PUBLICANDO: ANTOLOGIAS, COLETÂNEAS E DEMAIS PUBLICAÇÕES COLETIVAS

   

Autor Madame Livro

Willian Rabelo, escritor, amigo e leitor aqui do Blog me escreveu na semana passada, fazendo a seguinte pergunta:

“Escute, um amigo meu viu a proposta de uma editora que pretende fazer uma antologia e quer saber a minha opinião. O que você acha?”

Minha resposta ao email, omitindo, apenas, o nome da empresa envolvida:

Sobre essa editora... o assunto mais delicado... bem, eu não gosto. Os livros são muito, mas muito feios. Não vendem, a não ser para família. Pense bem: comercialmente falando, como é que você divulga o SEU texto, no meio de outros “trecos” que nada tem a ver com a sua linha, o seu gênero, ou tenha qualquer outro link com você? Tudo bem, o assunto para o livro é o mesmo, sei, mas percebeu que todos os inscritos serão publicados? Não os melhores ou mais bem redigidos ou interessantes... os que pagaram! Preferiria juntar dinheiro e fazer um só meu. Vender em livraria, esquece. Se a proposta é ficar conhecido, não acontece. É sair de lá e ir parar num sebo, na hora. Quanto ao currículo, também não acontece. TODO MUNDO DO MERCADO EDITORIAL sabe que os livros dessa editora não tem base de seleção e que são pagos. Então, botar no currículo que publicou em uma antologia.... dessa empresa... é falar para o editor de uma companhia grande: Não fui escolhido e paguei! E ainda escolhi mal, porque em termos de custo, ou seja, preço por preço, .... façamos uma conta!

Vamos supor que cada autor compre 10 páginas (o mais barato na proposta, porque quanto mais páginas, mais desconto tem), num livro de 250 páginas. Ele pagaria 741,00 por 50 exemplares. Isso significa que dessa antologia, participariam 25 autores. Cada autor recebe 50 exemplares. São, então, 1250 exemplares na tiragem. Lembre-se de que a proposta da editora é de fazer um livro com 250 páginas... então, vamos dividir e multiplicar.

Caso 1: o autor opta por participar da antologia

741,00 x 25 = 18525,00 valor total arrecadado pela editora – valor por autor, vezes número de autores

18525: 250 = 14,82 valor do exemplar - valor arrecadado dividido pelo número de exemplares

14,82: 250 = 0,05928 valor da página - valor do exemplar dividido pelo número de páginas

Caso 2: o autor resolve fazer a edição sozinho

Incluindo custo de impressão, revisão, boneco, ilustração de capa, etc. chega-se num valor médio de mercado de 7,00 por livro, para uma edição de 1250 exemplares.

7,00 x 1250 = 8750,00 valor da edição – custo unitário vezes tiragem de 1250 exemplares

7 : 250 = 0,028 valor da página – custo do exemplar dividido pelo número de páginas

Fica claro que a editora, para emprestar o nome e cuidar do operacional, fica com mais de 100% de lucro, o que não é pecado. Eles não são uma instituição de caridade.... porém, o autor gastará 750,00 para ter 50 livros. A conta pode ficar pior ainda: o custo para ele, por exemplar é de: 15,00, sendo que ele participa de 10 páginas...

No segundo caso, ele paga 8750,00 por 1250 livros e participa das 250 páginas!

Devolvo sua pergunta, com outra:

O QUE VOCÊ CHAMA DE UM BOM NEGÓCIO?

Reflita sobre a pergunta... tudo depende do que é mais confortável para você. Essa é minha opinião e a prática me provou que antologias com autores desconhecidos não são comerciais. Eu mesma já participei de uma.

Hoje, louvo mais a coragem que um autor tem ao publicar, de forma independente, um livro só seu. Mas não critico quem faz o caminho contrário e participa de grupos. Peço apenas que sempre avalie as possibilidades, coisa que eu não fiz, no afã de ter mais um livro com meu nome. E nem era bem uma antologia, mas uma coleção de livros, com autores diferentes, sobre um mesmo tema. F U R A D A! Detalhe: nada foi cobrado dos autores.

O ponto a prestar atenção é o próprio mecanismo de antologias com autores pouco conhecidos.

Fazer uma conta antes de publicar numa antologia paga é, no mínimo, sensato.

A decisão é sempre sua e não há nada de errado em participar de publicações desse tipo, porém, nem cogitar outras alternativas não é prova de sanidade mental.

Em tempo: essa semana estou perita em me queimar no mercado; já falei de desculpas para não escrever; medo de rejeição; que mães não são críticas literárias confiáveis e hoje, termino com chave-de-ouro, falando francamente sobre antologias... Tudo pela coerência!

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