PARASHAT BECHUKOTAI
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Autor Mauro Seiner
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/2/2005 10:30:51 AM
Como já sustentei em outros artigos, o Judaísmo veio com um manual de bem viver. Isso não quer dizer que não teremos problemas se fizermos tudo que o manual nos diz e sim, que teremos uma vida melhor, pois os problemas, muitos deles, servem para crescermos nessa existência e a Parashat Bechukotai é uma das Parashot que comenta sobre os benefícios que teremos por cumprir alguns desses princípios. Então, na porção semanal, é dedicada ao tema da recompensa e da punição.
O Altíssimo promete abundância de bondade e bênçãos em troca da preservação da Torá (Bíblia dos Judeus, manual de bem viver para todos os povos; como já expliquei anteriormente a Torá não deve ser cumprida só por judeus, mas é importante para todas as pessoas que querem viver melhor) e das suas Mitzvót (boas ações), mas continua com um sinal de advertência às conseqüências negativas pela atitude oposta.
Na recompensa pelas boas ações enfatiza-se fortemente não só ter a abundância material mas também ter uma vida melhor: chuvas, sustento, vitórias em guerras, expulsão de animais perigosos (entende-se perigos reais), paz e tranqüilidade, etc.
O essencial para uma recompensa completa não é o bem, as vantagens espirituais ou até mesmo as materiais. Ensina o “Pirkei Avot”: “Não sejam como servos que servem o Mestre para receber uma recompensa”. Porque, então, tanta ênfase na recompensa material ao cumprimento das Mitzvót (boas ações)? Com isso os sábios explicam que não devemos servir a Deus para obtermos somente recompensas (poderemos nos reportar ao texto que já escrevi sobre a diferença entre uma pessoa comum e uma pessoa sábia).
Uma pergunta mais significativa surge quando a Torá descreve a abundância material que haverá a partir da redenção. Diz o Midrash que no mesmo dia em que a semente for plantada ela brotará e formará o fruto; até as árvores silvestres darão frutos; o sabor da árvore será tão bom quanto o do fruto e outras tantas maravilhas acontecerão no mundo material.
Eis que, quando da redenção, acontecerá uma enorme revelação divina, sobre o que Maimônides comenta: “Não haverá ocupação em todo o mundo, somente o conhecimento de Hashem (Deus)”, e as “delícias” terão o aspecto de “pó”. Numa situação espiritual elevada como esta a abundância material deixará de ter importância; será apenas um meio que possibilitará as pessoas serem “liberadas na Torá e na sabedoria”. Então, insisto: porque os sábios se estenderam tanto ao descrever a abundância material no mundo vindouro?
É que justamente a abundância material é o que melhor expressa a grandeza da Torá e suas Mitzvót. Isso acontece porque, apesar de sermos seres espirituais, vivemos em um mundo material e Deus sabe disso; seria uma loucura dizer que não devemos usufruir dos bens materiais; eles estão aí justamente para aproveitarmos de forma consciente.
Sobre a Torá diz-se que é a “nossa vida e a prolongação dos nossos dias”. Isto significa que a Torá é um resumo da vida de uma pessoa e, por conseqüência, também de todo o mundo. A abundância na Torá se estenderá a outras áreas, incluindo até os aspectos materiais mais inferiores da vida.
Hoje em dia consegue-se suprir as necessidades materiais apenas com esforço e trabalho e muito tempo é exigido até que se vejam os frutos deste empenho. Isto assim ocorre porque, no momento, o mundo físico não é um recipiente para a abundância espiritual da Torá e suas Mitzvót. Porém, quando vier a redenção e o mundo se refinar, ele se tornará um recipiente para a abundância espiritual em todas as áreas, incluindo a espiritual.
A recompensa à preservação da Torá e ao cumprimento de suas Mitzvót com benefícios materiais simboliza ser esta uma síntese da vida. Quando há um despertar na vida interior de uma pessoa a alegria não se resume somente à área espiritual, mas se expande pelo corpo até chegar aos pés que se elevam em alegre dança. Mas todas estas benesses só virão quando os judeus seguirem o caminho da Torá e das Mitzvót e a força integral da Torá só virá com a redenção, como descreveram os nossos sábios.
Este texto foi escrito por MAURO SEINER e passa um conhecimento milenar sobre o Judaísmo pouco conhecido pelas pessoas, mostrando como viver com sabedoria e demonstrando que o Judaísmo contém um manual de bem viver e é importante para todas as pessoas que pretendem ter um caminho.
Baseado no “Likutei Sichot” , Vol.37, do Rebe de Lubavitch
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 6
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