece mais curta que a direita, como conseqüência da rigidez cadavérica, pois ao usar um só cravo para ambos os pés, o esquerdo se cravou sobre o direito. Em outras ocasiões, se representava um terceiro travessão nos pés (subpedaneum inclinado). Tampouco se explicaria o testemunho do Talmud de finais do século IV, que chama Jesus Cristo de “o coxo”.
(1) [NT - Nome que se dá na arte bizantina e românica à figura do Salvador sentado abençoando as pessoas] - Dic. da Real Academia Espanhola.

Uma segunda teoria, com menos partidários entre os historiadores, sustenta que a Síndone chegou até os descendentes de Abgar, embora mantivessem em segredo a origem de sua “Santa Face”, o que deu origem a que em fins do século IV surja a lenda de Hannan (Ananias), pintor e arquivista da corte que, sempre segundo “a Doutrina de Addai o Apóstolo”, fosse enviado pelo rei Abgar V Ukâma ( negro), que enfermo, incurável de lepra, além de ancião, e sabedor dos milagres e curas que realizava Jesus Cristo durante sua vida pública, lhe pedia por escrito, em forma de missiva, que viajasse até seu reino, e lhe curasse, dita petição seria negada, também em forma de missiva que seria levada de volta da mesma forma por Hannan, que não querendo voltar à corte do rei Abgar V com as mãos vazias, pinta um retrato. Estes fatos devem ter ocorrido, caso sejam verídicos, antes dos anos 50, data em que faleceu o enfermo Rei Abgar V. São João Damasceno, já no ano 730 completa a lenda e relata que diante da incapacidade de Hannan de pintar um retrato aceitável, comove a Jesus Cristo, que toma o lenço, o aplica a seu rosto, e milagrosamente, se imprime seu rosto, o que consolida a crença de que não foi realizada por mão de homem. Outra versão, tão pouco crível como a anterior, mantém que o lenço foi aplicado ao rosto de Jesus Cristo já cadáver após a crucificação, imprimindo-se a imagem de forma milagrosa.

Dita imagem permaneceu oculta, e dela nada sabemos até que, no século VI, concretamente no ano de 544, durante a guerra de Cosroe, foi passada pela muralha, atribuindo-se a isso a vitória, de forma milagrosa.

Outra lenda que tenta justificar essa grande ausência de de notícias da Síndone, menciona que Manu, um sucessor de Abgar V, no ano 57, não abraçando o cristianismo, voltou ao paganismo e pretendia destruir a relíquia. Todavia, o bispo da cidade conseguiu ocultar o lenço no muro situado na parte superior da porta ocidental da cidade, junto com uma lamparina e fechada com um tijolo. No ano de 544, durante o assédio de Cosroe, Eulálio, o novo bispo de Edessa, tem uma visão durante um sonho, no qual uma mulher lhe revela o esconderijo. No dia seguinte, procura o tijolo, e quando o encontra, o retira, para descobrir que a mencionada lamparina ainda está acesa de forma milagrosa, e além do mais, a face do tijolo em contato com o lenço também tinha a imagem do rosto. Sobre o tijolo, voltaremos a falar sobre ele em Constantinopla muitos anos depois.
Final da Parte I de IV
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