SEGURANÇA PSICOLOGICA ...!!!
Autor Joäo Virginio Silva
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/29/2006 2:56:38 PM
Somos as criaturas mais estranhas da face da terra_ peregrinamos a lugares tão distantes em busca de algo que está tão perto de nós. A grande maioria de nós pensa que a beleza só pode estar naqueles lugares distantes, jamais aqui onde estamos_ e que a Verdade nunca se encontra em nossas casas, mas em algum local especifico.
Viajamos até ao outro lado do mundo á procura do mestre, do guia ou do guru, e não damos a mínima atenção ao nosso empregado ou ás pessoas que nos cercam_ não compreendemos nem as coisas triviais da nossa vida diária_ tais como_ as nossas alegrias e tristezas das lutas diárias, e queremos compreender o misterioso e oculto.
Não conhecemos nem a nós mesmos, mas estamos dispostos e prontos, a servir e a seguir todo aquele que nos prometa uma recompensa, uma esperança ou uma utopia, seja aqui ou no céu. Penso que, enquanto estivermos confusos, o que escolhermos seguir ou fazer tem de ser confuso também. Como pode uma mente confusa escolher algo com clareza? .
Impossível! . Como podemos ver algo com clareza, se somos meios cegos? . Quando somos meios cegos_ o que vemos só pode ser parcial_, portanto, não real.
Creio que a maioria de nós sabe de tudo isso que estou falando, mas, mesmo assim, os nossos desejos e anseios são tão fortes que nos empurram, feito uma correnteza, para as ilusões e sofrimentos intermináveis.
É a nossa crença no Mestre quem cria o Mestre, e as experiências que temos devido as nossas crenças, é projetada, é moldada pela própria crença, portanto, não é real também.
Agimos de acordo com aquilo que aprendemos ou com aquilo que acreditamos ser o correto_ e essa ação condicionada por padrões ideológicos, produz, evidentemente, aquilo que ansiosamente desejamos, mas o preço que pagamos por isso, é sempre muito sofrimento. A crença nas mãos de um individuo de capacidade e esperto pode torna-se uma coisa potente e muito perigosa_ torna-se uma arma mais perigosa do que um canhão.
Para a grande maioria de nós, a crença tem muito mais significado do que a própria realidade. Não acredito que para compreendermos a vida como de fato ela é_ há necessidade de crenças_ pelo contrário_ penso que a crença, a idéia, o preconceito constituem um positivo empecilho á compreensão.
Mas, mesmo assim, a grande maioria prefere se agarrar ás suas crenças e dogmas_ talvez, porque, as crenças e os dogmas nos façam esquecer de nós mesmos e nos dão estímulos e promessas futuras. Se, realmente, compreendêssemos a natureza das nossas crenças e a razão do por que, a elas nos apegamos, certamente, desapareceria das nossas vidas uma das causas principais do antagonismo existente entre nós.
Todos nós desejamos ganhar ou obter alguma coisa, seja aqui ou lá no céu_, mas o desejo de ganho, de recompensa, seja em beneficio próprio ou de um grupo, conduz, inevitavelmente, á ignorância e á ilusão, á destruição e ao sofrimento. Por que? .
Porque este desejo não é apenas de confortos físicos cada vez maiores e mais intensos_, mas também de poder sobre os outros_ o poder do dinheiro, do saber, da identificação, etc.
A ânsia que temos de possuir “Mais e Mais_ cada vez Mais”_a ambição em todos os níveis_ é o começo do conflito e do sofrimento.
Claro que o sofrimento perturba e incomoda muito_ é por isso, que procuramos fugir dele através de ilusões de todos os tipos_ tais como_ repressão, substituição, sublimação, etc.
Mas, entretanto, mesmo tentando fugir do sofrimento por essas vias ilusórias_ a nossa ansiedade continua, talvez, num nível diferente, mas ela continua, não é verdade? .
O anseio de ter, ou de ser, ou em qualquer outro nível, é sempre conflito e dor.
Um dos mais fáceis meios de fuga de nós mesmos ou da realidade é o guru, o mestre.
Algumas pessoas tentam fugir da realidade ou de si mesma através de alguma ideologia política e suas respectivas atividades. Outras, através das sensações que os rituais e as disciplinas provocam nelas_ outras, ainda, através do Santo, do Mestre. Sendo assim, os meios que elas usam como meio de fuga, se tornam, então importantíssimo, e o medo e a obstinação protegem os meios usados. Assim, não importa, então quem você é_ o mestre é que é importante. Ou seja_ você é importante apenas como discípulo e nada mais.
Só que para você se tornar um discípulo, você tem de fazer certas coisas, tem de ajustar-se a determinados padrões, submeter-se á certas ordens e provações.
E claro, que a grande maioria de nós está muito pronta a fazer tudo isso e mais alguma coisa_ porque a identificação com uma crença ou com uma ideologia qualquer_ nos dá prazer e força. Então, em nome do Mestre_ o prazer e o poder se tornaram coisas respeitáveis. Ou seja_ você não está mais á sós_ confuso e desorientado_ agora você pertence ao Mestre, ao partido, á idéia, etc. Agora você está em segurança_ afinal, é isto mesmo o que quase todos nós queremos_ estar á salvo, estar em segurança.
Estar perdido em companhia de muitos é uma forma de segurança psicológica_ estar identificado, afinado com um determinado grupo, uma idéia, antiga ou espiritual, é sentir-se em segurança. Por esta razão, a maior parte de nós está apegada ao nacionalismo, embora esse tal de nacionalismo patriótico traga dia a dia mais destruição e sofrimentos. É também por esta razão (segurança psicológica) que as religiões organizadas, embora elas dividam, nos separam uns dos outros, gerando assim, antagonismo, mesmo assim, elas têm um domínio poderosíssimo sobre a maioria das pessoas.
A ânsia de segurança individual ou coletiva acarreta destruição, e estar em segurança psicologicamente gera a ilusão. Nossa vida é ilusão e sofrimento, com raros momentos de claridade e alegria, e por isso aceitamos facilmente qualquer coisa que nos prometa um pouco de alivio e ou uma tábua de salvação.
Algumas pessoas, quando percebem a futilidade das utopias políticas, viram pessoas religiosas_ o que dá no mesmo_, pois, essa atitude significa que a pessoa está tentando, agora, através da religião, encontrar a segurança e a esperança que busca, nos Mestres, nos rituais, nos dogmas e nas idéias.
A partir do momento que a crença molda, dá forma, materializa a experiência, o Mestre se transforma numa realidade incontestável para o crente. Depois de experimentar o prazer proporcionado pela identificação, a mente do individuo fica firmemente entrincheirada, e nada pode abalá-la_ pois seu critério, sua medida é a experiência.
Só que a experiência, porém, não é a Realidade. Porque a Realidade não pode ser experimentada. A Realidade, apenas é. Se alguém pensa conhecer a Realidade, então o que essa pessoa conhece é somente ilusão. Qualquer conhecimento da Realidade é pura ilusão.
Porque o conhecimento ou a experiência tem de cessar para que se possa manifestar a Realidade. A experiência não pode encontrar-se com a Realidade. Porque a experiência molda o conhecimento, e o conhecimento põe a experiência ao seu serviço. Portanto, ambos devem cessar, para que a Realidade ultima possa ser.
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