SEMENTINHAS?
Autor Ricardo Oliveira
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/6/2005 4:46:40 PM
Uma sementinha...
É um desafio diário sair ou ficar em casa um dia, todos os dias ou quaisquer de nossos dias. Não há mais local seguro para abrigarmos nossos medos.
Antigamente, parece, que nossos pais tinham as suas salvaguardas. As casas antigas nem precisavam de cadeados. Bastava uma simples tramela de ferro ou pau para evitar a batida e a entrada do vento sem anunciação. O correio demorava em levar a carta e muito mais ainda ele demorava em trazer uma resposta.
Hoje, se saímos de casa, deixamos para trás uma porta trancada a sete chaves e, conosco, arrastamos nosso medo.
Tudo que nos parece importante preservar e salvar é o medo. Medo de perder o que ficou em casa. Medo de perder o que carregamos conosco. Medo de perder o carro. Medo de perdermos nossos amados e amadas.
Se ficamos em casa, então, tem a “bem-dita” e a “mau-dita” INTERNET. A jato. Instantânea, até.
Personagens virtuais aparecem e desaparecem em segundos ora a nos carregar até as nuvens, ora a nos apavorar com situações de encontros e desencontros.
E vem o medo. Medo de achar a pessoa certa. Medo de achar aquela “certa” pessoa que nos conhece bem e por esta razão não nos permite fantasiar. Medo de saber que por aqui não há limites e se aventuram com as mais singelas apresentações como “proteção medal”.
“Não gosto disso”. “Gosto daquilo”... Tudo pensando no que o medo de gostar disso e não gostar daquilo nos trará.
Onde andará aquela Mulher - virtual ou real - que se aventura em busca da ventura? Que, como a Terra, acolhe todos os frutos da natureza? Que seja o raio, a chuva fina, a torrente arrasadora de um desgelo que por ela passam? Que seja a secura do Sol a pino? Que seja capaz de dobrar todos os homens? Que seja capaz de ser a Mãe de Deus? Que seja capaz de ser Lilith ou Eva, a destruidora, do Paraíso na Terra? Onde andará adormecida/entorpecida esta mulher calada para seus sonhos, seus instintos? Calada para toda a sua vida e somente falante para replicar lamentos.
Onde anda aquele Homem - virtual ou real - que se arrisca totalmente na busca da ventura na aventura? Que explode como raio? Que fecunda a mulher como a chuva fecunda a terra? Que faz florescer sorrisos? Que morre para que um outro/outra qualquer continue vivo? Capaz não de ser só o filho, mas de ser o irmão, o pai, o companheiro e procriador. Que não tem medos? Que não se envergonha de ser menos ou igual a qualquer mulher? Que pode chorar sem sentir dor? Que pode amar sem perder a ternura? Que pode superar quaisquer limites em busca deum par?
Será que ainda estão sementinhas?
Ricardo Oliveira
01/03/2005
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 9
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