O valor da compaixão




Autor Vinicius Samu de Figueiredo
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 22/02/2016 18:01:19
Vou tratar hoje de um tema que tem andado muito presente em minha vida: a compaixão. Sempre achei esse sentimento um tanto questionável, já que ele representa o reconhecimento das fraquezas humanas, como se eu estivesse me considerando superior à outra pessoa. Nunca gostei que tivessem pena de mim e, assim, nunca busquei ter pena de ninguém. Só que há uma falha nessa correlação entre compaixão e orgulho. De fato, posso usar esse sentimento para me achar superior aos outros... mas isso é uma distorção da compaixão, não é de sua essência. Se não tivermos compaixão, se não buscarmos entender as limitações alheias, a convivência fica muito difícil, pois tendemos a agravar as culpas alheias, achando que a outra pessoa está plenamente consciente de seus atos e de suas consequências. Devemos reconhecer que normalmente o que ocorre é o contrário, que aquela pessoa te machucou porque ela não tinha quase nenhuma consciência de que isso poderia ocorrer. Quantas vezes achamos que a pessoa fez aquilo de propósito, e ela nem tem ideia do que fez? E quantas vezes achamos que a pessoa fez aquilo por opção, só para te deixar mal, quando na verdade ela estava acuada, constrangida, achando que aquilo era o melhor a ser feito? E quantas vezes aquele ato foi mesmo o melhor para o grupo, embora você tenha sido prejudicado? E quantas vezes a outra pessoa te ofende sim, com vontade e consciência, só porque ainda não tem maturidade para resolver a questão de outra forma? Quem tem filhos sabe bem do que estou falando... Devo ressaltar, porém, que compaixão não é passar a mão na cabeça de tudo que os outros fazem, não é ter complacência. Os maus atos devem ter consequências, em sua devida proporção, mas sem raiva, sem rancor, é só a colheita do que se plantou, sem o estigma de "criminoso", "pecador", "perdido", ou ideia similar. E também pode haver uma "pena alternativa", mais branda, se o infrator demonstra sincero arrependimento, por que não? Assim, a compaixão é um elemento fundamental na convivência humana, ela ajuda-nos a seguir em frente e levar a vida com mais leveza, sem remoer rancores ou enxergar inimigos por todo lado. Ela é um passo fundamental para o exercício do perdão, que por sua vez é muito importante para nossa saúde emocional. Mas porque muitas vezes resistimos a reconhecer as limitações alheias? O fato é que normalmente é muito difícil reconhecer justamente aquelas limitações que espelham nossos próprios defeitos. É muito difícil perdoar os outros, mais o maior desafio é perdoamos a nós mesmos, é reconhecer de forma realista que somos imperfeitos sim, e, sem auto indulgência, nos aceitarmos da forma que somos e, a partir daí, fazermos o possível para melhorarmos. Afinal, o primeiro passo de qualquer terapia é reconhecer que existe um problema a ser tratado. Então, que tal praticarmos um pouco mais a compaixão em nossas vidas? Se fizermos isso, iremos viver de forma muito mais agradável, tenho certeza disso.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Vinicius Samu de Figueiredo Engenheiro, estuda temas místicos há mais de 15 anos, e publica textos sobre filosofia mística em seu blog palavrasaoventomistico.blogspot.com.br. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |