O Ter em detrimento do Ser
Atualizado dia 15/11/2006 17:41:01 em Autoconhecimentopor Guilhermina Batista Cruz
Shri P. Rajagopalachari
A ideologia do Mundo atual está centrada, principalmente, na corrida por possuir coisas “reais” como ter dinheiro, ter prestígio, alcançar uma posição social relevante, destacar-se em alguma área que evidencie e traga alguma forma de recompensa e importância pessoal, enfim, na corrida pelo Ter (consumismo) em detrimento do Ser (conquistar-se, conhecer-se).
Conta-se que, certa vez, Ghandi foi convidado pelo governo Britânico a visitar Londres e aceitou o convite. Um dos roteiros de visita foi a um Shopping Center, uma vez que na Índia, naquela época, ainda não existia esse tipo de centro de compras. Ao chegar ao local combinado, Ghandi ficou encantado com a beleza do lugar, onde tudo era novo para ele; então, as pessoas que o acompanhavam lhe disseram: “O que o senhor gostar pode levar, pois o governo inglês pagará". Num determinado momento, ele entrou em uma loja e interessou-se por um objeto. Logo um dos acompanhantes repetiu-lhe: "Se o senhor gostou, leve". Ele, então, respondeu: "É uma beleza!" E deixou o objeto no lugar. Ao sair sem levar absolutamente nada disse aos seus acompanhantes: "Que bom que não preciso de nada disso para viver".
Desde tempos remotos que a posse é recomendada, que é vista como forma de segurança e a felicidade era medida, então, em razão dos haveres acumulados. A tranqüilidade se apresentava como sendo a falta de preocupação em relação ao presente, assim como ao futuro. Aguardar uma velhice descansada, sem problemas financeiros, impunha-se e ainda impõe-se como a grande meta a conquistar.
A escala de valores, desde há muito, mantém como patamar mais elevado a riqueza, como se a vida se restringisse a negócios, à compra e venda de coisas, de favores, de posições. Todos os programas de sucesso trazem como impositivo prioritário o prestígio social decorrente da posse financeira ou do poder político. Inclusive, existe o conceito irônico de que o dinheiro não dá felicidade, mas ajuda a consegui-la. Ninguém costuma contestar; no entanto, ele não é tudo.
Esse pensamento faz com que o imediatismo venha substituindo os valores legítimos da vida. Tem havido um natural desprezo dos códigos éticos e morais, das conquistas intelectuais, das virtudes, por parecerem de menor importância. Embora as ciências humanas tenham tido um avanço considerável na atualidade, ainda permanecem alguns imperativos sociais no sentido de o homem TER, sem a preocupação com o SER. E muita gente que não conta com o apoio da reflexão, fica suscetível a essa onda de materialismo e consumismo extremos.
É óbvio que não devemos fazer a apologia da escassez ou da miséria na busca da realização pessoal. A posse é uma necessidade para atender objetivos próprios, que não são únicos nem exclusivos. Os recursos existem para serem utilizados e não para que, ao invés disso, nos tornemos servis a eles. A paz, o equilíbrio emocional e algo do sentimento chamado felicidade, provém do que se é, de nosso ser real, jamais do que se tem. Jesus já nos advertia que a angústia pelo ter “é a raiz de todos os males”.
No livro "Jesus no Lar", psicografado por Chico Xavier, o Espírito Neio Lúcio nos fala: “...O mais nobre não será o detentor do maior número de títulos que lhe conferem a transitória dominação em propriedades efêmeras da Terra, mas aquele que acumular, mais intensamente, os créditos do amor e da gratidão nos corações das mães, das crianças, dos velhos e dos enfermos, dos homens leais e honestos, operosos e dignos, humildes e generosos...”
Paz e Luz a todos.
Texto revisado por Cris
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