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O TRANSTORNO DO PÂNICO & OS PARADOXOS - Parte III

Atualizado dia 5/10/2006 1:41:27 AM em Autoconhecimento
por Fátima Rodrigues Graziottin


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Muitos pacientes de TP se queixam que os outros não os compreendem e que não fazem idéia do “inferno” que estão vivenciando. Mas se tiverem o insight de que esta é uma doença paradoxal compreenderão que é difícl compreendê-los, pois nem eles mesmos compreendem seus sintomas e poderão levar muito tempo para "abortá-los".

Outro paradoxo é que o paciente de TP, quase que invariavelmente, é muito seguro em suas atividades profissionais, mas em relação a seu estado emocional, é extremamente inseguro e tem uma necessidade grande de ter sempre alguém de confiança, à mão. Freqüentemente, são os seus familiares, amigos ou o seu terapeuta. Neste sentido, na vida profissional é “adulto” (seguro, autoconfiante, capaz), na vida pessoal é “criança” (dependente, carente, inseguro).

Os portadores de TP quando entram num local fechado, dão uma “investigada” rápida só com o olhar e já maquinam uma estratégia eficiente para sair de lá, meteoricamente, se necessário. Quer dizer, eles entram num local, já pensando em sair... Por que isto? Porque os sintomas são tão ruins, tão fortes, tão intensos que a vontade que sentem é de sair correndo. Além disso, sentem vergonha de ter uma crise diante dos outros.

A crise de pânico é caracterizada por um descontrole no sistema de defesa do organismo, ou seja, aciona o dispositivo de “ataque e defesa”, indevidamente. O portador de TP passa a evitar as situações em que teve as crises de pânico, desenvolvendo fobias em relação a elas. Quer dizer, de alguma forma, ele “acha” que se voltar ao lugar em que teve a crise, a terá novamente (e em todos os locais similares). Por exemplo: se teve uma crise enquanto estava numa fila de banco, sua tendência é não querer mais entrar em filas de banco, em agências bancárias ou até mesmo em qualquer fila: seja no banco, no cinema, no supermercado, na igreja na hora da comunhão, etc! Na realidade, no início, não é uma atitude muito consciente; ele simplesmente começa a evitar determinadas situações ou lugares sem se dar conta, em função de crises anteriores.

O TP pode incapacitar o indivíduo, contudo essa incapacitação vem através das diversas fobias desenvolvidas em decorrência da doença. Os sintomas são fortes e fazem sofrer, mas o que incapacita é a conseqüência das crises, ou seja, as fobias e a evitação. Poder-se-ia pensar que, neste caso, não é propriamente a doença que incapacita o indivíduo e sim a conseqüência dela? Se for verdade isso, que paradoxo! Não seria mais ou menos como dizer que não é o câncer cerebral que poderá fazer com que o doente piore e fique incapacitado, mas sim a dor de cabeça que ele sente?

O paciente de TP parece que tem um medo enorme de morrer, devido aos sintomas que tem numa crise de pânico. A sensação física é realmente de "morte iminente"! Contudo, no fundo, o que o paciente de TP tem mesmo é medo de viver... Isto não parece ser improcedente: ele é assaltado tão freqüentemente por “sintomas-de-pânico-nada-a-ver”, que o simples fato de estar vivo já é um perigo!

O portador de TP está sempre em alerta, sempre meio sobressaltado, é extremamente ligado nos “perigos reais” e acaba levando um monte de “sustos virtuais”! Depois de um tempo, aliás, muitos pacientes de TP praticamente se convencem que não “morrerão de susto”! Já sobreviveram a tantos ataques de taquicardia que podem até concluir que seu coração é muito forte!

Outro paradoxo, é que pode-se pensar que o TP aparece no indivíduo, para ensinar-lhe a ser mais flexível. A pessoa que tem TP tem uma necessidade muito grande de controlar. Aqui, o que nasceu primeiro, “o ovo ou a galinha”? Contudo, pode-se dizer que há necessidade de manter o controle, de maneira geral. Mas sempre quando ele acha que tem tudo sob controle, vem uma crise para desequilibrar tudo... Quando os portadores de TP descobrirem que podem ser mais flexíveis, mais soltos na vida, o TP pode diminuir de intensidade, também. Quer dizer, o "antídoto" para o TP são os próprios sintomas do TP! Algo parecido com aquela máxima da homeopatia: “O semelhante cura o semelhante”!

Paradoxal, não? Apesar do horror a que são expostos nos ataques de pânico, os portadores de TP, fora das crises, são muito bem humorados e até espirituosos.

Mas... qual seria a “cura” para o TP? Ou qual seria a forma de lidar com o TP para diminuir o seu impacto na vida das pessoas? Há medicamentos. Há terapias. OK! Associada à medicação, uma das formas existentes de lidar com o TP é a exposição gradativa aos lugares reais e/ou similares e às situações em que o paciente teve suas crises de pânico. Quer dizer: para curar ou minimizar suas crises de pânico, é necessário que o indivíduo se confronte com os lugares ou situações de medo. Ou seja, não é evitando o medo que o problema será resolvido, mas se confrontando com ele.

Durante algum tempo, ao se confrontar com estas situações ou lugares, seu mecanismo de defesa será acionado e o dispositivo de “ataque e defesa” entrará em ação desencadeando novas crises... Paradoxalmente, o que poderá livrá-lo das crises, é justamente não evitar as crises! Neste caso podemos dizer que as “crises patológicas” serão “crises de cura”! Confuso, isto? Pa-ra-do-xos do TP... Esta tarefa de dessensibilização gradativa é uma tarefa hercúlea, mas não impossível! Há que perseverar e, se possível, "atacar" uma "frente" de cada vez! Não adianta querer atacar todas as fobias de uma só vez.

Mas será que funciona mesmo? Como? Simples: é como um exercício, tipo andar de bicicleta. No início exige esforço e treino, isto é, repetição, mas depois você nem pensa o que faz com os pés e mãos para conseguir andar de bicicleta.

No caso do TP, a exposição gra...da...ti...va... (deve ser lenta, mesmo!) vai fazendo com que haja uma dessensibilização. Com o tempo, o indivíduo vai percebendo, na prática, que aquele local ou situação não oferece perigo real. Então, o indivíduo começa a sair do medo virtual e começa a introjetar o não-perigo real da situação. Vai ganhando confiança e acaba REaprendendo a viver o seu cotidiano, como ele já vivia antes do TP se manifestar!

É um exercício duro, do tipo suar a camiseta, mas vale à pena! E este sim, é um troféu bem gostoso de carregar! E mais: depois disso tudo, o tal “atestado de sanidade” já não é mais tão importante. Pelo contrário, dá vontade de até fazer umas “loucurazinhas” saudáveis, de vez em quando, sem ter medo de “perder a sanidade”!


Aos interessados em adquirir mais INFORMAÇÕES sobre o TRANSTORNO DO PÂNICO, sugiro que visitem o SITE de meu grande amigo e pioneiro na criação de um grupo virtual sobre Transtorno do Pânico no Brasil.
SÉRGIO VALLE é criador e moderador do grupo virtual LISTPAN, em atividade desde 1996.


https://valleser.rumo.com.br/pan.htm

Lembre-se: "O VENTO E AS ONDAS SÃO FAVORÁVEIS A QUEM SABE NAVEGAR!"


Texto revisado por Cris

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