Pane Mental!
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/20/2013 11:08:27 AM
A pessoa chegou angustiada. Sua expressão transmitia uma grande dor interna. Ela me relatou o seguinte:
“Cheguei em casa por volta de onze horas da manhã. Saí para pagar umas contas e passei no supermercado para comprar uma lâmpada para o meu abajur e algumas coisinhas mais. Deixei as compras sobre a mesa da cozinha e fui ver se tinha e-mails novos na minha caixa postal. Mal comecei a olhá-los e acabou a energia elétrica. Eu tinha conhecimento de que faltaria energia, pois a empresa responsável já havia me comunicado por carta. Aproveitei, então, para trocar a lâmpada do abajur, a que eu havia comprado. Liguei o interruptor para me certificar de que havia dado certo. Não acendeu. Aproveitei que tinha tempo, pois estava faltando energia, e levei o abajur para a cozinha, onde o desmontei e verifiquei os fios. Estavam bem colocados. Abri o interruptor e também estava tudo correto. Fui ao banheiro, tirei a lâmpada que fica sobre o espelho e coloquei no abajur, mas também não acendeu. Voltei a lâmpada para o banheiro, tentei acendê-la e só então me dei conta de que faltava energia”.
Este relato foi feito sob o peso de uma forte pressão no peito. A pessoa falava baixo, como se estivesse sem forças. Estava se sentindo a “última das últimas”, considerava inadmissível não perceber que estava tentando fazer algo que não seria possível: trocar a lâmpada do abajur, já que por falta de energia não poderia trabalhar. E pior: ignorar o fato (a falta de energia) e insistir em acender uma lâmpada. Esta pessoa está na casa dos quarenta e cinco anos.
É como se o nosso cérebro se desconectasse e ignorasse completamente determinada informação. Outros relatos referem-se a “brancos”, rápidos apagões mentais, que nos surpreendem pelo “vazio cerebral” provocado.
Quando tais fatos começam a chamar a atenção, buscam-se formas externas de resolver o que passa a ser visto como um problema. Quais os comprimidos que melhoram a memória? Que comidas poderão ser ingeridas para suprir as deficiências? E assim por diante. Tudo válido, se as pessoas olhassem também para a maneira como estão vivendo, para o acúmulo de informações e preocupações a que estão se submetendo e para o quanto não estão mais habituadas a pensar com racionalidade.
Na psicologia, é chamada de cognição a capacidade de pensar, de processar informações. Mas só o que se tem feito é “despejá-las”, misturá-las e triturá-las, como pedaços de frutas em um “liquidificador”, o que é extremamente danoso para a nossa capacidade de armazenamento de informações.
Algumas pessoas dizem: “Não me lembro nem o que comi ontem no almoço.” Embora isso seja estranho, é natural, se observarmos como essas pessoas almoçam: com o celular ativo, discutindo problemas com o colega de trabalho; “engolindo”, pela falta de tempo, e assim por diante. Não dá para se lembrarem mesmo, pois não estavam, “presentes” à refeição. Porém, recordam-se, e muito bem, da feijoada, da peixada, da macarronada, ou de qualquer outro prato que tenha sido degustado com prazer e tranquilidade. Houve tempo, atenção e significado para que as informações recebidas fossem processadas e devidamente arquivadas.
Com a rapidez em que as coisas acontecem, com o volume de informações simultâneas que as pessoas recebem, a quantidade de itens a serem tratados e resolvidos, é mesmo impossível que se tenha memória para lembrar de tudo.
Não há mais concentração no que se faz. As atividades se sobrepõem. Falta de concentração é dispersão, é a pulverização da atenção com desvio do foco, que deveria ser o principal. Portanto, as panes mentais, que alguns chamam de “esquecimentos”, estão acontecendo porque, na verdade, eles não foram gravados. Consequentemente, não poderão ser lembrados. Fazer com calma não significa fazer lentamente, mas com atenção e dedicação. Quando isso ocorre, raramente acontecerá o esquecimento. Não se sobrecarregar, apaziguar a agitação mental, reaprender a pensar, refletir, são atitudes que minimizarão esta ocorrência.
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