PERDÃO
Atualizado dia 9/18/2006 10:39:18 PM em Autoconhecimentopor Rafaela Maués
Per. 332: Perdoar e não perdoar significa absolver e condenar?
R. Nas mais expressivas lições de Jesus, não existem, propriamente, as condições implícitas ao sofrimento eterno, como quiseram os inventores de um inferno mitológico.
Os ensinamentos evangélicos referem-se ao perdão ou à sua ausência.
Que se faz ao mau devedor a quem já se tolerou muitas vezes? Não havendo mais solução para as dívidas que se multiplicam, esse homem é obrigado a pagar. É o que verifica com as almas humanas, cujos débitos, no tribunal da justiça divina, são resgatados nas reencarnações, de cujo círculo vicioso poderão afastar-se, cedo ou tarde, pelo esforço no trabalho e boa vontade no pagamento.
Per. 333: Na lei divina, há perdão sem arrependimento?
R. A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as criaturas do Universo ilimitado.
A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito deseja regenerar-se e renovar seu valores íntimos pelo esforço nos trabalhos santificantes.
Eis porque a boa-vontade de cada um é sempre o arrependimento que a Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual.
Per. 334: Antes de perdoarmos alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?
R. Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas.
Per. 335: Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?
R. O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige reconhecimento de qualquer natureza.
Per. 336: O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por determinadas provas?
R. A oportunidade de resgatar a culpa já constitui, em si mesma, um ato de misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz maravilhosa da vida.
Estendendo, todavia, a questão à generalidade das provas, devemos concluir ainda, com o ensinamento de Jesus, que "o amor cobre a multidão de pecados", traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula as exigências da lei de talião, dentro do Universo infinito.
Per. 337: "Concilia-te depressa com o teu adversário". - Essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
R. Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no coração.
Per. 338: Por que teria Jesus aconselhado a perdoar "setenta vezes sete"?
R. A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e aquele que sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode também errar setenta vezes sete.
Per. 339: Em se falando de perdão, poderemos ser esclarecidos quanto à natureza do ódio?
R. O ódio pode traduzir-se nas chamadas aversões instintivas, dentro das quais há muito de animalidade, que cada homem alijará de si, com os valores da auto-educação, a afim de que o seu entendimento seja elevado a uma condição superior.
Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. As grandes expressões afetivas convertidas nas paixões desorientadas, sem compreensão legítima do amor sublime, incendeiam-se no íntimo, por vezes, no instante das tempestades morais da vida, deixando atrás de si as expressões amargas do ódio, como carvões que enegrecem a alma.
Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um plano superior de compreensão, de modo a que jamais as energias afetivas se convertam em forças destruidoras do coração.
Per. 340: Perdão e esquecimento devem significar e mesma coisa?
R. Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta de seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância.
Aliás, a própria lei da reencarnação no ensina que só o esquecimento do passado pode preparar a alvorada da redenção.
Per. 341: Os Espíritos de nossa convivência, na Terra, e que partem para o Além sem experimentar a luz do perdão, podem sofrer com as nossas opiniões acusatórias, relativamente aos atos de sua vida?
R. A entidade desencarnada muito sofre com o juízo ingrato ou precipitado que, a seu respeito, se formula no mundo.
Imaginai-vos recebendo o julgamento de um irmão de humanidade e avaliai como desejaríeis a lembrança daquilo que possuís de bom, a fim de que o mal não prevaleça em vossa estrada, sufocando-vos as melhores esperanças de regeneração.
Em lembrando aquele que vos precedeu no túmulo, tende compaixão dos que erraram e sede fraternos.
Rememorar o bem é dar vida à felicidade. Esquecer o erro é exterminar o mal. Além de tudo, não devemos esquecer de que seremos julgados pela mesma medida com que julgarmos.
EMMANUEL
(O CONSOLADOR, Per. 332 à 341: Perdão, F C Xavier, FEB)
Texto revisado por: Cris
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