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Sentir prazer é pecado?

Atualizado dia 6/16/2007 10:05:01 AM em Autoconhecimento
por Flávio Bastos


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Nossas vidas estão balizadas por princípios e regras de prazer e dor. Somos animais cujos comportamentos e mentes estão enquadrados nesses termos. Procuramos o prazer (por via do amor ou por outras vias) e fugimos à dor. Procuramos o prazer da comida, o prazer da poesia, o prazer da música, o prazer do poder, do domínio. Fugimos à dor imediata, à dor causada pelo espectro da morte, à dor associada aos nossos medos. No entanto, temos encontrado a satisfação do prazer que buscamos?

Toda recompensa para o cérebro é bem-vinda, seja ela uma experiência vivida com alguma intensidade ou uma droga ilícita. Existe risco de um cérebro ficar dependente e desenvolver um processo compulsivo, sempre que neurônios encarregados de reconhecer recompensas forem repetidamente estimulados por substâncias químicas ou vivências que trazem sensação de prazer. Instala-se, dessa forma, a compulsão denominada popularmente de "vício".

Os dias atuais em relação ao comportamento humano têm se caracterizado como uma verdadeira batalha de influências externas gerada por valores liberais e consumistas transmitidos pela mídia, contra valores morais, éticos e religiosos internalizados no indivíduo por influências da cultura regional, da sua personalidade congênita e dos responsáveis pela sua educação.

E o indivíduo, muitas vezes perdido e inseguro nesse "cenário de batalha" onde bombas explodem e a artilharia anti-aérea responde, foge do horror e refugia-se no seu "abrigo anti-aéreo". Assim ficando, indefinidamente, sem saber qual dos dois lados da guerra está com a razão.

Qual o limite, ou seja, até que ponto devemos dar vazão aos nossos sentimentos, aos nossos latentes desejos satisfazendo o nosso ego e reprimindo menos os nossos instintos?

"Quero levar-te a um baile de máscaras
E ficar contigo até de manhã.
Sentir que estamos sozinhos outra vez no meio da multidão,
Ignorados por todos, ao abrigo dos curiosos, cercados de pessoas,
Mas separados deles por uma barreira tão frágil e no entanto invencível,
Uma forma de existir momentâneamente
Só, através da multidão.
Vamos pecar?
Porque não?"
"O pecado e o prazer"


Nas últimas décadas, com o avanço tecnológico que trouxe a modernidade às nossas vidas, trazendo consigo valores relacionados ao consumo e ao prazer imediato, temos observado um aumento considerável no que diz respeito ao índice de desequilíbrios psíquicos relacionados, principalmente, aos casos que envolvem características compulsivas. Parece que o indivíduo, cada vez mais influenciado por modelos consumistas, neuroticamente começa a perder o discernimento entre o que significa "sentir prazer" e "buscar" compulsivamente formas de prazer que lhe dêem alívio imediato satisfazendo forças ocultas de seu inconsciente.

A tendência cada vez mais acentuada à compulsão via oral através de "alimentos", da bebida alcóolica, assim como a prática do sexo compulsivo e do uso de drogas, são evidências que sinalizam uma sociedade contaminada por distorcidos valores e que necessita, urgentemente, reverter esse doentio estado de coisas.

Por outro lado, à medida que reprimem o "sentir prazer" como uma opção de viver, algumas religiões ou seitas contribuem para que não se firme na sociedade dos homens uma orientação no sentido de termos, principalmente entre os jovens, uma referência saudável e equilibrada na experiência vital do prazer. O homem, por influência dos excessos dos dois polos antagônicos entre o sentir saudável e o não-sentir patológico, está, gradativamente, perdendo o prazer em ouvir uma boa música, saborear uma boa comida e uma boa bebida e fazer sexo com qualidade.

Estamos perdendo também o bom senso ou o senso de limite, porque à medida que exageramos na busca do prazer imediato, podemos nos tornar - nem que seja transitoriamente - indivíduos compulsivos. E se repetimos e repetimos a dose, corremos o sério risco de tornarmo-nos compulsivos crônicos e nos distanciarmos, a passos largos, do "sentir" a vida com prazer.

Em suma, o que estamos perdendo é o que não deveríamos perder: a lucidez. Porque à medida que perdemos a lucidez deixamos escapar o nosso mais importante referencial de equilíbrio para que funcione a capacidade de discernimento tão necessária nas diversas situações da vida.

Portanto, o prazer é uma necessidade humana e não deve ser entendida como "pecado", nem tampouco como uma neurótica e desenfreada busca, e sim como uma natural e indispensável opção de referência equilibrada e saudável de vida. Porém, sem jamais perder o foco da lucidez e do discernimento. Somente assim podemos sair do nosso "abrigo anti-aéreo" com segurança e sem a preocupação em saber qual dos dois lados da guerra está com a razão ou a verdade. Tudo por um simples motivo: o nosso interior estará pacificado.

Psicanalista Clínico e Interdimensional
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Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
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