Reforma interior
Atualizado dia 17/09/2015 21:50:50 em Autoconhecimentopor Adriana Garibaldi
Às vezes pareceria estarmos nos movendo dentro de um campo de batalha que nos instiga a exteriorizar aquilo que foi alimentado em algum período da nosso passado.
As emoções muitas vezes são vivenciadas a partir de lembranças fragmentadas de experiências traumáticas.
Cenários construídos no passado, onde se conta a nossa história pessoal, são memórias subjetivas que se alteram em função do ângulo de visão de cada um dos integrantes do enredo e do contexto particular de cada um.
A história é a mesma, contudo, quando contada, apresenta diferentes matizes e os diferentes papeis podem tomar características opostas, contraditórias, conforme os componentes emocionais daqueles que analisam.
Culpados e inocentes, mocinhos e bandidos, podem ser papeis que acabam sendo trocados a partir dos diferentes pontos de observação. A imparcialidade, no sentido emocional, na maioria das vezes, não existe.
Diria que há uma só história para vários relatores.
Quando olhamos para o resultado de nossas vidas, em função da nossa bagagem emocional carregada de traumas, constatamos que muito de nosso vazio existencial, de nossa dor, encontrasse atrelado a leitura individual que fazemos da nossas experiências, incluindo-se nosso passado longínquo, nosso passado recente, nosso presente e daquilo que projetamos para nosso futuro que provavelmente repetira o que fora vivido lá atrás, ou para ser mais exatos a leitura que continuamos fazendo a respeito dele, subjetiva e individual.
A leitura é o que nos define. Uma realidade conceitual dos fatos e não a realidade objetiva destes.
Garimpar as nossas memórias acredito que deva ser um ponto importante em benefício da nossa reforma íntima.
Costumamos colorir os quadros do passado com as cores de nossos sofrimentos ou de nossas alegrias. A edificação de um presente satisfatório em que sejam construídos novas e proveitosas vínculos de felicidade depende de nossa capacidade de olharmos para tudo isso de forma distanciada. Precisamos pôr abaixo construções falhas, paredes rajadas, edifícios com vazamentos ou infiltrações, para nos reinventar do zero.
Na guerra, se tem sede de vingança e nela somos os primeiros a cair tombados pelo peso de nossas marcas mentais de dor, traduzidas em mágoas que persistem ao tempo, num porão interno que precisa ser limpo.
Muitas vezes ouvimos falar que e necessário ouvir nosso coração. No entanto, sei que às vezes também é necessário sermos raciocinais para não cairmos nas armadilhas das emoções que nos escravizam.
Sabemos que a mente tem ensejo de paz enquanto o coração busca a felicidade.
As nossas vidas ficam repletas de objetivos, quereres, desejos, expectativas, vontades, sonhos, no entanto em quanto onerarmos o nosso presente com o peso da dor que experimentamos um dia, seremos incapazes de abrirmos as portas internas à felicidade.
Como cultivar a paz e preservá-la enquanto a mente permanece visitada pelas lembranças infelizes?
Como limparmos o porão sem sujar as mãos com os resíduos das memórias que tem ficado inalteradas apesar do tempo e de nosso empenho em esquecer?
Tenhamos em mente a imagem de um poço. Quando um poço é cavado, toneladas de água barrenta é retirada antes de ser capaz de nos fornecer água limpa.
Assim somos nós, antes de usufruirmos da felicidade que o nosso coração almeja teremos que retirar montanhas de água barrenta de nossa mente até usufruirmos a paz e fazermos as passes com o nosso passado, com nossas memórias, com a nossa própria vida.
Permitamos que a felicidade habite em nossos corações, banhando-nos com as águas puras do perdão e do infinito amor.
Texto Revisado
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