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ODE À COMPAIXÃO HUMANA

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Autor Christina Nunes

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 7/23/2004 1:11:19 PM


Não consegui, infelizmente, contatar Stephen Kanitz, o autor deste artigo colado abaixo, retirado de um outro site. Lamentei francamente; queria parabenizá-lo com veemência por tocar com tanta sensibilidade e apuro num ponto nevrálgico e grave, do que é tido hoje em dia como bom conceito, na hora de se exercer a compaixão pelo próximo, numa sociedade onde por vezes se considera viável incluir (absurdamente!) nos parâmetros da competitividade social pessoas que mal se aviam por alcançar uma única refeição por dia, para si e para seus filhos (tema que abordei num de meus últimos artigos intitulado "O GRANDE ENGÔDO DA COMPETITIVIDADE". Que Stephen, porventura passeando por aqui, no Somos Todos Um, me perdoe a liberdade da divulgação fortuita das suas palavras na abordagem deste assunto de tão subida importância

Este texto veio a calhar para corroborar uma visão passível de suma urgência, no sentido da tomada de consciência de que o "proporcionar recursos" para que o ser humano conquiste, por seus méritos, a própria dignidade, não excluí a nossa obrigação de solidariedade, enquanto seres humanos, na hora de se estender a mão para resgatar, com os recursos ao nosso alcance, aqueles que diáriamente enfrentam a chance de não contar com o dia de amanhã, pela mais absoluta carência de recursos materiais, mentais, intelectuais, e mesmo de saúde, em decorrência do embrutecimento ocasionado às populações carentes pelo descaso com que são tratados pelas autoridades os graves problemas sociais. Abaixo, o texto:


ENSINANDO A PESCAR
(Stephen Kanitz)

Uma das frases freqüentes dos intelectuais e acadêmicos que dizem entender do Terceiro Setor, é a frase "nós não damos o peixe, nós ensinamos a pescar". São contra o assistencialismo, a caridade e a filantropia, são a favor da inclusão social, da capacitação e da recuperação da dignidade humana. Acham que assistencialismo é nocivo, que cria dependência e reduz a auto-estima.

Eles são combatentes ferozes de entidades como o Exército da Salvação que cuida de moças grávidas solteiras, das inúmeras entidades que dão sopão para os famintos, ou dos Alcoólatras Anônimos com seus grupos de apoio. E estão sendo bem sucedidos. A maioria das entidades que fazem assistencialismo está perdendo patrocinadores, já que a maioria da empresas socialmente responsáveis prefere projetos que ensinam a pescar. Ajudar grávidas e alcoólatras não ficam bem na televisão.

Eu vou defender aqueles que prestam assistencialismo à moda antiga, e tentar ajudá-los a reverter esta onda negativa que estão sofrendo. O ser humano tropeça muitas vezes na vida. Já vi professores de Sociologia entrarem em depressão, já vi pessoas humildes entrarem em pânico porque seus filhos contraíram câncer. Estas pessoas não precisam aprender a pescar. Elas precisam de assistência, carinho e compaixão. Precisam de apoio para uma crise na vida, para a qual nenhum treinamento poderia prepará-las. Alcoólatras precisam de ajuda, não de cursos sobre a química do álcool, nem aulas de "Cidadania" para resolverem seus problemas de alcoolismo.

Drogados não precisam de cursos de "geração de renda", eles precisam de compaixão, colo e um ombro amigo para poderem readquirir as forças para se reerguerem SOZINHOS. Quem disse que todos estes desafortunados são um bando de idiotas que precisam de um professor esclarecido para ensinar a pescar? Eles precisam de carinho e trabalho voluntário de uma alma amiga.

Fiz uma análise estatística das ONGS que ensinam a pescar, e descobri que nelas, 85% das doações terminam no bolso dos professores que ensinam, não aos alunos carentes. Enquanto isto, nas ONGS que fazem "mero" assistencialismo, 85% do dinheiro acaba indo para uma cadeira de rodas, óculos para um deficiente visual ou para um prato de comida para uma pessoa com fome. Ou seja, o dinheiro vai para quem está precisando.

Fico triste em ver que quem mais defende o "ensinar a pescar" são justamente professores, os que mais têm a ganhar com esta postura social, e curiosamente são os que mais criticam o programa FOME ZERO, por sua natureza assistencialista.

Hoje, a maioria das empresas "socialmente responsáveis", só quer "ensinar a pescar", porque o "retorno sobre o investimento" é elevado. Um critério assustador em termos humanísticos é a visão neoliberal que tomou conta até do movimento de responsabilidade social. Por estes critérios empresariais, nenhuma empresa vai no futuro investir no velho, no doente terminal, no tetraplégico, no cego, porque "não dá retorno". É o fim do humanismo.

Nem concordo que o assistencialismo não ensina a pescar. Nem há tanta eficiência nestas aulas que ensinam a pescar em salas onde não há lagos nem peixes. Quantos professores pescam pelo menos o primeiro peixe junto com os seus alunos na favela? Por outro lado, já vi milhares de voluntários assistencialistas pescarem o primeiro peixe, no mano a mano, fora da sala de aula. "Deixe-me lhe mostrar como isto é feito". Digo mais, assistentes ensinam o que o necessitado pede, professor ensina o que está no programa didático.

A bandeira "ensinar a pescar" seria muito mais legítima se os professores que a pregam ensinassem de graça, numa atitude solidária e altruísta. Infelizmente, tem proliferado MBAs do Terceiro Setor que cobram caríssimo pelos seus cursos, e na maior hipocrisia pregam as virtudes do trabalho voluntário.

Fui professor por trinta anos, e sei todo este discurso do aprender a pescar de cor e salteado, e devo ter sido partidário no início da minha carreira. O que eu não sabia era do discurso da compaixão, do sofrimento, dos revezes do acaso que nenhum curso dá preparo. Não sabia da frieza da ajuda do Estado, das filas quilométricas do SUS e do INSS.

Não sabia das assistentes sociais mal humoradas porque recebem pouco do Estado e nenhum agradecimento dos assistidos que acabam afirmando que "ajuda é um direito do cidadão, e uma obrigação do Estado". Por isto, acham que nossas abnegadas assistentes sociais não fazem mais do que a obrigação.

Obrigue alguém a amar o outro, e você estará destruindo o significado de amor. Quando alguém alardeia que não faz assistencialismo e sim ensina a pescar, pergunte se ele faz isto gratuitamente. Pergunte como é ensinar alguém que está passando fome.

Por causa desta postura elitista, o assistencialismo hoje está minguando, e se restringe a alguns grupos religiosos. O grosso do dinheiro está indo para quem ensina a pescar.

Stephen Kanitz

Com amor,

Lucilla
https://www.elysium.com.br






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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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