Re-re-re-re começar
Atualizado dia 6/29/2020 3:12:29 PM em Autoconhecimentopor Andrea Pavlo
Faço terapia há 20 anos e tive que recomeçar várias vezes. Precisei passar pela cura da depressão, depois da síndrome do pânico. Tive momentos em que o trabalho parecia perfeito, mas todo o resto estava uma bagunça, assim como tive momentos em que só a minha vida amorosa parecia andar. No final, tudo isso acabou. E tudo o que parecia ser perfeito, mostrou-se perfeito sim, mas somente para aquele momento. Depois, desaparecia.
De alguma maneira eu criei isso. Eu criei situações somente de momento. Relacionamentos de momento, trabalho de momento, dinheiro de momento. Em um instante seguinte eu simplesmente abria mão, ou enjoada de lutar, jogava a toalha. Eu não fui até o final ou simplesmente escolhi coisas que não faziam sentido. Coisas que não poderiam ter uma fundação sólida. Eu pensei errado, senti errado, cometi todos os tipos de erros possíveis. Mas não me sinto culpada porque era a minha cabeça da época. A mulher que sou hoje, honra e aceita a menina e a mulher que eu fui em outros tempos. Eu não tinha condições, e tudo bem. Mas agora é diferente.
Simplesmente decidi que, daqui para frente, não invisto em nada que não possa ser para sempre. Ah, mas vai ser? Não sei, mas terá esse potencial. Uma coisa é fazer pequenas mudanças, mudar algumas direções. Outras é precisar recomeçar do zero. Isso é bem, bem cansativo e existe sim um número de vezes em que isso é possível.
Mas o problema é, sabermos que precisamos desapegar a começar do zero, nos aferroarmos às coisas. Criarmos correntes com coisas e situações que não fazem mais nenhum sentido, agindo como salvadores do lixo. Sabe como aqueles acumuladores que acham que um papel de bala ainda poderá ter algum proveito, um dia? Recomecei tantas vezes, que comecei a insistir no que não era. E não era tudo, a fundação hoje existe, mas em diferentes formas.
Podemos ter um novo tipo de relacionamento com a mesma pessoa. Podemos redirecionar o que amamos fazer no trabalho, para algo que realmente valha a pena. Podemos reestruturar a relação com a nossa família e nos colocarmos nos nossos devidos lugares. Ainda são mudanças, ainda são recomeços. Mas são como marcos, como pequenas transformações necessárias.
Eu estava com medo de um recomeço. De um re re re começo, mas aí veio uma pandemia que me disse “isso não está sob o seu controle”. E o sabotador controlador em mim simplesmente agiu de maneira massiva, tentando me fazer controlar o incontrolável. E aí, sim, que eu perdi o controle.
Ontem, sentada na minha cama depois de voltar de um funeral, eu pensei: deixa. Me vi como alguém vazia que constrói a estrada enquanto caminha. Isso me deu uma leveza e me devolveu a força interna. Hoje me levantei cedo e fiz tudo o que andei postergando nos últimos dias. Senti que o tempo é implacável, que não temos controle se vamos ou não continuar no mundo depois da pandemia, mas que podemos controlar como queremos passar cada minuto da nossa vida. Que podemos reconstruir o que for possível, refazer o que estiver quebrado e simplesmente continuar.
Isso nos tira o medo, esse implacável sentimento de desistência e nos coloca de volta no mundo. E é muito bom estar no mundo!
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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |