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PAULICÉIA: SINÔNIMO DE DESVARIO OU PARAÍSO?

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Autor GUIMARÃES ORTEGA

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 16/03/2009 17:43:50


Existe no Estado de São Paulo uma cidade quase desconhecida chamada Paulicéia, que fica à beira do Rio Paraná no centro oeste do Estado, a cerca de 670 km da Capital. É uma cidade bucólica, tranqüila e pacata, onde vivem cerca de 4.270 habitantes, a maioria na zona rural. Bem diferente da outra Paulicéia, como é chamada a grande São Paulo, bastante conhecida de todos os brasileiros e pelo mundo afora. É a Paulicéia desvairada que assusta e amedronta quem não a conhece in loco, ao mesmo tempo em que apaixona e fascina.
Quem chega a São Paulo se espanta logo de cara com o trânsito. São quilômetros e quilômetros de congestionamento, muito pior ao vivo do que o caos apresentado pela televisão. Suponhamos então que o visitante seja um habitante da pequena Paulicéia, e que nunca esteve na capital. Chega de ônibus às 18 horas e encara um táxi até o hotel, no centro da cidade. Já no terminal irá ficar boquiaberto com sua grandiosidade. No trânsito, enquanto enfrenta pelo menos duas horas praticamente parado (o taxímetro rodando e deixando-o cada vez mais pobre) e rodeado de carros, caminhões e ônibus, estará ouvindo a trilha sonora da cidade: o ronco dos motores, as buzinas, mas principalmente as sirenes. Quando não são as viaturas policiais, são ambulâncias que tentam abrir caminho em meio ao engarrafamento, talvez transportando alguém muito doente ou tremendamente machucado. As pessoas em volta parecem nem se importar com as sirenes, mas para o visitante elas são sinônimo de tragédia.
A mesma situação no trânsito se repete a qualquer hora, inclusive de madrugada, o que pode até tirar o sono do nosso visitante. Mas ele acaba descobrindo que existe uma alternativa perfeita para o problema do trânsito: o metrô. É um transporte eficiente, seguro, rápido e muito bem sinalizado. Pena que não atende todas as regiões da capital. Mas mesmo com as limitações de sua abrangência, o que seria de São Paulo sem esse trem quase que totalmente subterrâneo? Depois de usar o metrô, nosso visitante não consegue nem imaginar. Seria o caos dentro do caos, observa.
Nos vagões do metrô é possível ver com mais apuro a cara do povo paulistano. Percebe-se o estresse estampado na face dos jovens, dos velhos, adultos e até crianças. A cidade acaba ditando alguns comportamentos meio estranhos. Por exemplo, na escada rolante do metrô nosso capiau do interior pode ver pessoas caminhando, subindo a escada. “Ué – pensa nosso visitante – as pessoas não sabem que a escada rola e leva até o destino? Se sabem, porque continuam caminhando e subindo a escada?” Difícil entender o povo da metrópole.
Pelas ruas ele poderá admirar a mistura de raças que existe em São Paulo. Tem de tudo: branco, negro, sulista, nordestino, nortista, gente de outros paises. E principalmente muitos orientais e seus descendentes. Todos “japorongas” de olhinhos puxados e muito parecidos entre si. Difícil distinguir a origem, se do Japão, Coréia, China. Então acabam todos sendo simplesmente “japas” em alusão à colônia japonesa, a maior de São Paulo entre os orientais.
Nosso visitante começa a passear pela cidade, e encontra na rua 25 de Março um atrativo a mais para deixar muitos reais. Afinal, na sua Paulicéia praticamente não existe comércio, principalmente com os preços convidativos da maior rua comercial do país. Não se encanta com os parques, afinal tem na natureza pura de sua cidade os encantos que não foram criados pelo homem. Entretanto, fica admirado pela grandeza do Ibirapuera, mas prefere o rio Paraná e suas matas ribeirinhas, ainda naturais.
À noite sente a publicidade agressiva da cidade saltar aos olhos, e acaba extasiado. Como a cidade fica bonita! São Paulo é um mundo de luzes, cores, brilho, anunciando um cardápio delicioso de gastronomia, comportamento e cultura. Uma verdadeira delícia. Mas é em um determinado lugar que o nosso visitante sente orgulho de sua terra: na Avenida Paulista. Centro financeiro da capital e do país, nem por sonho se comprara à Avenida Paulista da sua pequena Paulicéia.

A Paulicéia da grande Avenida Paulista.
A Avenida Paulista de São Paulo é pequena (pouco mais de um quilômetro), estreita (na ótica do nosso visitante), cheia de prédios modernos, possui um museu maravilhoso e um parque muito bonito (embora preso entre grades), é futurista e tem um trânsito de arrepiar. Pessoas indo e vindo, muito barulho, homens de terno e mulheres lindas vestidas para o trabalho. Só se fala em dinheiro e tudo gira em torno das finanças. O centro do caos da grande metrópole. Já a Avenida Paulista da pequena Paulicéia é totalmente o inverso. Única avenida da cidade tem quase cem metros de largura – um exagero – e cerca de 5 quilômetros de extensão (infinitamente maior que a avenida paulistana), considerando todo o percurso da entrada da cidade até a barranca do rio. Um despropósito para uma cidade com tão poucos habitantes. Mas tem uma vantagem e um grande mérito: é única, inigualável, tem vista para um rio maravilhoso e nunca vai ficar congestionada ou sufocada com a movimentação de veículos ou transeuntes. O trânsito? Bem...Não acontece nem congestionamento de carroça. Em alguns momentos o movimento é simplesmente nulo, sem qualquer veículo transitando. E a quantidade de pessoas que por ela transitam é simplesmente ridícula, um ou dois por quarteirão (compridos, enormes) nos momentos de “pico”.
Paulicéia é uma vila sossegada, que sobrevive em função da agricultura e da pesca. Seus moradores têm o privilegio de viver em um mundo alheio ao burburinho da grande metrópole, ao agito da Paulicéia desvairada e alucinada. Tem na tranqüilidade da pequena cidade a qualidade de vida que o paulistano sempre buscou, mas não consegue encontrar em função do absurdo que é viver em uma cidade agitada, confusa e com milhões de habitantes.
A Paulicéia desvairada é apaixonante, mas ao mesmo tempo amedronta e sufoca. Por outro lado a pequena Paulicéia também é apaixonante, mas chega até a ser tediosa para o cidadão acostumado com o agito da metrópole. Os apostos se atraem, e as vantagens são inúmeras tanto de uma como de outra. Mas para o visitante da desvairada Paulicéia só existe uma conclusão. Por mais vantagens que encontre na maior cidade do país, nada vai ser melhor que a sua pacata e tranqüila Paulicéia, que possui uma das maiores e mais largas avenidas do estado e provavelmente do país, e fica à beira de um rio com cerca de 1700 metros de largura. Nada a ver com o poluído Tietê.
Com cavalos, burros e carroças passeando tranqüilamente pela Avenida Paulista e muitos ranchos e clubes de pesca à beira do rio, com pessoas andando sossegadas pelas ruas e sem o barulho da grande capital, Paulicéia é um verdadeiro paraíso. Muito diferente de sua irmã que usa seu nome como apelido. Totalmente desvairada e louca, São Paulo vai buscar na Paulicéia a alternativa para um novo modo de vida. E apesar de todas as vantagens da grande Paulicéia, o caipora interiorano tem a absoluta certeza que sempre irá preferir a sua pequena Paulicéia. Ninguém vai conseguir tirá-lo de sua Avenida Paulista, de seu grande rio, da sua natureza calma e verdadeira, e principalmente de seu pequeno paraíso.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor GUIMARÃES ORTEGA   
Escritor, jornalista, com nove obras escritas e cinco publicadas. Veja no item "produtos".
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