Prece desesesperada para não morrer de amor
Atualizado dia 09/06/2006 17:26:54 em Autoconhecimentopor Claudette Grazziotin
Sendo Mulher, na minha dor,
Eu quero te dizer
Que é preciso, muita coragem,
Para confessar o que, de verdade
A nossa alma sente.
Sem medo de juízes, algozes,
Centuriões.
Sem medo do Juizo Final,
Da voz do povo,
Dos donos das religiões.
Hoje, na minha dor,
Eu só desejo
Que me mostres
A tua outra face,
Aquela que se esconde
Que se apaga diante da
Tua face luminosa.
Preciso dela me protegendo,
Para poder
Seguir vivendo.
Que eu me envenene nela,
Para também saber odiar
Com todas as minhas forças.
Que eu saiba ofender, magoar,
Trair, enganar,
Que eu seja indiferente diante
Do sofrimento do outro
E não me penalize com a sua dor.
Que eu seja muito má.
Que meu coração
Esteja pleno de desamor,
Preciso do avesso da tua outra face
que é só amor.
Ajuda-me a agir com dissimulação,
A manipular,
Sem pejo, sem culpa, sem coração.
Que eu pense só em mim, que olhe para o outro
Sem dó, nem compaixão.
Que solte gargalhando, minhas feras
E que vomite minha raiva com escárnio.
Preciso urgentemente dessa tua face,
Para que eu possa sobreviver entre os homens,
Que descarada e mentirosamente,
Me chamam “ minha irmã”
E se dizem “meus irmãos”.
Para que eu não tenha mais de me exilar
E de viver no país dos sonhos, da poesia,
Da natureza pura e sacrossanta, daqueles
Que eles, prepotentes, chamam irracionais,
Mas que me amam muito melhor e mais.
Mostra-me nua e crua, a tua face obscura,
Impregna-me com ela, veste-me nesta armadura,
Para que eu possa sobreviver entre os homens
E não sofrer por amor, Hoje, Amanhã
E para Sempre e Nunca Mais.
Ilustração: "Mulher Chorando", Cândido Portinari
Claudette
Texto revisado por Cris
Avaliação: 4 | Votos: 17
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