Prazer sufocante - as conseqüências do cigarro
Autor Antonio de Camargo Neto
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/20/2005 10:13:09 AM
Certa ocasião, quando assistia a uma necrópsia no Instituto Medico Legal (abertura do corpo para descobrir a causa mortis), o médico legista, talvez para me impressionar, retirou um pedaço do pulmão do cadáver, me mostrou e disse: "Veja o estado em que se encontra o pulmão dessa pessoa. Observe como está marrom; isso é conseqüência de muitos anos de fumo. É pura nicotina! Pelo estado deste pulmão, essa pessoa respirava como muita dificuldade. Note que os alvéolos estão todos entupidos. A cor natural desse órgão é rosada! Os alvéolos devem ficar livres para receberem o ar necessário para oxigenar o sangue e gerar a energia que nos mantém vivos. A nicotina impede isso". Ao fazer esse comentário, pegou uma espátula e raspou aquele pedaço de pulmão. Um caldo gosmento escorreu por entre os dedos protegidos do legista. "Veja! Não é nojento carregar esse lixo dentro do corpo?"
Acredito que a maioria dos fumantes tem pouca consciência das conseqüências danosas desse vício. Consideram o fumar uma distração, um relaxamento. Alguns acham que o mal que o vício causa ao corpo só acontece nos outros. Será que esse prazer sufocante, esse ridículo e carnavalesco chouriço fétido é tão forte assim? Será que a vida dessa pessoa é tão pequena e vazia que não existe algo mais prazeiroso e saudável que o fumo?
Neste exato momento há milhões de sujeitos acendendo um cigarro em diferentes partes do planeta. No Brasil, cerca de 35 milhões integram a turma do "fumacê" e o número está crescendo, não obstante as campanhas anti-fumo. A explicação está na nicotina: uma droga tão perigosa quanto sutil. Ela não deixa o sujeito "ligado", eufórico ou confiante. Só faz com que as células do cérebro produzam um pouco de serotonina e dopamina, as substâncias que trazem a sensação de bem-estar. Mas essas doses são tão pequenas que a vítima nem nota a diferença.
O vício costuma vir na adolescência, geralmente provocado pela vontade de ser aceito pelo grupo. Daí pra frente tudo é motivo para acender um cigarro: as alegrias, as tristezas, o desemprego, o divórcio, a vitória ou a derrota do time de futebol, tudo é pretexto para uma tragada. Com o tempo fica impossível fazer alguma coisa sem o tabaco.
Se você é fumante, antes de acender o próximo cigarro, reflita um pouco sobre as conseqüências dessa "distração". O preço para esse prazer é muito alto e só você é quem vai pagar! Saiba que naquele pedaço de tabaco enrolado em papel que você vai acender existe, sem exageros, 4.720 substâncias químicas que não têm nada a ver com a saúde do seu corpo. Muito pelo contrário! Essas substâncias são responsáveis por 30% de todos os tipos de câncer, 90% dos casos de câncer no pulmão, 30% dos infartos, 80% dos enfisemas e 25% dos acidentes vasculares cerebrais (derrames). A lista não termina aí: bronquite crônica, impotência sexual, problemas na gestação, hipertensão arterial, envelhecimento precoce, cansaço, insônia... Será preciso citar mais alguma doença para você largar esse maldito vício?
Antonio de Camargo Neto
Psicólogo, Químico e Pedagogo.
[email protected]
www.psicologoamigo.hpg.ig.com.br
Texto revisado por Cris
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