Menu
Somos Todos UM - Home

O SURDO: SUA HISTÓRIA, SUA LÍNGUA, SUA CULTURA

Facebook   E-mail   Whatsapp

Autor Rosana Dias Gomes

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 3/12/2014 9:15:09 PM


Esta pesquisa não enfocará a história dos surdos, mas utilizará alguns dados da mesma para os enlaces necessários ao desenvolvimento do tema, que é o de atingir a compreensão sobre a relação do surdo com esta história, ao longo dos tempos. Para tanto foram estabelecidos alguns recortes que possibilitem a apreensão desta relação. Desde que a humanidade existe, existem surdos. E, como não pode deixar de ser, a história destes foi atravessada pelas idéias que circularam ao longo dos séculos, marcando e delimitando territórios teóricos, políticos, sociais, culturais e psíquicos da construção de subjetividades. Etimologicamente, a palavra surdo tem origem no latim (surdus) e no grego (kophós) designativo de uma situação dupla: o homem que não escuta e o homem que não é entendido.Também indica o entorpecido, passando a significar, depois de Homero (kopháomai), referente ao ato de ficar mudo, ser estúpido ou insensível. Na primeira designação ‘ o homem que não escuta e o homem que não é entendido’ há uma referência à qualidade daquela pessoa que, por sua singularidade, a diferencia das demais. Já, após Homero, com a significação de ‘mudo’ introduz-se um equívoco, ou seja, de que o surdo não fala e, aprofundando mais, que a fala é entendida no âmbito único da oralidade. Também, introduz-se a idéia de dupla falta: incapacidade física (órgão auditivo defeituoso) e incapacidade emocional (estúpido e insensível). Esse equívoco trouxe conseqüências negativas para o surdo e sua comunidade conforme veremos através dos fatos históricos que passaremos a analisar..
Durante a Antiguidade e a Idade Média os surdos não eram considerados seres humanos

Durante a Antiguidade e a Idade Média os surdos não eram considerados seres humanos competentes.
Essa idéia era decorrente do pressuposto aristotélico de que o pensamento não podia se desenvolver sem linguagem e que esta não se desenvolvia sem fala. A comunicação através de conceitos era reconhecida como uma forma privilegiada de manifestação da inteligência e, esta, só seria manifestada a partir da fala. Assim, quem não ouvia e não falava oralmente também não pensava. Sem estas condições inerentes à inteligibilidade humana e considerados como isentos de processar as faculdades mentais, os surdos, eram vistos como “imbecis”, sendo-lhes negado os direitos: legais, isto é, não podiam fazer testamentos e necessitavam de curadores para os negócios que herdavam; religiosos, pois acreditava-se que as almas dos surdos não podiam ser imortais, porque eles não podiam falar os sacramentos; educacionais, pelo fato de que os surdos, sendo vistos como sujeitos desprovidos de razão e de lógica de pensamento eram considerados também como indivíduos desprovidos da capacidade de apreenderem a educação; afetivos, pois não podiam se casar para evitar a reprodução, entre outros.
Havia uma crença que a única forma de cura da surdez era através de milagres conforme mostra a Bíblia em uma passagem do evangelho de São Marcos (7:31) “... trouxeram um homem surdo e com um impedimento da fala e suas faculdades de ouvir foram abertas e o impedimento de sua língua foi desatado e começou a falar normalmente”. Então, somente através do milagre divino o surdo seria humanizado.
Os sinais não eram considerados como língua, mas como gestos primitivos. No final da Idade Média com o rompimento do isolamento feudal teve início o intercâmbio com vários povos, resultando no encontro de surdos e na formação de comunidades de surdos e, conseqüentemente, no desenvolvimento da língua de sinais. A limitação inicial no relacionamento dos surdos entre si era decorrente, entre outras, de suas características lingüísticas diferenciadas, associadas ao isolamento a que se viam relegados, em relação à sociedade. Estas condições apresentaram considerações relevantes no processo de constituição cultural e linguística das comunidades surdas. A primeira delas e, sem dúvida, a mais singular é a criação de um instrumento comum de comunicação, ou seja, a criação de uma nova língua – a língua de sinais.

A segunda, até certo ponto determinante na construção da identidade cultural das comunidades surdas, foi aquela que englobou a adaptação do surdo a sua peculiaridade, explorando os recursos disponíveis, destinados a sua sobrevivência. Essas situações novas exigiram, entre outras, a criação de uma organização social que mobilizaram todas as forças do grupo, em busca de solução para um projeto que se tornou coletivo. Essas diferenças foram estimuladoras da criatividade, da socialização de saberes, permitindo o acúmulo de avanços, no interior de um universo isolado. Entretanto, essas trocas culturais exigiram adaptações, a partir do tipo de organização trazida como bagagem cultural, com uma cultura já estabelecida e dominante na sociedade – a cultura ouvinte. Em outras palavras, as diferenças lingüístico-culturais que marcaram os surdos em relação aos ouvintes, permitiram aos mesmos um acervo comum de conhecimentos que, os levaram a uma adaptação na sociedade, sem perder de vista suas características próprias. As diferenças do ambiente, do qual procediam ao acervo comum de conhecimentos, possibilitou a articulação de elementos diferentes, que se combinaram numa espécie de síntese, para a qual convergiram as características próprias dos surdos, mobilizando forças em favor da cooperação, de atitudes comunitárias, de ajuda mútua, da solidariedade e do fortalecimento recíproco. Foi um período fecundo de construção interna, na qual muitos dos elementos da cultura tradicional (ouvinte) não se revelaram adequados às condições que foram se estabelecendo na cultura surda, havendo, pois, a necessidade de serem criados outros, para substituí-los, ao lado daqueles que foram mantidos.
Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 4


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

foto-autor
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Rosana Dias Gomes    
Rosana Dias Gomes, mestre reiki, psicanalista e historiadora. Ministro cursos de Reiki no Espaço Alqhimia de Yoga e Reiki de Mogi Guaçu-SP.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui.
Deixe seus comentários:



Veja também
© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 

Energias para hoje



publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2025 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa