Pessoas raras!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/4/2013 7:55:10 AM
Pessoas raras!
Tecer críticas, reclamar de um atendimento, da forma como as pessoas se relacionam, do interesse egoísta e mesquinho de cada um, é um fato comum hoje me dia. Em todos os lugares, em todas as "rodas" de bate papo, nos cafés, restaurantes, enfim, onde estiverem duas ou mais pessoas a conversar, cada uma terá ao menos duas ou três situações para narrar. E ao fazê-lo, enfatizam as emoções vividas pela indignação e revolta que sentiram quando os fatos ocorreram. Essas narrativas mantêm horas de conversa, mas provocam também úlceras, irritações, agressividades, tristezas, além de outras emoções que nos trazem muito mal-estar. Por quê? A lembrança das situações traz consigo as emoções vividas e despertadas por ela.Mas também é verdade que existem pessoas que despertam em nós a vontade de estarmos sempre consigo. Pessoas que acolhem, que compreendem o que o outro está passando, que falam o que pensam, mesmo que seja diferente do que se gostaria de ouvir e que não ofendem, não agridem.
Essas pessoas existem e fazem parte do nosso dia-a-dia. O triste é que nem sempre nós as percebemos, pois para notá-las seria necessário que também tivéssemos um pouco do que é raro em nós. É difícil não nos espantarmos quando nos deparamos com alguém que não nos quer "passar a perna" em um negócio qualquer, já que nós mesmos nos percebemos, de vez em quando, buscando uma forma de levar uma vantagem a mais.
O que mais me chama a atenção nessas pessoas é a capacidade que elas têm de ver os demais como seres humanos, muito antes de observar seu tipo de comportamento. Acolhem o ser humano, compreendem-no. Quando tecem alguma crítica, referem-se ao comportamento da pessoa em questão e não a ela.
Querem um exemplo de falar da pessoa e não do comportamento? A criança faz uma arte qualquer e seus pais dizem: "Eu não gosto mais de você!". Estão gerando, assim, um grande mal à formação da personalidade dessa criança. Um exemplo com adulto? O funcionário fez a atividade diferente do que era esperado e seu superior imediato lhe diz: "Você é um incompetente!", quando o adequado seria: "Você não seguiu as instruções e alterou os resultados". O termo "incompetente" refere-se ao ser humano. Não seguir as instruções é uma referência ao comportamento dela.
Fácil identificar por que se utiliza a primeira forma, ou seja, como se colocam as pessoas em questão: Se concordam conosco, gostamos delas, se não concordam, elas "não prestam".
Pessoas raras querem bem aos que as cercam e fazem de tudo para ajudá-los. Não querem tirar proveito do outro. Quem já não passou pela revolta de, ao tentar vender seu veículo em uma agência, receber uma oferta tão abaixo do valor, ao ponto de tornar impraticável o negócio? Conheci uma pessoa rara nesse meio, que fez uma avaliação mais do que justa e sem tentativas de desvalorização. Fiquei a observá-la e pensei: Como ela sobrevive? Essa pessoa possui muitos clientes. Cada vez que vou ao seu local de trabalho tenho que aguardar, pois sempre tem duas ou três pessoas esperando para ser atendidas por ela.
Conheço pessoas raras, com as quais não mantenho nenhuma convivência, mas percebo não sou esquecido por elas. Elas apenas sabem como eu sou e me procuram sempre que têm algo a me oferecer. Pessoas cujo abraço passa uma energia deliciosa e revigorante. Abraço que não nos deixa esquecê-las.
Quando conseguimos olhar as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas podem nos oferecer, começamos a nos transformar em pessoas raras. As relações passam a ser mais puras e sinceras. As diferenças sociais, econômicas, culturais, deixam de ser empecilhos. Os preconceitos deixam de existir.
Há, sim, muitas pessoas raras. Basta que você também se posicione diferentemente para que elas se aproximem e vejam em você uma pessoa também rara.
"Permita Deus que cada vez se torne mais comum haver pessoas raras em nossas vidas!"
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