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Os pássaros e a Parede de Vidro

Atualizado dia 15/06/2007 14:09:55 em Autoconhecimento
por Neide Fernandes


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Uma bela manhã de domingo e eu lendo os artigos do Somos Todos Um. De repente um beija-flor entra pela janela e começa a se debater numa parede de vidro. Isso sempre acontece, pois existem muitos beija-flores à minha volta que, na liberdade impetuosa e ingênua dos pássaros, acabam atraídos pela luz e transparência e sempre um deles voa para dentro da minha sala, direto para a parede de vidro. Tenho que aguardar alguns minutos esperando que pare de se debater diante da parede de vidro e só então posso socorre-lo, enquanto descansa apoiado sobre o parapeito; é quando intervenho e vou em seu socorro, com uma toalha nas mãos; chego mansamente e a jogo sobre o corpo do passarinho que mal tem tempo de reagir à minha chegada: o exato momento em que posso liberta-lo! Então, suavemente o prendo sob a toalha e o lanço janela afora. Nossa! Que satisfação sinto pela liberdade deles!

Hoje entraram dois! Primeiro um e instantes depois o outro. Penso que o primeiro que entrou era o filhote e depois veio a mãe, aflita para resguarda-lo. Nesse momento gozam de sua liberdade e voam por entre as coisas lindas da natureza que enfeitam todos os quintais!

Hoje, especialmente, fui tocada por esse acontecimento que me fez pensar na dor de uma alma aprisionada, tal qual a dos pássaros diante da parede de vidro. Da mesma forma recebo tantos e tantos pacientes em meu consultório que muito vêm se debatendo para buscar o Todo, mas apesar da transparência da vida sentem-se presos em suas paredes de vidro! Chegam extenuados e como prisioneiros de si mesmos apóiam-se nos estreitos parapeitos, encurralados diante dos seus medos! Mas por instinto de sobrevivência e intuição, estado primordial do ser, aguardam quando haverá uma mão que os segure, num momento do tempo certo, até que possam transpor suas barreiras e chegar à janela, soltos e livres desfrutando de liberdade e do seu poder real de voar para todos os lados!

Almas que ainda precisam de um tempo, de compreensão, de sensibilidade e de amabilidade para que se reconstruam sobre os seus descaminhos. Criar tramas com novos traçados para voar numa nova rota! Mas muito importante é que se restitua a certeza de que lhes será cada vez mais fácil distinguir as ilusões, percebe-las, e abandonar as paredes de vidro em que tanto se debatem!

Terapia é um ato de amor! De si para si mesmo! Do terapeuta pelo seu próximo! Um tanto disso, mais outro tanto numa viagem profunda ao inconsciente, e muito mais ingredientes, na medida em que o terapeuta tenha toda a liberdade de aplicar sua técnica, sensibilidade e sabedoria. Ambos, paciente e terapeuta, promoverão as mudanças, entendendo as experiências ocultas alojadas no corpo mental, emocional e espiritual; como também, sanando as dores físicas, resíduos mantidos na mente etérica, por danos físicos acontecidos em vidas passadas.

No momento do tempo certo segura-se o pano sobre o foco e faz-se um pegar suave sobre as dificuldades da alma, onde ela fará o percurso necessário de ir, de afundar e emergir do inconsciente com mais luz; a luz que incidirá sobre todos os cenários afetivos, emocionais, espirituais e psicológicos danificados. Sob a luz da compreensão é que se cura a dor de certas experiências dolorosas. Na consciência liberta vive a essência que se incumbe dos arremates finais, equilibrando, nivelando e aumentando as energias fecundas e positivas. Os condutos de paz arrebatam o Ser de tudo o que antes o mantinha prisioneiro. A prisão que causa uma mente em conflito, quando se vê diante da realidade mas se debate entre as paredes dos seus medos! Quando tudo se esclarece, também se recompõe a satisfação de usar do autoconhecimento, da estima, da confiança e do prazer que causam a verdade, o amor e a liberdade!

Então, sem se machucar, sem agressividade, suavemente, deixe a toalha ser jogada e seja como os pássaros que buscam a graça da luz! Troque as paredes de vidro pela audácia de sanar suas dolorosas ilusões! Voe, então, ó pássaro das paredes de vidro!

Neide Fernandes
Parapsicóloga
[email protected]

Texto revisado por Cris

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