Sai a impunidade, entra a justiça
Atualizado dia 2/22/2007 2:11:10 PM em Autoconhecimentopor Bernardino Nilton Nascimento
Contra quem estamos lutando aqui no Brasil? Contra os ladrões, os viciados, os traficantes, os corruptos, as leis, os políticos, os Juizes, a miséria? Quem são nossos inimigos e qual o porquê de tanta matança? Como brasileiro gostaria que todos saíssemos vencedores na vida, realizando os nossos sonhos, sempre com alegria.
Estamos com sede de paz, com fome de educação e com dor de respeito. Uma de nossas armas é dar sonhos aos jovens, fazendo-os acreditarem que são capazes de vencer desafios e se tornarem homens de bem em qualquer atividade que venham a escolher dentro da competição da vida.
O que se nota são crimes cruéis que a cada dia mancham de sangue o chão do nosso país. Estamos assistindo, com dor no coração, os pais, as famílias que, diante da grande crueldade, quase como anestesiados pela mão do Divino, nos mostram seus valores espiritualizados, nos fornecendo âncoras de amor à vida, para seguirmos em frente em quaisquer situações.
Essa violência vem crescendo há tempos, de forma rápida, e os jovens, os que mais sofrem com essa onda de terror, estão praticamente perdidos numa sociedade que nada faz para solucionar esse problema. Os nossos governantes não dão oportunidades para que os jovens realizem os seus sonhos e os transformem em desafios.
Onde está o ser humano, onde está a juventude chamada cara-pintada, que por muito menos foi às ruas e a uma só voz fez cumprir a lei? Não posso acreditar que esta juventude tenha sido influenciada por alguns políticos que os usaram para fazer a substituição de um presidente por outro que nada fez, e mais outro que nada fez, e outro ainda que não fez nada, mais um que também nada fez e mais outro que não fez nada, além de milhares de outros políticos que também nada fizeram e nada fazem.
Há uns anos, um dos nossos brasileiros mais ilustres, Pelé, em estado de transcendência pelo milésimo gol, disse para todo mundo ouvir: “Olhem pelas nossas crianças!”. Naquele dia, com todos envolvidos na emoção do gol, aquelas palavras se perderam. Hoje estamos pagando o preço de uma juventude perdida.
Hoje, com tanta tecnologia “de ponta” que até nos deixa espantados, amedrontados e curiosos, perguntamos: “O que vem pela frente?” Aí fazemos outra pergunta: “Onde vamos parar?” Do outro lado, na contramão da tecnologia vem a crueldade que nos faz temer pelos nossos filhos, pela nossa família, pela nossa vida. O perigo, que antes estava distante de nós, hoje está em casa: são pais matando filhos, netos matando avós, mães espancando suas próprias crias. O que é isso que está acontecendo, meu Deus?!
Sou completamente contra a pena de morte, mas não sou contra a retirada de menores infratores das ruas, fazendo-os cumprir suas sentenças como gente grande. É assim que eles gostam de ser chamados: gente grande... “Eu sou o cara...”. Não adianta olhar para trás. O fato está no agora e, pode acreditar, esta juventude precisa de sonhos que virem realidade. Vamos olhar as crianças de hoje para não termos uma juventude perdida amanhã.
Infelizmente o nosso código penal é arcaico e cheio de saídas. Os criminosos, diante de tantas brexas na lei, não cumprem a pena como deveria. A impunidade é um mal que está acabando com a nossa sociedade. Quem vai ter medo de praticar um crime sabendo que nada, ou quase nada sofrerá?
É hora de gritar por justiça. Temos que exigir a reformulação da lei penal. Temos que voltar para às ruas e mostrar a dor dos pais que perderam seus filhos cruelmente assassinados e exigirmos justiça, mas sem vingança. Os jovens estão cercados pela polícia, pelos rivais, pela sociedade. Eles têm a impunidade como aliada. O que resta a eles é a sobrevivência hoje, porque para eles, sem sonhos, não existe o amanhã.
Então, se apegam aos vícios e, sem esperança, acabam tirando a esperança dos outros. A sua arma, que antes era a palavra, agora mata. Os seus sonhos desmancharam-se no ar e as oportunidades...Que oportunidades? Com muita naturalidade e conscientes de que pouco vai valer a pena viver, continuam cometendo crimes por onde passam.
A sociedade, que sempre dá um crédito de confiança aos políticos, deve fazer valer o seu direito de votar, mesmo sabendo que depois de eleitos vão “deitar e rolar“ no grande tapete da desonestidade. Apesar de tudo isso temos que acreditar sempre. Acreditar que existem pessoas boas, que o amor ainda fala mais alto, que os políticos terão mais compromissos com a sociedade que lhes colocou lá dentro. A única certeza que temos hoje é que a nossa vida, as nossas crianças, os nossos jovens, os nossos sonhos estão nas mãos de Deus.
O sonho é a melhor maneira de mostrar que todos são capazes de lutar pela igualdade. Devemos mostrar que a liberdade é a melhor coisa da vida, mas os jovens não podem pensar que estão sós. Eles têm que acreditar, hoje, que vai existir um amanhã com liberdade e justiça para todos.
BNN
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