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Os Três Caminhos

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Autor Marcos Spagnuolo Souza

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 3/16/2008 11:09:01 PM


Lendo a Genealogia da Moral escrito por Nietzsche deparamos que desde os primórdios da civilização existem duas classes distintas que lutam pelo poder filosófico, ideológico, político e elaboração do senso comum. As duas classes são as dos guerreiros e a dos sacerdotes. Os guerreiros formam a classe dos aristocratas sendo hoje representada pelos burgueses e a classe dos sacerdotes representada atualmente pelos religiosos. As duas classes querem dominar o povo para se manterem no poder.

A filosofia dos guerreiros é a busca da felicidade material, corpo vigoroso e ativo. Não busca uma felicidade artificial e sim real, uma felicidade para o corpo através dos sentidos físicos. A moral da aristocracia funde-se numa boa musculatura, numa saúde florescente e no que para isto contribui: a guerra, as aventuras, a caça, a dança, os jogos e exercícios físicos e em geral tudo o que implica uma atividade robusta, livre e alegre. Os guerreiros entre os seus iguais se pautam pelo respeito, gratidão, fidelidade cavalheiresca e amizade. Quando saem do círculo da sua classe são feras em liberdade, monstruosos triunfadores capazes de uma terrível série de assassinatos, de incêndios e de violações com orgulho e serenidade. Nos guerreiros é impossível não reconhecer a fera; o bruto em busca de presa; este fundo de bestialidade está presente em toda aristocracia, seja ela romana, árabe, germânica ou japonesa, heróis homéricos, “vikings” escandinavos, todos são iguais a este respeito. Todas as raças nobres deixaram vestígios de barbárie à sua passagem; em todas as culturas conservam suas recordações. Os guerreiros do século XX são as pessoas associadas com a manutenção do capitalismo sedimentado na tecnologia, ciência, exploração dos operários, busca do lucro e no materialismo. Dizem que o futuro da humanidade consiste no domínio absoluto dos valores aristocráticos, dos valores guerreiros.

A filosofia dos sacerdotes é oposta a dos guerreiros: a busca de uma felicidade fundamentada no sonho, no repouso, na paz, na passividade. É a busca dos mistérios. A lógica dos sacerdotes fundamenta-se que só os desgraçados são bons; os pobres, os impotentes, os pequenos, os sofredores, os necessitados, os enfermos. Os destituídos são os benditos de Deus; só a eles pertencerá a bem-aventurança; pelo contrário, os nobres e poderosos são, por toda a eternidade, os maus, os cruéis, os cobiçosos, os insaciáveis, os ímpios, os réprobos, os malditos, os condenados. A bondade para a classe sacerdotal é o ato de não injuriar ninguém, nem ofender, nem atacar, nem usar de represália, deixando tudo aos cuidados de Deus. Vivem evitando a tentação e espera pouco da vida. São pacientes, humildes e justos. A pomposa paciência tomou o pomposo título de virtude, como se a fraqueza do fraco fosse um ato livre voluntário, meritório. Aqui a impotência é chamada de bondade, a baixeza de humildade, a covardia denominada de obediência unicamente a Deus. A covardia, que está sempre à porta do fraco, toma aqui um nome muito sonoro e chama-se “paciência”. O ato de não poder vingar chama-se “perdão das ofensas” e repetem que os aristocratas não sabem o que fazem. Pretendem que Deus venha distingui-los. Para merecerem o reino eterno devem viver para além da morte; é necessária a vida eterna para indenizar-se no “reino de Deus”. É necessária uma existência terrena, passada na fé, na esperança e na caridade.

Atualmente a luta entre guerreiros e sacerdotes continua com variado êxito. A luta fez-se cada vez mais sangrenta. O símbolo desta luta, traçado em caracteres legíveis no cume da história da humanidade é “Guerreiro contra sacerdotes, sacerdotes contra guerreiros”. Até o dia de hoje não houve acontecimento mais notável do que esta luta, esta discussão, este conflito mortal. Os dois valores opostos “bom e mau para os guerreiros”, “bem e mal para os sacerdotes”, estão sendo mantidos durante milhares de anos em combate terrível. A história nos mostra que tanto os guerreiros e os sacerdotes praticaram todos os tipos de crueldades possíveis contra homens e mulheres. A história deles é escrita com sangue humano.

Lendo o que Nietzsche escreveu tomamos consciência que somos utilizados em alguns momentos históricos pelos guerreiros e em outros momentos pelos religiosos. Ficamos impotentes entre as duas forças imensuráveis que controlam os nossos destinos, nossas visões de mundo elaborando nossa moral e logicamente a nossa conduta. Matamos em nome dos guerreiros ou em nome dos sacerdotes.

A impotência diante dos guerreiros e sacerdotes é transcendida quando seguimos o caminho da filosofia, quando nos transmutamos em místicos elaborando nossa própria visão de mundo baseando-se em nossa ampliação de consciência. Quando deixamos de ser heteronômicos (seguir o discurso do outro) para sermos rizomáticos (elaboramos o nosso próprio discurso com base em nossas próprias experiências). O caminho do místico ou filósofo é a trilha do autoconhecimento, expansão da consciência além dos limites objetivos. O caminho do místico possui por meta a união da nossa consciência individual com a consciência de Deus. É saber que o espaço e tempo são realidades da consciência dimensionada ao corpo físico, sendo que a partir do momento em que a consciência se expande torna-se realidade o campo de entropia nula onde não existe passado, presente, futuro e o espaço desaparece. O objetivo da consciência é perceber outros campos vibratórios ou outras dimensões chegando absorver a própria consciência divina. O caminho que transcende ao do guerreiro e do sacerdote é caracterizado pela inexistência dos templos, mensageiros, mestres, plantas de poderes, orações, mantras músicas e danças inebriantes. È o caminho onde cada consciência encontra o seu próprio caminhar. O místico penetra sozinho em outro universo representado pelo nada, pelo vazio por ser totalmente diferente de tudo que conhecemos pela consciência centrada nos sentidos do corpo físico.


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