Preciso que você me mostre quem sou
Autor Mirtes Carneiro
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 25/10/2009 15:52:32
A vida é feita de opostos, isto podemos verificar facilmente. Temos o dia que dá lugar à noite, assim como o claro que dá lugar ao escuro, o sorriso que dá lugar ao choro, a vida que dá lugar à morte, o bom e o mau, o certo e o errado e assim sucessiva e infinitamente.
Será que é possível ser dia e noite ao mesmo tempo? Dá para estar feliz e triste ao mesmo tempo?
Não, é como se nosso corpo inteiro mergulhasse naquele estado para termos consciência dele.
O medo e a coragem... Dá para viver uma vida inteira sem medos, sendo humanos? Não.
Então por que será que fazemos tudo para evitar o sofrimento?
Freud descobriu o princípio do prazer e desprazer, uma forma psíquica de funcionamento, onde os homens, ao longo de suas vidas, buscam evitar o desprazer a qualquer custo e desejam ir em direção ao prazer. Isto parece se dar pelo fato de que os seres humanos buscam diminuir ao máximo o conflito em suas vidas. Freud ressalta que cessar o conflito significa chegar à morte.
Vida é conflito, vida é a tensão entre forças opostas (Eros e Tanatos, pulsões de vida e de morte).
A vida é assim, dual, mas insistimos em vivenciar uma só parte dela: a parte prazerosa.
Freud nos propõe o princípio da realidade, onde muitas vezes teremos que adiar a satisfação imediata em razão dos acontecimentos reais.
O interessante é verificar que a noção de um lado nos é dada pelo outro. Como é que chego a conhecer o que é não ter fome? Através da própria fome. Como o bebê sabe que está com fome? Ele não sabe, ele sente um desconforto e reage a este desconforto através do choro, então sua mãe "traduz" este choro e lhe dá alimento. Podemos dizer então que o desconforto agiu como forma de sobrevivência para este bebê.
O bebê passa a se ver através do rosto de sua mãe. Ele brinca, ela sorri; ele cai, chora e ela diz que está doendo, assim vamos nos construindo através do outro.
Não podemos ver nosso próprio rosto a não ser através de um reflexo. Quem me reflete é você. Você mostra o meu todo, não somente aquilo que escolhi para mim, você me reflete também o que não admito como meu, você me reflete a minha força, o meu medo, a minha tristeza, a minha alegria, a minha luz e a minha sombra.
Escolho estar com você para que você me mostre o meu lado obscuro, eu preciso deste lado para ser completo e também preciso de você para confirmar algo em mim, aquilo que penso que sou. Seria muito paradoxal dizermos que o medo nos traz consciência de nossa coragem? Parece que sim, mas devemos perceber que não teremos consciência de nossa coragem se não conhecermos o nosso medo.
O medo nos faz fortes também. Simplesmente temos que arcar coma vida como ela é, em sua totalidade, pois do contrário teremos vivido de forma dividida, pela metade e nunca poderemos chegar à plenitude.
A completude é almejada pelos seres humanos, e a busca é configurada justamente pela "falta" que sentimos de algo que não sabemos o que nem o porquê. A falta é aquilo que não escolhemos vivenciar, aquilo que está oculto de nossa consciência.
O que me falta você completa e eu me sinto feliz, ou, algumas vezes, você me mostra a falta que eu não quero ver e me irrito.
Portanto, podemos dizer que o outro é o meu grande espelho, e está aí para que eu possa me ver, e também eu tenho a missão de refletir este outro, para que ele possa se ver.
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Mirtes Carneiro CRP06/111130 Psicóloga e Psicanalista Atendimento on line Tel 11 9 8108-5021 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
