REALIDADE & ILUSÃO ( 1 ): O ORÁCULO VAI AO CINEMA
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Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/16/2004 3:01:27 PM
Jornal Tao do Taoísmo - n. 18
REALIDADE & ILUSÃO ( 1 ):
o Oráculo vai ao Cinema!
Oscar Maron
Professor e Consultor de I Ching Flor de Ameixeira
Sempre que o filão da vida após a morte é explorado com inteligência pelo cinema americano – 54% da pragmática população americana acredita no além vida – rende bons filmes, filas nas bilheterias e muitos comentários. Foi assim com Ghost, e mais recentemente com O Sexto Sentido, estrelado por Bruce Willis. Nesse filme o psiquiatra, personagem de Bruce Willis, como diz o ditado popular, “já morreu e não sabe”: seu espírito circula pelo mundo dos vivos, como se ainda vivo fosse e acreditasse ainda estar vivo.
O fato que mantém o suspense durante todo o filme é que a mente do personagem de Bruce Willis cria uma “realidade” na qual o comportamento indiferente dos vivos, em relação a sua “presença” – invisível para eles – está de acordo com a falsa noção de realidade produzida em sua mente. Sua mulher, por exemplo, não fala com ele, porque segundo sua ótica, o casamento está em crise, e por isso “naturalmente”, um não fala com o outro.
E assim, o personagem leva sua “vida” de fantasma no mundo dos vivos, isolado e absorto na ilusão da realidade, até o instante em que, subitamente, descobre que já morreu! Somente nesse momento de choque, ele e também os atônitos expectadores compreendem o sentido da intrigante frase do personagem do menino-médium no filme, ao explicar por que os espíritos atormentados, não conseguem perceber que já morreram:
“Eles (os fantasmas) só vêem aquilo que querem ver”.
Ao final do filme, o personagem fantasma de Bruce Willis, “cai na real” sobre sua ilusão e condição. Descobre que também é um fantasma que julgava erroneamente estar vivo, porque só “via aquilo que queria ver”. Quando se sonha, não se percebe que se sonha, da mesma forma que não percebemos a realidade quando nos iludimos com ela.
Pois é. Ver aquilo que se quer ver. Enxergar somente aquilo que se consegue compreender. Eis o Homem! O Homem, como intérprete da realidade, atua e compreende o mundo a partir do que suas observações permitem: ele não sabe nem é capaz de mais. O pensamento é culturalmente restrito e limitado pelas possibilidades da percepção. Portanto o mundo que o Homem descreve é meramente um mundo construído por ele mesmo, um retrato de si e não do mundo.
Muitas vezes só conseguimos enxergar a aparência da realidade, aquilo que as pessoas e situações demonstram, querem manifestar ou o que conseguimos perceber, sem penetrar na essência dos fatos, das posturas, das intenções e da realidade.
Realidade e Ilusão
O personagem de Bruce Willis, na ilusão de sua mente, estava vivo, enxergando e se relacionando com a “sua realidade”, a partir de sua premissa equivocada. Imobilizado na observação irreal de sua “condição de vida” – como muitas vezes acontece no cotidiano de todos nós – ele não percebe que a sua situação e realidade mudaram: estava vivo e agora está morto. Não tomou consciência de sua condição, porque possuía laços emocionais traumáticos com a situação anterior, e a súbita morte lhe “desconcertou” a consciência.
Em cada instante a vida nasce, morre e se transforma. A realidade da vida não está em mutação, ela é mutação! Por isso, sempre que agirmos, metaforicamente, como o personagem do filme, que “morreu e não sabe”, e continuarmos a atuar no presente como no contexto de uma finada situação anterior, deixaremos de fluir no presente. Sem percebermos a mudança da nossa realidade pessoal, profissional ou afetiva, ficamos prisioneiros do passado e ignorantes da nova realidade.
Na verdade, a ilusão vivida pelo personagem do filme, espreita cada um de nós, tanto nas pequenas coisas como nos pontos chaves da vida. A questão é perceber em nosso destino até que ponto, em diferentes níveis, não estamos continuamente atuando da mesma forma que o personagem do Sexto Sentido. Ou seja: aprisionados e bloqueados pelas fantasias causadas pela percepção ilusória da realidade pessoal e do mundo. Por causa dos apegos, obsessões, carências, traumas, avaliações errôneas, rigidez de pensamento e tudo aquilo que, ao não permitir enxergar a dinâmica da realidade, torna impossível trabalhá-la.
Mister Magoo
O erro de avaliação não é uma falta ocasional: envolve, entrelaça e confunde todas as modalidades de errar, desde o mais comum engano, inadvertência, erro de cálculo, até o desgarramento da realidade e o perder-se de nossas atitudes e nossas decisões. O erro se estabelece quando criamos um juízo, que não está em conformidade com a realidade e cria um falso conhecimento.
O Homem é prisioneiro de seu horizonte, pois a maneira pela qual definimos e interpretamos uma situação é também o modo como nos engajamos na ação. Um grande exemplo dos atropelos causados por uma visão míope da realidade é o famoso desenho animado do divertido míope Mister Magoo. Certa vez, o simpático velhinho Magoo ia para a praia no seu carrinho. Porém, ao ler as placas de sinalização da auto-estrada, foi traído na leitura por sua “visão” e terminou por parar no deserto. Ao chegar lá, inocente e iludido, encontrou um esqueleto na areia. Julgando ser um banhista tomando sol, cumprimentou-o, armou sua barraquinha a seu lado e sentou-se para tomar sol, na areia do deserto, que julgava ser a praia paradisíaca. Ao olhar para o céu, observou então os abutres que pairavam sobre sua cabeça e exclamou extasiado:
- Como são lindos esses papagaios-pipas!
Nem sempre podemos nos dar o luxo de rir de nossos enganos e desenganos. A vida não é um desenho animado, apesar de, muitas vezes, bancarmos o Mister Magoo. O erro, dependendo de seu tamanho e da possibilidade de ser consertado, pode tornar-se um drama. Se avaliarmos errado e entrarmos em desacordo com a realidade, teremos sérios problemas a enfrentar, seja no campo profissional, afetivo, espiritual ou comportamental, trazendo prejuízos não só a nós mesmos, mas a todos os envolvidos.
O mundo em que vivemos é feito conforme a nossa consciência. É fundamental perceber de que modo nossa mente e sentidos percebem a realidade, para compreender como percebemos aquilo que percebemos. Ou seja: o mais importante não é prestar atenção, e sim prestar atenção em como prestamos atenção e percebemos a nós mesmos e o mundo. Dessa forma, é possível desvendar como nossa personalidade lida com a realidade.
Nossos sentimentos nos levam a ver as coisas de forma subjetiva e egocêntrica, sendo o principal erro de avaliação tentar impor aos fatos e à lógica o desejo do nosso ego, quando na verdade são os próprios fatos que criam a lógica.
Se ao interpretar a realidade utilizamos pensamentos, condicionamentos, atitudes viciadas, e idéias fixas que nos isolam da diversidade da realidade e das inúmeras possibilidades do mundo, devemos desenvolver uma consciência que permita perceber, trabalhar e transformar esses vícios de abordagem.
(continua...)
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