OMOLARA PARA MUDAR
Atualizado dia 12/14/2006 11:07:31 PM em Autoconhecimentopor Dalila Jabar
Se “eles” não mudam... mudo eu!
OMOLARA em yorubá (língua africana) significa “nascido no momento certo”! E nestes dias em que tudo parece muito alvoroçado, fico pensando: nasci no momento certo de quê?
O mundo parece de pernas para o ar. Afinal, “os valores não são mais aqueles”, “ninguém fica indignado com a violência e o descaso com o homem”, “ninguém dá valor à natureza”... a indignação, a impaciência, o desespero, a inconformidade tomam conta e damos asas a tudo isso sempre “externando” a causa... e onde eu fico nisso tudo? Qual a minha crença interna? O que faço verdadeiramente com esta situação?
Presenciei e vivi um período de guerra, já no final da adolescência. Era uma guerra promovida por aqueles que haviam perdido espaço e não se conformavam de ver muita gente poder se beneficiar de melhores condições e das riquezas do país. E neste momento reflito: “onde perdi meu espaço” neste contexto? Por que travo esta guerra com os “outros” se não são os outros o problema, mas Eu que não aprendi e não sei lidar com a nova situação e realidade? Não sei defender os ideais de vida e missão, de bem estar e humanização com o novo olhar, sem julgamento, sem acusações, sem culpados!
Na guerra que eu vivi, percebi que muitos vacilavam também, preferiam continuar com o status quo a ficar lutando pelos outros e renderam-se ao seu bem estar individual. Quando defendemos o nosso lado egoísta perdemos de vista o todo e nos defendemos para conforto próprio, dizendo que os outros não “entendem”, “não percebem”, “não chegou o momento deles de verem o quão equivocados estão”.
Na verdade, sou eu que tenho que perceber que nunca estou fora do contexto, que sempre estou dentro mesmo quando escolho não me envolver! Eu também posso estar defasada, equivocada, desnorteada e sem saber que rumo seguir e, então, transfiro paro o outro, quero que o outro mude primeiro, me entenda, me compreenda, me aceite do jeito que sou, mas eu "esqueço" de fazer o mesmo movimento com o outro, de aceitá-lo, de entendê-lo, de respeitá-lo.
Ninguém nos ensinou a viver neste mundo de possibilidades explícitas e ocultas. Fomos educados para “o certo” e o “errado”, para a certeza das leis e das possibilidades definidas como verdades. Ninguém nos ensinou que tudo que está “fora” reflete um “dentro” individual e coletivo. Ninguém nos ensinou a trabalhar com possibilidades e escolhas, a ter responsabilidade com cada ato, a reconhecer que nem tudo é perfeito e que as verdades são construídas a cada minuto, a cada momento. Ninguém nos ensinou que somos essencialmente movidos pelo AMOR, pelas emoções e que vivemos num mundo de imperfeições, de ilusões, de realidades criadas por cada um.
Se eu sou responsável por criar a realidade, então, porque não começar criando uma realidade diferente, começando por perceber e trabalhar os medos que desenvolvi: medo de arriscar, perceber e afirmar-me diferente perante os outros, aceitar e conviver com as diferenças dos outros, conhecer a minha estrutura interna e reconhecer as armadilhas que crio para minha própria evolução.
Porque sempre tem que ser os outros a mudar primeiro para eu mudar? “Se ele fizer isso... ah, assim, sim, eu posso mudar! Porque não dar o primeiro passo e começar com o primeiro degrau?
EU? Sim, eu, afinal só depende de mim; não preciso de ninguém para ter esta VONTADE de fazer, agir, de achar solução onde os outros vêem problemas. Para cada movimento meu terei uma reação, travestida de muitos formatos, até de comprovação do “Viu como não dá certo mudar sozinho?”. Seja o que for, tudo sempre valerá a pena para reforçar, confirmar a verdadeira intenção de começar o movimento por VOCÊ!
Tudo valerá a pena para desafiar a nossa criatividade, a nossa capacidade de interagir e observar nossas respostas a situações adversas. No final perceberemos que nos deixamos “comandar” por uma “realidade” criada por todos e por isso mesmo a mudança só se dará quando entendermos o movimento iniciado em cada um, sem julgar, sem acusar, sem cobrar e se responsabilizar o outro por aquilo que você não deu conta.
OMOLORA, sim, nasci no momento certo para aprender o caminho dos desafios internos, das guerras e batalhas que devo vencer primeiro comigo! É claro que quero que mude toda esta situação que se vive no mundo hoje, mas acima de tudo tenho que começar por mim e cuidar para que meu EGO não se aproprie da situação e reforce o que aí está, continuando com a postura de “se ele mudar primeiro” ou “se o governo mudar” ou “se a situação fosse diferente”!
OMOLORA, sim, nasci no momento certo para aprender que a paz externa se constrói com a paz interna, de verdade. É trabalhoso mas é o caminho; EU MUDO, logo você também muda!
Dalila
Novembro de 2006
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 14
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