Sê mole
Autor Xavier Andre
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/9/2016 8:01:03 AM
Nos nossos tempos, talvez mais do que nunca, a vida humana gira en torno da identidade persoal de cada um. Sem umha forte identidade persoal, sem um “ego“ bem delimitado, nom saberiamos viver. Esta identidade vem-nos em grande medida dada, pola herdança familiar e polo nosso meio social. Ela é construída nom só de caraterísticas físicas e de caráter, mas ainda de expetativas, do que é esperado de nós (ou do que percebemos ser esperado de nós), de sucessos ... e de insucessos. Nom raro, sofremos de períodos de crise identitária, pois essa identidade persoal que “carregamos“ tem um tam grande peso que pode acabar por nos extenuar. Tentamos entom mudar o seu conteúdo ou a sua forma, e por vezes até trocá-la por umha outra.
E enquanto isso, nem sequer damos em pensar que talvez nom seja necessário cangar pola vida fora cumha carga identitária tam pesada ...
O que há atrás da violência humana, a qualquer nível? Atrás das guerras, dos abusos sociais de todo o tipo? Atrás dos nossos próprios conflitos persoais, das nossas frustrações e medos?
Eu cuido que atrás delas há sempre um ego, umha identidade persoal temerosa de nom ser realizada, ou resentida, ou ameaçada na sua integridade.
Matinemos por um momento nos conflitos políticos e geoestratégicos do nosso mundo. Acharemos atrás deles, sempre, o culto da personalidade, das ideias e esquemas que o ego cria e que acabam por nos escravizar. Mesmo aqueles que venhem pra loitar por ideais de justiça e fraternidade acabam presos nas redes criadas pola sua necessidade dumha forte identidade persoal.
Imaginemos agora, mesmo por um momentinho, que fôssemos capazes de viver sem um ego claramente delimitado, que puidêssemos viver cum ego muito frouxo e mutável, um ego ... mole.
Velaí o que nos propom Steve Taylor, neste seu poeminha:
Sê moleSteve Taylor
Nom construas um ego duro e sólido
ateigado de ideias fixas e crenças firmes
Sê mole
pra nom criares fricçom ou confrontos co mundo
e pra aceitares e absorveres as tuas experiências, doadamente
Sê mole
pra que as decepções e os insultos nom te manquem
e escorreguem inofensivamente após a tua moleza ter absorvido a sua força
Sê mole
pra que os pensamentos e as emoções nom se che adiram
e as ideias nom se che tornem teorias rígidas que nom poidam ser contraditas
Sê mole pra que a animosidade nom demore até formar-che umha xenreira
e pra que a dor desapareça antes de tornar-se trauma
Sê mole
pra te poderes vergar co vento, sem te quebrares
e pra te enchoupares coa choiva, sem te assolagares
Sê mole
pra poderes passar polo mundo sem o estragares
e pra deixares apenas o mais lene dos vieiros
que haverá esvair coma umha nuvem
e tornar-se parte do ar que cada quem respira
Traduzido do inglês ao galego por Xavier Andre, tradutor e poeta espiritualista galego (Peculiaridades galegas incluídas neste artigo: umha = uma; pola = pela; saberiamos = saberíamos; cangar = soster, suportar; matinar = reflectir, ponderar; cumha = com uma; cuidar = julgar; venhem = vêm; velaí = eis; ateigado = cheio; doadamente = facilmente; mancar = magoar; che = te; poidam = possam; xenreira = cenreira, má vontade; enchoupar = embeber, empapar; choiva = chuva; assolagar = alagar, inundar; vieiro = camininho estreito, coma = como)
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Xavier Andre Produtos: “De volta à saúde“, traduçom do livro do psicologista transpersoal, Steve Taylor, “Back to sanity“. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
