Saúde e Sociedade
Autor Fátima Cristina Vieira Perurena
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 9/26/2006 3:00:17 PM
Há quem pense que saúde é um bem que tem início e fim em si mesmo, ou seja, que saúde diz respeito apenas ao nosso bem estar físico e mental. Entretanto, chama-se atenção, aqui, para um primeiro dado. Qualquer ser humano nasce “marcado” sob três grandes subestruturas sociais, quais sejam: gênero, etnia e classe social. Isto por si só já seria o suficiente para apontar que “tipo” de saúde se pode ter. Nesse sentido, é praticamente evidente afirmar que uma pessoa que nasce em uma família com precárias condições sociais provavelmente fará doenças que um outro nascido sob melhores condições sócio-econômicas jamais terá. E se poderia começar falando sobre desnutrição, por exemplo. Mas o que se quer chamar atenção neste espaço é o fenômeno social saúde enquanto ideologia.
Assim, a biomedicina, enquanto uma disciplina que representa a ciência instituída também se insere na questão ideológica, isto é, funciona, também, como ideologia, tanto para os aprendizes de médicos como para a população em geral. E é aqui que reside o perigo. Enquanto uma possibilidade (embora seja bastante eficaz para o que pretende tratar – o corpo físico), entre outras, de tratar do processo saúde-doença, ao apresentar seu caráter ideológico faz com que aquele ser que sofre o que sofre passe a vê-la e aceitá-la como a única saída para o seu problema de saúde. Dependendo do tipo de personalidade de cada um poderá, inclusive, ser responsável por um agravamento de um mal que inicialmente era praticamente solucionável. Veja-se os erros médicos e os diagnósticos terminantes.
Se entendermos a biomedicina como ideologia estamos vendo-a como A VERDADE e, deixando de lado, muitas vezes, outras alternativas que poderiam cuidar de nossa harmonia de vida de outra forma. Nem há necessidade de se ir muito longe. A homeopatia, hoje reconhecida como uma especialidade médica, tem uma racionalidade completamente distinta da biomedicina e, no entanto, soluciona inúmeros problemas de saúde, tanto de humanos quanto de animais.
Seria interessante que a população em geral estivesse atenta para a ideologia contida, não só na biomedicina, mas em qualquer medicina que pretenda ser a única a dar conta dos processos adoecedores. Os seres humanos são seres bem mais complexos para que qualquer medicina queira dar conta de tal complexidade. Há muitas práticas terapêuticas complementares - basta olhar para o lado - mas principalmente não se deixar levar pelo fenômeno ideológico, sob pena de se perder o que se tem de mais sagrado – a própria vida.
Texto revisado por Cris
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