Para todos aqueles que perderam uma pessoa querida
Atualizado dia 23/07/2021 16:36:53 em Autoconhecimentopor Patricia M. Barros
Cheryl escreveu sobre o seu processo de luto depois do falecimento de sua mãe. Foi um processo de luto muito difícil... Ela passou por uma fase autodestrutiva e acabou decidindo fazer uma trilha de longa distância. Este foi o seu modo de buscar a paz. Foi como uma peregrinação e, durante a jornada, Cheryl enfrentou certos estágios do processo do luto: a dor, a raiva. As outras fases do processo são a negação, a negociação e a aceitação. Cheryl acabou chegando à aceitação e continuou com a sua vida... Ela se casou e constituiu uma família.
Além deste processo, muitas pessoas precisam lidar com outras questões, tais como perdoar-se e/ ou perdoar a pessoa que se foi, resolvendo assim questões mal resolvidas do relacionamento, lidar com a culpa por estar vivo (a) e por buscar a felicidade... Não consigo imaginar como deve ser difícil o processo para quem decide perdoar a(s) pessoa(s) que causaram uma tragédia... Para quem quer aprofundar-se sobre o tema do perdão indico "O livro do perdão", de Desmond Tutu e Mpho Tutu, e o artigo: "Caminhos que levam ao perdão".
Em momentos difíceis, a fé pode trazer consolo. Eu tenho fé em Deus e acredito que a Vida não acaba com a nossa passagem por este planeta. Certa vez, eu estava triste, sem esperança e senti a presença da minha avó Conceição, na época já falecida. Ela estava me transmitido uma energia muito boa, confortante... Passei por outras experiências parecidas e este é um dos motivos que me leva a ter fé. Tratei do tema de forma um pouco mais aprofundada no artigo: "Porque acredito em Deus/ Nós nunca estamos desamparados!"
Há algum tempo fui a um bate papo com o escritor Walter Hugo Mãe. Na ocasião, ele disse que certas pessoas queridas não vão embora, ficam no amor. Esta é uma verdade. O amor é eterno. O que aconteceu uma vez terá acontecido para sempre. Depois de lidar com a tristeza e a revolta, é possível que fique uma saudade boa (as boas lembranças, que podemos guardar no coração como um tesouro) e a gratidão pelo fato de que pessoas maravilhosas passaram por nossas vidas. Eu, por exemplo, tive duas avós incríveis, Maria e Conceição. Morei com a minha avó Maria durante alguns anos. Ela era um anjo, uma pessoa linda, fazia tudo com amor, me amou incondicionalmente quando eu ainda não tinha aprendido a amar a mim mesma... Vó querida, minha eterna gratidão e meu amor... Para vocês, pessoas amadas que se foram, quero transmitir o meu amor, luz e paz...
A vida surpreende... Pessoas que enfrentaram grandes tragédias acabam reconstruindo suas vidas. É surpreendente a capacidade de resiliência de um ser humano. Madonna Badger perdeu a sua família em um incêndio. Ela passou por algumas clínicas psiquiátricas e um médico acabou lhe ensinando algo precioso. Ele disse que as conexões entre ela e seus familiares haviam sido rompidas abruptamente e ela estava com seus nervos emocionais expostos. Mas com o tempo e estando aberta para o amor de outras pessoas (estando aberta para a vida...) ela desenvolveria novamente "pele emocional" sobre aqueles nervos. Aliás, o amor é a maior força curativa que existe. E Madonna foi se recuperando. Ela passou por muitas dificuldades e o sofrimento nunca foi totalmente embora, mas aprendeu a conviver com a dor e sente a presença de suas três filhas que se foram, o que lhe traz muito conforto. Madonna conseguiu, de alguma maneira, seguir com a sua vida e casou-se com um antigo amigo. (Resiliência - Madonna Badger Ted Talk https://www.youtube.com/watch?v=uwGUYG2BQ78 )
Há uma história budista que trata da questão do luto. Uma mãe que havia perdido o seu filho procurou um monge budista e lhe contou sobre a sua dor. O monge então pediu que ela visitasse várias casas e perguntasse se as pessoas de cada casa haviam passado por uma experiência parecida. Em todas as casas pelas quais ela passou as pessoas haviam perdido entes queridos. Esta é uma experiência que faz parte da vida. Só não sofre perdas quem vive muito pouco...
É preciso ficar atento quando o processo de luto se estende no tempo. Se o luto durar mais de um ano talvez seja o caso de procurar ajuda terapêutica, pois a pessoa enlutada pode estar enfrentando uma depressão. Mas a psicoterapia sempre ajuda e não é preciso esperar tanto tempo para procurar um(a) psicológo(a).
Pode ser que durante o processo de luto surja um sentimento pesado de vazio, tristeza, apatia, a sensação de que a vida perdeu suas cores e a ideia inconsciente de que não seria "correto" voltar a ser feliz. Mas se estamos vivos isto quer dizer que um Poder Superior nos quer aqui e esta energia é alegria, vida e amor. Então em um determinado momento chega a hora de nos abrirmos novamente para a Vida. Mas é necessário respeitar o processo. Há o momento de sentir tristeza, raiva ou saudade (A saudade sempre volta... Mas, como já comentei, é possível que fique a saudade boa...) e também há o momento de deixar que estes sentimentos se vão... Então nós, que ficamos neste planeta, podemos chegar à aceitação.
Acabei de escrever um pouco sobre o luto, mas isto não quer dizer que eu já tenha passado por todo o processo. Não, sou apenas uma peregrina. O caminho é longo e difícil, como foi o de Chery Strayed. É preciso atravessar desertos (o vazio, a revolta ardente...), escalar pedras imensas e pontiagudas, enfrentar precipícios, caminhar por paisagens gélidas (a dor...). Não há atalhos, o processo talvez seja uma espiral... Mas é claro que é possível chegar à paz...
Muita luz, amor e paz para todos nós!
Texto Revisado
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Conteúdo desenvolvido por: Patricia M. Barros Sou jornalista e advogada. Atualmente sou funcionária pública e estudante de psicologia e psicanálise. Sempre me interessei por questões que envolvem comportamento e o desenvolvimento pessoal. Espero contribuir um pouco para o bem-estar e felicidade de algumas pessoas! E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |