Quem sofre é o ego. Você não!
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Autor Alex Possato
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 08/04/2008 18:36:07
Ontem eu estava com um grupo de pessoas, numa conversa franca e pessoal. Éramos em sete, cada um com suas características: havia um ex-morador de rua, havia um homem sem profissão definida. Um outra era um pequeno comerciante. Um rapaz de classe média, profissional na área de informática. Outro, professor da rede pública e mais ao lado, um funcionário público aposentado. O tema era desenvolvimento pessoal: todos queriam melhorar em diversos níveis, mas o resumo da ópera era bem simples: mais grana, relacionamento melhor com os outros e, principalmente, bom relacionamento consigo mesmo. O papo era sincero e aberto, demonstrando a presença de gente corajosa, que cansou de arrumar desculpas pelo próprio sofrimento, e resolveu dominar a própria vida.
Mas somente depois de sofrer bastante. Todos eles se feriram e feriram os outros de diversas maneiras: alguns beberam, um usou droga mais pesada, outro era violento, o mais jovem era sensível e pouco atuante na sua vida, vivendo mais dependente da mulher e com a auto-estima no chão. Mágoas e reclamações eram como tiroteio em salão do velho oeste: tiro pra tudo que era lado, atingindo culpados e inocentes. Pai, mãe, filho, vizinho, amiga, amante, colegas de trabalho, balas perdidas e balas achadas para todos.
Mas fora todo esse descarrego emocional, uma luz brilhava em cada uma destas pessoas: o propósito de ser agora um outro ser...
Fiquei emocionado em reconhecer todos eles como iguais, incluindo eu: todos nós, portadores de dores, mágoas e feridas, umas mais, outras menos cicatrizadas, mas simplesmente feridas... Não importava o tamanho do nosso bolso, no nosso berço, do nosso diploma, todos iguais. E pelo papo que rolou, nitidamente percebemos que as desculpas que dávamos para nossas feridas e mágoas simplesmente eram... desculpas. Nossas feridas e dores eram exatamente as mesmas: desarmonia com os pais, com a mulher, com o esposo. Falta de responsabilidade com os filhos, preguiça, falta de coragem para enfrentar os problemas. Dívidas e doenças. Culpar pai, mãe, esposa, marido, governo, Deus e o mundo pelas coisas que gostaríamos de receber e não nos deram... Quem não nos deu? Quem disse que tínhamos que receber algo? E daqueles que cobrávamos, eles também tinham como dar algo?
Ego alucinado, espírito iluminado
Albert Einstein, que além do físico fantástico, era também um ser altamente voltado aos mistérios, dizia: “Penso 99 vezes e não descubro a verdade. Paro de pensar, mergulho em profundo silêncio, e eis que a Verdade me é revelada”. O gênio já sabia que a mente racional, ou seja, aquela mente que você, leitor, consegue identificar, que são seus pensamentos e emoções, consegue processar um número de informações pequeniníssimo, uma verdadeira titica de galinha. Voltando ao papo que tivemos acima, sabe o que quer dizer isso? Que todas as conclusões que tínhamos sobre as próprias dores, feridas, culpas, etc., eram conclusões “furadas”. Eram desculpas diversas que, no fundo, provocaram estagnação na vida de cada cidadão que estava lá, se expondo corajosamente. Algumas correntes de pensamento chamam a esta parte do ser humano, que vive baseada apenas naquilo que pensa e sente, como ego. E “descem a lenha” no ego. Dizem que ele, por trabalhar com pouquíssimas informações e, apesar disso, achar que sabe tudo o que é melhor para ele e para os outros, quiçá para o mundo, é um arrogante de primeira e, o que é pior, um arrogante burro!
Não posso tirar a razão disso: sob vários aspectos, principalmente por aquilo que a mente consegue processar no total, o meu ego (a mente que vive baseada nos pensamentos e emoções que percebe) é burro mesmo! Mas, por outro lado, não acho conveniente achar que a natureza iria criar algo dentro do organismo do ser humano, que fosse prejudicial a ele mesmo. Então, para que serve a tal mente racional, este ego, que julga, separa, compara, e não chega a boas conclusões, não leva a humanidade à felicidade?
Este ego, a mente racional, serve exatamente para fazer o que Einstein falou: após ouvir a Verdade que não chega através do pensamento, entender o que esta Verdade quer dizer e práticá-la, traduzindo-a em algo útil para a própria vida. Só isso. Sem alucinar os porquês.
Dar certo na vida é agora
Todos os companheiros presentes concordaram que estavam cansados de sofrer. Significa que cansaram de dar desculpas, fossem elas fundadas em alguma razão ou nenhuma, e resolveram ir atrás da felicidade! Ou seja, pararam de pensar com o ego e abriram-se a receber algo que nenhum deles sabia exatamente o que era, mas confiavam que seria muito melhor que o sofrimento que viviam até então. Abrir-se ao infinito e largar a limitação: isto é incrível! Só o fato de tirar o foco do sofrimento e das culpas aliviava imediatamente o sofrimento. E os fez olhar as pessoas que estavam em volta. Esposa, marido, filhos, amigos, pai e mãe... nenhum deles eram notados, eram vistos, afinal, somente o sofrimento e as desculpas egocêntricas ocupavam muito tempo do pensar de cada um. Não havia espaço para o “silêncio” que Einstein falou. O silêncio que é um bálsamo, um alívio, cantado em verso e prosa por tantas linhas religiosas e espiritualistas, que pregam a necessidade da oração, da meditação, da introspecção, do retiro.
Silêncio é conectar-se com a voz do universo, que sabe toda a Verdade a seu respeito. É conectar-se ao seu caminho de realização pessoal, que significa suavizar os pensamentos, tirar a força predatória das emoções e entregar-se mais ao ver sem julgar. É esperar, porque o que você tem a receber já é seu, e espera apenas o espaço de “silêncio” para se manifestar.
Perguntaram-me como silenciar os pensamentos, como silenciar as emoções. É interessante como as palavras racionais são profundamente limitadas. Assim como tudo o que é racional é profundamente limitado. Realmente, silêncio não significa parar de pensar e sentir. Isto é impossível, enquanto estivermos neste corpo. Mas é possível dar um passo para trás e olhar o pensamento, deixando-o passar. Sem julgá-lo bom ou mal. Sem se apegar a ele. E o mesmo com as emoções. Senti-la, perceber se dói, ou causa tristeza, ou alegria e contentamento, mas não nomeá-la de nada. Nem alegre, nem triste. Nem boa, nem má...
Esta atitude permite a você ouvir a Verdade sobre si mesmo. Proporciona você sentir o melhor caminho, que lhe será dito não pelo pensamento, mas pela certeza intuitiva. Nada que seja desarmônico, nenhuma atitude que possa ferir alguém ou a você mesmo poderá ser tomada neste estado, porque você simplesmente estará conectado com a sua Verdade. Se algo pôde um dia causar desconforto na sua vida, foi agir de acordo com o ego, que não sabia o que estava falando, e nunca saberá... Quer saber como descobrir se é o ego falando? Perceba se você reconhece o sofrer. Se reconhece o sofrer, é o ego que reconhece, porque ele é finito e morrerá junto com o corpo. Mas quem você é, não sofre, porque não morre e nem faz parte da sua individualidade. O ego, unido a esta parte, que é você também, sentir-se-á reconfortado!
Alex Possato
Consultor
trabalho em grupo de constelação sistêmica-últimas vagas!
Avaliação: 5 | Votos: 9
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |