Sentimentos e inclinações
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Autor Bernardino Nilton Nascimento
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/17/2010 7:53:01 AM
Se procurarmos os fatores de um movimento ideal que nos conduz à consciência, seremos levados a uma série de tendências sentimentais e de atos necessários à recreação e à expansão da vida, porém, dentro de cada um de nós nasce, do fundo do nosso “EU”, certos conceitos , “e a isto podemos chamar de inclinações”. Uma espécie de movimento da alma que possui uma força a se dirigir a algum sentido e que pretende nos prender a coisas aparentemente desejáveis.
A inclinação é sempre representada como algo de muito confuso, de muito obscuro e quase inexplicável. Ela é resultado de diversas tendências, muitas vezes mais próximas dos pensamentos do que da essência. Ela é, não somente o resultado de toda nossa experiência individual, mas ainda de lembranças de muito longe, muito mais além do que imaginamos, que explicam certos gostos, preferências, repúdio ou até medos de coisas aparentemente inofensivas, paixões, enfim, coisas que ficaram em nosso inconsciente, se debatendo.
Seria ideal que as nossas inclinações fossem por algo natural a esta vida, até por que seria difícil viver nela sem se importar com as nossas preferências e sentimentos. Mas, por mais selvagens que elas sejam, nada autoriza que sejam anuladas sob a influência das experiências, desta e de diversas outras vidas vividas e mais sua transmissão hereditária.
Muitas vezes, os sentimentos e as inclinações parecem não ter relação. Seriam puramente vindos desta vida e de suas emoções. Porém, procurando analisar os sentimentos mais elevados e mais significativos, sentimentos religiosos, moral, divino e apaixonado, enxergamos por que os místicos deixam de descrever a perturbação que os agita, a tempestade interior que os destrói? O êxtase religioso tem sua atitude corporal, propriedade dos sentimentos.
Às vezes, fica fácil enxergar que o sentimento tem a mesma natureza da emoção. Os fatores são os mesmos e podem vir a influenciar em nossa inclinação. Todos os sentimentos saem das emoções por transições insensíveis. Em muitos casos, pode-se seguir, passo a passo, esta transformação, observar a composição, a coordenação da circunstância mais simples no resultado total e, por toda parte, encontrar os mesmos fatores.
Por mais obscura e por mais difícil que seja demonstrar a diferença entre os sentimento da emoção e da paixão, eles possuem características comuns não nos permitem confundi-los com a emoção ou com a paixão se as transições forem insensíveis, se as fronteiras forem indecisas. Normalmente, todo mundo sente a distinção entre os sentimentos de emoção e de paixão. Eles não se confundem tão facilmente.
Poder dizer da vida sentimental o que se diz da emocional, visto que elas continuam e se assemelham, embora com mais ponderação, com mais calma e, sobretudo com mais reflexão e mais equilíbrio, é o mesmo que dizer que as duas estão na mesma condição de adaptação, um fator da evolução espiritual. Desempenha-se o mesmo papel especial nesta evolução, como na educação, na fé e na segurança nas atitudes. A segurança é o nosso grande meio de ação.
Na razão pura, o saber exerce pouca influência sobre os nossos atos, pelo menos diretamente. Nossa conduta seria, pois, sobretudo emotiva, e com isso abriria um pouco mais o caminho para nossa evolução espiritual, à vontade, à reflexão e ao comando de si mesmo, e deixaria a nossa inclinação intervir na vida sentimental que não nos fornecer um intermediário feliz, de quem tem bastante elasticidade e ponderação para se dobrar e se subordinar à nossa reflexão, à nossa inteligência e à nossa razão. De uma forma ou de outra, teria bastante poder sobre a nossa organização prática e ativa, para se fazer obedecer e nos fazer agir. E, sobretudo, por essa forma indireta que as pessoas, o conhecimento, o saber e a razão poder influenciar as nossas ações, é que a educação se torna possível, pelo menos até certo ponto. Nossa vida sentimental é, assim, uma alavanca, que se serve da vontade primordial para introduzir a ração na nossa conduta.
O faro, o tato, a fineza, a delicadeza, que são os costumes mais difíceis, talvez para aprimorar nossos sentimentos, também são mais necessários para a ação verdadeiramente ética como elementos importantes na nossa vida sentimental.
A razão e o rigor da inteligência de nada servem para a ação, se não forem mantidos e transformados pelo entusiasmo do sentimento. E neste sentido vem a boa hora para o amor, a fim de que realize a justiça. Sem o amor não há razão nem justiça.
Observemos na nossa consciência a organização do sentimento e analisemos seus fatores internos. A crise mais importante que se produz na evolução de um fato efetivo “se realiza no momento em que seus objetivos saem da esfera da sensação e da percepção para entrar na da representação e da lembrança. A fonte de toda poesia, de toda moral e de toda religiosidade superior não se encontra, senão aí, onde a emoção não tem o seu objetivo imediatamente presente”.
Pela distância e pelo afastamento da causa, pela facilidade e pelo número de captações que a imaginação permite, o fator afetivo aumenta, amplia-se, torna-se mais profundo, mais estável, mais equilibrado; não pertence mais ao acaso do instinto, mas é o fruto de uma inclinação.
O sentimento, a inclinação, são, pois, de uma maneira geral, guias necessários para o crescimento da vida afetiva superior. São eles que te dão força de expansão.
BNN
Texto revisado
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"Não seja um investigador de defeitos, seja um descobridor de virtudes"./ "Quando a ansiedade assume a frente, as soluções vão para o final da fila"./ "Quando os ventos do Universo resolve soprar a favor, até os erros dão certo". BNN E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |