se um dia o meu amor...
Autor Claudette Grazziotin
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/8/2006 6:33:18 PM
Se um dia o meu amor
eu não puder conter,
não for mais capaz de segurar,
e, numa extrema ousadia for te procurar;
por favor, não fecha para mim, a tua porta,
convida-me amoroso, a entrar.
Com tuas mãos ternas,
retira com carinho,
de meus cabelos,
a neve que enfrentei e as folhas mortas.
De mim, receberás um beijo tão ardente
que derreterá o gelo
dos teus invernos inclementes,
incinerará tuas tristezas,
aquecerá tua alma e deixará
teu corpo incandescente.
Quando por fim, mergulhares
no remanso pacífico
dos meus olhos verdes, verás
que não sou nenhuma malfeitora, e,
surpreso, banhando-se neles, tu irás te encontrar.
Sorriremos os dois, felizes e contentes
se eu puder, penetrando em teus olhos de azeviche,
me ver mirando- me a te admirar.
Depois, da tua lareira,
revolve as cinzas mortas, apagadas;
reavivemos as suas brasas encobertas
colocando achas novas, perfumadas
atiçando com nosso alento,
seu fogo imolador.
Serve-nos de um vinho bom
ou uma aromática chávena de chá.
Conta-me todos os teus caminhos,
as tuas aventuras.
Fala-me das mulheres que
em recantos exóticos garimpaste
que te amaram e que amaste,
das lembranças bonitas que guardaste.
Mostra-me a magia do teu coração
e a maestria de tuas sedentas
e experientes mãos.
Eu te ouvirei do anoitecer
até a madrugada
e experimentarei o supremo prazer do risco,
da ousadia, do amor e da paixão, enlevada.
Depois, aconchegando-te em meu regaço,
passearei minhas mãos em teus cabelos
acariciando a maciez de seus fios de algodão,
enquanto for sentindo ansiosa e arfante
teus dedos leves dedilharem
os cumes dos meus montes
e, com prazer indecifrável,
nervosos, deslizarem
em busca da recôndida gruta,
que esconde uma mina de raros diamantes
no labirinto escuro dos meus vales;
revelarei para ti, meus secretos desejos,
os mais acalentados sonhos,
as rotas que tracei e venci,
para chegar a ti.
Quando o sol vier anunciando
sua dourada aurora,
irá nos encontrar no amor, pacificados,
minha mão, na tua mão pousando levemente,
teu corpo, no calor do meu corpo
repousando, entrelaçados.
Aí, sim, ao chegar a derradeira hora,
olha dentro dos meus olhos e me diz
se desejas verdadeiramente
que eu me levante e vá embora!
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