Religião
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/16/2013 8:23:01 PM
Existem dois tipos específicos de religião: a religião material e a religião espiritual. A religião material é praticada pelo ego em seu estado de bondade procurando vivenciar um estado de calma, tranquilidade e devoção fundamentada no que se recebeu através da tradição. É uma prática inserida no espaço/tempo/forma, pois precisa deslocar-se para ir ao templo que possui uma forma material e se dedica a orações durante um tempo específico. O ego ao frequentar a religião material se realiza por se inserir em um espaço/tempo que lhe proporcional à emersão do sentimento de bondade que é uma de suas características e ao sair dessa vibração regressa as suas emoções originárias de paixão e maldade, inclusive se alimentando de animais sacrificados. A esse respeito Isaias disse: “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem” (IS 66:3) A religião material é ritualística onde o ego se insere na exterioridade de um ritual, muitas vezes se fantasiando com inúmeros signos pregados em suas roupas para esconder a sua verdadeira natureza egótica.
A religião espiritual parte do princípio que o templo é o nosso corpo no qual o ego deve ser sacrificado no altar interno para que ocorra a ressurreição do novo ser humano. Não procura eliminar as resultantes do ego (paixão, maldade, apego, gula, luxúria), mas sim a própria causa da virtualidade no mundo, ou seja, o próprio ego. Não é uma religião baseada no ritual utilizando representações, mas a realização do aniquilamento do ego onde ele próprio, através da racionalidade, se conscientiza de sua inutilidade perante a eternidade e se nulifica no niilismo absoluto. O ego é o sacrificado e o sacrificador ao mesmo tempo.
A morte do ego resulta comportamentos específicos no mundo material: afastamento de tudo que é supérfluo para viver, ausência de apego, silêncio interior profundo, afastar o máximo possível das coisas do mundo, considera inútil qualquer tentativa de solucionar os problemas emergentes da sociedade humana, preserva a paz interior consciente que qualquer atividade no mundo a dissolve.
Nas cinzas do ego (niilismo) emerge a semente divina alimentada pelo amor incondicional de Deus, assim a criança celestial recebe o maná se transformando no Sagrado Anjo Guardião. Esse novo homem, através dos seus sentidos espirituais pode se relacionar diretamente com o Supremo através de uma de suas infinitas potencialidades. Não é uma vivência ritualística, mas um encontro direto com Deus.
O Sagrado Anjo Guardião é uma fagulha da luz divina alimentada diretamente por Deus e seu objetivo é emitir o poder vibracional para alimentar outras sementes divinas que estão em potencialidades no interior de egos que vivem no mundo para o mundo. Disse o mestre judeu: “Não se ascende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador para iluminar a todos que se encontrem na casa, brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
Na igreja espiritual nasce o novo homem, o filho do Absoluto, para indicar que os seres humanos estão perdidos no negrume da materialidade glorificando as coisas da terra, os cantores da terra, as obras da terra, os rituais dos homens, o dinheiro do mundo, as filosofias dos pensadores, os discursos dos endinheirados, os escritos dos literatos esquecendo que o único objetivo da vida é a morte do ego para propiciar o nascimento do novo ser que é, na realidade, devido à transfiguração do corpo grosseiro em corpo de luz, a força que é capaz de alimentar as sementes divinas emersas na obscuridade dos egos.
Na igreja espiritual não se glorifica o ritual que nada produz, mas se centraliza no presente conscientizando-se que somos egos, que a morte do ego é uma exigência para vencermos a morte, hoje e agora, com o nascimento do novo homem. A morte do ego não é sacrificar o corpo físico com jejuns, orações intermitentes, ou outros tipos de sacrifícios corporais, mas a morte real do ego causador da nossa vivência no mundo.
Quando o ego morre o ser que em si é vida emerge. Disse o mestre judeu: “em verdade vos digo que existem alguns, dos que aqui estão que não provarão a morte até que vejam chegando o reino de Deus com seu poder”. Lembrando outra palavra do mestre: “O último inimigo que há ser aniquilado é a morte”.
O nascimento do novo homem, ou nascimento do Sagrado Anjo Guardião é uma indicação existente em Hebreus (11.5): “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o transladou”.
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