Os Sintomas como um Caminho para o Autoconhecimento
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Autor Wiliam Wagner Silva Sarandy
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/4/2020 5:57:32 PM
Segundo o paradigma holístico, a doença pode ser ressignificada em um mal que se transforma em um bem. Para que isso ocorra, é importante ouvir o que a doença tem a dizer por meio dos sintomas e, sem resistência, captar e entender suas mensagens, pois são manifestações físicas e psíquicas que expressam simbolicamente aquilo que negamos em nós.
O sintoma, então, é o grito de alerta. É ele que nos avisa sobre o estado de desarmonia e a perda do equilíbrio interior e o quanto as nossas forças anímicas estão comprometidas.
Ao dar atenção aos sintomas, a pessoa deve ser coerente consigo mesma, questionar os pontos obscuros que possui acerca da sua própria personalidade e aceitar, conscientemente, as suas verdades internas. Somente neste momento passa a compreender as causas de seu desconforto.
“No entanto, recusando-nos a ouvir ou a entender os sintomas não fará com que desapareçam. Somos constantemente forçados a nos haver com eles. Vamos ousar ouvi-los e estabelecer um contato com eles, pois assim se transformarão em mestres incorruptíveis a nos orientar no caminho da cura verdadeira”. (DETHLEFSEN & DAHLKE, 1998).Onde possa caber o termo cura, esta se configurará sempre associada a uma ampliação da consciência e a um amadurecimento pessoal. Esta é a razão do que podemos afirmar que, sob o paradigma holístico, toda cura corresponde, em essência, a um processo de autocura. Na medida em que isso se processa, o sintoma desaparece, pois passa a ser supérfluo.
Entretanto, é importante observar que dar atenção excessiva ao sintoma é supervalorizar o próprio ego. Por isso, para escutar o que o sintoma tem a nos dizer, devemos agir quase indiferentes a ele, sem desespero, autopiedade ou autovitimização diante daquilo que consideramos anormal.
É importante ressaltar que não se deve tentar suprimir os sintomas, mas assimilar tudo o que for descoberto por meio deles, ressignificando o que for rememorado. A observação deve ser uma constante, pois a autocura do indivíduo somente se processa no nível da consciência.
Deve-se entender que tudo o que causa qualquer espécie de desequilíbrio ou desarmonia é fruto da própria vivência do indivíduo que há muito carrega consigo os desajustes, as insatisfações, a revolta, os sentimentos profundos de incompreensão consigo mesmo, com o outro, com a vida, a cultura e o meio ambiente.
O maior bem que o ser humano poderá fazer a si mesmo é aquele relacionado ao seu autoconhecimento, buscando compreender a sua realidade e deixando cair a máscara das suas ilusões.
Em termos psicossomáticos, o indivíduo vive numa incessante preocupação em compensar as suas deficiências íntimas com algo que o impede de mergulhar no que não quer conhecer de si mesmo e passa a substituí-las por uma série de elementos que prejudicam o seu organismo, ocasionando a fragilidade do seu sistema imunológico. Procura, por diversos meios, o prazer no que lhe possa oferecer a felicidade, porém passageira, artificial, como o uso de drogas (de todos os tipos), os excessos sexuais, os hábitos alimentares prejudiciais e outros artifícios que o impedem de conhecer a si mesmo. A compensação é sempre momentânea, sendo os sintomas psíquicos e físicos a revelação do que queremos esconder.
Deste modo, podemos entender que a doença é a compensação das unilateralidades, a tendência de nossa própria atuação no mundo. A saúde, portanto, só é possível se nos conscientizamos dos aspectos ocultos de nós mesmos e os integrarmos intimamente. O objetivo da doença é fazer com que retornemos à totalidade, porém, de modo consciente. Enquanto estivermos inconscientes, a doença nos compele a permanecer no rumo da permanente busca da totalidade, nos apresentando a mensagem de como ver a realidade sob um prisma holístico. Os sintomas objetivam nos tornar mais honestos, mais autênticos, mais conscientes de nós mesmos.
Segundo Dr. Gabriel Cousens (1995), médico e terapeuta naturalista norte-americano:
"Em última análise, a saúde não depende só da medicina vibracional e, nem tão pouco dos médicos, curandeiros ou sacerdotes. O que importa, na verdade, é as pessoas aprenderem a viver uma vida sadia, na qual haja um trabalho criativo e um equilíbrio de amor e harmonia com todos os níveis do eu, com a família, com a sociedade e com a ecologia do planeta, havendo, assim, um constante processo de reequilíbrio, de cura e de regeneração de nós mesmos”.A saúde se apresenta, portanto, como uma concepção sistêmica da vida, através da qual podemos refletir sobre um novo paradigma do processo de cura e que corresponde, como já observado, de autocura; onde os sintomas e a própria doença passam a ser vistos como um caminho ou um ponto de mutação para a integração do indivíduo consigo mesmo e com o meio exterior e não mais como um mal a ser combatido.
1. A importância da doença para a existência da saúde:
Em relação ao tema doença e saúde podemos compreender que a questão é de polaridade.
A vivência do eu, necessariamente traz consigo a exclusão do não-eu. Neste ponto nasce a polaridade e todas as consequências lógicas dela advindas estão a ela aprisionadas, ou seja, ao se dizer sim a uma situação, automaticamente se diz não a outra. A mente humana, quando afeta unicamente à experiência da polaridade, produz para si mesma os sintomas pertinentes ao polo excluído.
Deste modo, a doença é a polaridade e a saúde é a vitória sobre a polaridade, o que promove a saúde como a reintegração à totalidade do indivíduo consigo mesmo e com o mundo exterior.
Dentro dessa visão, ao se manifestarem os sintomas a personalidade é desafiada a se conscientizar de suas verdades interiores, pois os sintomas são manifestações físicas ou psíquicas que expressam simbolicamente aquilo que é negado em si mesmo.
A ausência da polaridade (doença) é a unidade (saúde). Entretanto, na unidade, não há necessidade de mudanças, não há motivação para o autodesenvolvimento. Paradoxalmente, o ser necessita, para se expressar no mundo exterior e se autodesenvolver no mundo interior, passar pela vivência da polaridade e, dela, realizado, retornar à plenitude, à unidade.
A consciência humana é polarizada, o que, por um lado possibilita a capacidade de autopercepção e, por outro, nos torna imperfeitos e incompletos. Nesse aspecto, um novo conceito se delineia em relação à doença, que passa a ser vista, agora, não mais como um mal em si mesma, mas como um caminho para o autoconhecimento e, deste, para a realização do indivíduo na transcendência da polaridade, como resultante do estado de saúde.
2. Individuação e totalidade:
A individuação é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do Self, a totalidade. Ao longo da vida pode e deve ser buscada, trazendo os conteúdos inconscientes à consciência.
Segundo C. G. Jung, psiquiatra alemão, criador da psicologia analítica:
“Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo, na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir individuação como tornar-se si mesmo ou realização do si mesmo”. (apud FADIMAN & FRAGER, 1986)A individuação, portanto, consiste em um processo de desenvolvimento da totalidade, em um movimento do indivíduo em direção a uma maior liberdade, de retorno e a depender unicamente de si mesmo.
O autoconhecimento conduz o indivíduo à integração dos vários aspectos da sua própria estrutura psíquica, o que faz do si mesmo ou o self, na linguagem analítica, não apenas o centro profundo, mas também a própria totalidade do ser.
Entretanto, a busca pela integração psíquica não é um caminho fácil e agradável, sendo necessário que o ego esteja adequadamente estruturado para suportar as significativas mudanças que ocorrerão e que assim seja suplantado pelo self (o si mesmo). Cada etapa desse processo é acompanhada de dificuldades peculiares, o que se faz importante o acompanhamento terapêutico para a adequada realização da totalidade do ser.
* Artigo escrito em co-autoria: Célia Maria de Azevedo Silva & Wiliam Wagner Silva Sarandy.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Wiliam Wagner Silva Sarandy O meu propósito é apoiar as pessoas a desenvolverem seus potenciais interiores, vivenciarem melhores relações interpessoais e promoverem suas competências de comunicação e liderança, utilizando as mais modernas metodologias, estratégias e ferramentas para que também possam realizar seus propósitos e alcançar suas metas pessoais e profissionais. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |