OS TRÂNSITOS DE VÉNUS E...AS HORTÊNSIAS
Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/1/2004 1:10:23 AM
OS TRÂNSITOS DE VÉNUS E...AS HORTÊNSIAS,por Alcaria Rego
(PRÓXIMO TRÂNSITO EM 08/06/2004)
O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Aparentemente, nada, mas veremos a seguir que não é bem assim. São bem conhecidos os “azares” dos astrónomos, mas poucos terão tido consequências semelhantes às do astrónomo Guilhaume Le Gentil, por causa dos trânsitos de Vénus ocorridos em 1761 e 1769.
Na condição de astrónomo do Observatório de Paris, foi enviado pela Academia de Ciências para a Índia, um dos locais de onde era possível fazer as observações. Pretendia-se recolher dados para, segundo um método inventado por Halley, fazer novos cálculos para medição mais precisa das dimensões do sistema solar. As dificuldades da viagem, ao sabor da existência ou não de ventos que “empurrassem” os navios de então, e a guerra existente nessa época entre franceses e ingleses, fizeram Le Gentil “perder” o trânsito de “61”.
Quando este ocorreu, o astrónomo ainda não tinha conseguido desembarcar, e as observações que fez a partir do barco não tinham o rigor de cronometragem e localização suficientes para os fins pretendidos. Disposto a cumprir a missão para que tinha sido designado, Le Gentil decide permanecer na India até ao trânsito seguinte (1769).
Estuda a região, procura o suposto melhor local, constrói um observatório e aprende a língua do país, preparando-se assim o melhor possível para que nada falhe em “69”.
No dia do trânsito, embora as regiões em volta estivessem com bom tempo, na região escolhida para o observatório o céu esteve nublado durante “todo o trânsito”, impedindo assim qualquer hipótese de trabalho útil.
Desesperado, desiludido e doente, Le Gentil deixou-se ficar por lá, deixando de enviar noticias para a Europa durante anos.
Mas em 1771, Le Gentil decide regressar, para vir a descobrir que já tinha sido dado como morto. Uma enorme “batalha” judicial para reaver os seus bens, levaram-lhe as últimas economias sem resultados favoráveis.
De toda esta história com um fim pouco feliz, apenas restou uma coisa :
Uma flor desconhecida na Europa, trazida da Índia por Le Gentil, e que este baptizou de “Pautia” por a ter dedicado e oferecido à sua colega e amiga Nicole Hortense Lepaute calculadora do Observatório de Paris. Mas esta flor acabaria por ficar conhecida, de facto, por “Hortênsia”, a única coisa que se salvou do grande azar do astrónomo Le Gentil.
www.apaa.online.pt/planetas/venus/TV2004
Bibliografia : - Newton et la mécanique céleste, de Jan-Pierre Maury
- Internet
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