Perceber o momento de reagir
Atualizado dia 6/20/2007 8:59:24 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Somos seres cuja formação psíquica equilibrada depende do principal "alimento" que podemos fornecer a uma criança. Sem o amor devidamente dispensado na fase infantil, formaremos adultos inseguros, imaturos e com sérias dificuldades de relacionamento na vida.
Na prática da psicanálise clínica, tenho observado, através da leitura do que o paciente quer dizer nas "entrelinhas" de suas verbalizações na associação livre, a sua fixação na fase infantil. Geralmente, sentimentos arcaicos resultantes de uma fome de amor reprimida na tenra idade e que transforma-se com o passar do tempo
em depressão, fobia, TOC ou pânico, entre outras.
A "doença" gerada por sentimentos não resolvidos na infância, significa a nossa incapacidade - por falta de exercício - em lidarmos na dinâmica de nossas vidas de adultos com esse elemento tão importante chamado amor, combustível que abastece o crescimento pessoal e consciencial.
Vera sentia-se incomodada pelo fato de eventualmente ter que hospedar em seu apartamento, parentes de seu marido. Até a sua própria mãe a perturbava se demorasse além do previsto. Nas entrelinhas, ao sentir-se assim, Vera deixava exposta a sua fixação na fase infantil, quando disputava o amor do pai ausente com as suas irmãs. E o sentimento de ciúmes ainda é o que a "incomoda", à medida que inconscientemente, vê-se obrigada a disputar com os hóspedes a atenção do marido-pai.
Quando sentimo-nos desequilibrados, rotulados como "doentes" e aceitamos essa condição sem reagir, é porque nos conformamos e deixamo-nos envolver pelo sentimento de vitimização como conseqüência de uma situação imposta à qual consideramos "destino". E, a partir do conformismo cristalizado, tornamo-nos dependentes da sintonia chamada "doença" e, como decorrência, da provável dependência química.
Mas, se ao contrário, quando percebemos o momento e reagimos à situação imposta por uma circunstância do nosso passado, procurando auxílio terapêutico antes que os sintomas iniciais se transformem em doença, ou seja, cronifique, é porque ainda temos a lucidez necessária em não concordarmos com o papel de vítima prisioneira de um estado de coisas.
O risco maior, em muitos casos, não é a doença em si, e sim o ganho secundário que ela pode proporcionar: Vera tinha a percepção do momento de querer libertar-se. No entanto, a sua resistência a essa libertação, representada por um paradoxo em que por um lado sentia-se prisioneira de uma situação e por outro lado compensada e gratificada pelo suprimento que o marido-pai lhe fornecia: sua presença física, segurança financeira, mesada, etc., que de certa forma preenchia o seu histórico vazio de amor, mas ofuscava a sua lucidez, terminava por nublar a sua visão no sentido de, conscientemente, desejar assumir o comando de sua vida através de uma perspectiva madura.
E assim muitos ficam e permanecem em tratamento por um tempo indeterminado, até adquirirem a segurança psicológica necessária em relação a importantes tomadas de decisões em suas vidas. Outros, embora sintam-se aprisionados pelos sintomas iniciais da futura doença, desistem do tratamento porque, inconscientemente, preferem seguir suas vidas na dependência do ganho secundário em doses homeopáticas de amor do marido-pai ou da esposa-mãe.
Observação: o verdadeiro nome da pessoa foi preservado.
Psicanalista Clínico e Interdimensional
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Texto revisado por: Cris
Avaliação: 5 | Votos: 8
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |