Permita a liberdade!
Atualizado dia 11/12/2014 9:29:37 PM em Autoconhecimentopor Leandro José Severgnini
O ser humano anseia por liberdade. Equivocando-se sobre a verdadeira natureza da liberdade, procura agir segundo seus impulsos de modo desmedido e inconsequente. Entende que a fonte de aprisionamentos seja externa e não interna e, portanto, deveria libertar-se de algo ou de alguém. Mas creio que a questão seja um pouco mais complexa. Podemos fisicamente ir à qualquer lugar e fazer o que quisermos e, mesmo assim, nossa consciência poderá não conhecer a liberdade. Para facilitar o esclarecimento, podemos nos comparar com as águas de um rio. Se observarmos um rio cheio de lixos e entulhos, veremos que o fluxo da água é limitado e não corre com naturalidade. Mas à medida que tiramos cada um desses lixos, veremos que um pequeno fluxo é liberado e, aos poucos, a água retoma sua naturalidade. E assim ocorre com o fluir de nossa existência. Conforme eliminamos nossos entulhos psíquicos e padrões emocionais inadequados, veremos que um novo fluxo de energia e vitalidade se liberta em nosso ser.
Dentro da nossa jornada de evolução, temos que nos libertar de muitas coisas. Quais coisas é uma questão muito individual e, por isso, relativa. Mas posso observar que entre os “entulhos” mais numerosos estão as crenças ortodoxas, os medos, as inseguranças, apegos e - um dos piores - a necessidade de querer que os outros sejam como nós. Digo que este é um dos piores, pois é fonte certa de frustração. É que independente de aceitarmos ou não, ninguém deixará de ser o que é apenas porque nós julgamos que estamos corretos. Em nosso ego, pensamos que somos os verdadeiros modelos a ser seguidos; temos um conselho para cada situação, uma reprovação para cada coisa que julgamos inconvenientes e uma espécie de "receita" a ser seguida pelos demais. “Se Fulano fizesse o que eu digo, nada disso estaria acontecendo e tudo seria diferente”.
Ainda bem que, independente da nossa vontade, as coisas e as pessoas seguem seu próprio caminho. Se não fosse assim, em uma família de cinco indivíduos, teríamos um mudandoaa vida de quatro e quatro a vida de um. Seria insustentável! É perfeitamente apreciável o nosso desejo de alertar para que os outros (principalmente os mais jovens) não cometam os mesmos erros que cometemos outrora, mas não deveria ir além disso. Orientar sim, controlar não! Afinal, não podemos nos esquecer de que assim como a dor da consequência dos nossos atos teve um papel educativo em nós, também terá no outro. É apenas uma questão de confiarmos na sabedoria da vida e seus mecanismos moralizantes.
E, por favor, não sejamos hipócritas de pensar que temos que mudar o outro para que possamos ser mais felizes e mais livres. É uma contradição, pois se ainda julgamos que somos dependentes do comportamento externo para desfrutar de um bem-estar interno, significa que estamos admitindo que somos incapazes mudar a nossa realidade. Então como poderíamos mudar o outro? Não acho que devemos ser indiferentes quanto àqueles que temos o dever de orientar. Mas precisamos ter a consciência de que na lei da vida, cada tropeço vai nos fazer ficar mais atentos em nosso caminho.
Permita a cada um seguir seu caminho e quem se libertará será você!
Texto revisado
Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |