REDESCOBRINDO O MUNDO ATRAVÉS DOS OLHOS DE UMA CRIANÇA
Atualizado dia 9/16/2006 3:49:14 PM em Autoconhecimentopor Verônica Dutenkefer
E, aí, a vida dá um jeito de mostrar isto a nós.
Infelizmente, pra alguns, a percepção só vem através de alguma dor (perdas, doenças, acidentes, etc), mas para outros vem de uma forma preciosa, na presença de alguém que simplesmente apareceu em nossas vidas, como um presente.
Observo alegre e atentamente o crescimento de minha sobrinha. Sim, uma criança. E é redundante dizer: “uma linda criança”, já que todas são.
Com seus olhinhos ávidos e mãos ligeiras, ela observa e explora com dedicação tudo que está ao seu redor.
O que para nós (tão velhos e cansados) é algo banal (uma colher, um pedaço de pano, a luz do Sol, o reflexo no espelho, o ruído de um carro e até mesmo o som de um espirro), para ela é um tesouro...
E nós, tão adultos e tão “sábios”, na presença cheia de Luz e Vida, ficamos “bobos”. Sim, esta é a melhor definição: BOBOS. Pois fazemos de tudo para chamar a atenção destes pequenos, na ânsia de conseguirmos arrancar um sorriso e, quem sabe, se formos sortudos, uma deliciosa gargalhada!
E a cada sorriso e gargalhada, nossas Almas, tão maltratadas, recebem um prêmio. Prêmio mais valioso que ouro ou diamante... O prêmio de podermos reaprender a descobrir o mundo com a mesma simplicidade e força destes pequeninos maravilhosos...
E acompanhando a vida aparentemente simples destes pequeninos, vamos embalando a criança que um dia nós fomos e acendendo a vontade de conhecer, aprender e criar! Sim... criar!
E como é fácil criarmos! Basta soltarmos as rédeas e perdermos o controle... basta deixarmos de nos preocupar com o futuro e ficarmos como estes pequeninos, apenas aqui e agora. Pois na verdade é esta a lição mais difícil para nós adultos. Queremos planejar tudo, saber o que vai acontecer "se" e "quando" fizermos "isto ou aquilo"... e vamos criando em nossas cabeças um futuro que talvez nunca chegue...
Já tão cegos, não percebemos as coisas e pessoas ao nosso redor, pois acreditamos que “já conhecemos”. Será? Será que realmente conhecemos alguma coisa, ou melhor... será que realmente conhecemos alguém?
Este é um dos piores erros que nós adultos cometemos. Conhecemos uma parte e já colocamos um rótulo, e não mais conseguimos perceber o TODO... Olho para uma pessoa uma vez, ouço algumas palavras, reparo na roupa e nos gestos e já classifico este ser, e não perco mais meu tempo com ela...
Por isto as relações estão cada vez mais pobres e superficiais... não temos mais tempo para verdadeiramente conhecermos alguém... precisamos trabalhar para ganharmos mais dinheiro e comprarmos aquela roupa... aquele carro... aquela casa... fazer aquela viagem... e tão pobres nem percebemos que mesmo com aquela roupa, com aquele carro e com aquela casa, ninguém nos percebe realmente...
Pouquíssimas pessoas saberão quem realmente você é, o que sente, o que gosta, o que quer e o que precisa (nem mesmo você sabe...) e muitas vezes nem conseguiremos contemplar verdadeira e profundamente a paisagem daquela viagem...
Mas que bom que existem estes pequeninos, para chamar nossa atenção e nos ensinar tanto.
E bendito seja o adulto que realmente “perde” seu tempo, acompanhando estes pequeninos.
E bendito seja aquele adulto que também consiga “perder” tempo aprendendo com os animais, com as plantas e com outro ser humano (jovem ou velho, bonito ou feio, sábio ou ignorante).
Que possamos embalar a criança que ainda habita dentro de nós e descobrirmos o mundo e redescobrirmos a Vida!
Verônica Dutenkefer
06/03/2005
Texto revisado por: Cris
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