Ser simplesmente gente é uma experiência espiritual
Atualizado dia 30/05/2007 11:29:07 em Autoconhecimentopor Vera Godoy
O primeiro disse: "Quando a água é clara, a lua aparece".
E o segundo: "Quando a água é clara, a lua desaparece".
Yen T’ou, o Mestre, ouvindo-os, desferiu um forte pontapé na bacia antes de se retirar.
O gesto espontâneo de Yen T’ou anulou o falatório dos dois monges, que, para mostrarem superioridade, comentavam tolamente as aparências.
Sua intervenção, mesmo que grosseira, desnuda a falsidade de um problema: ao golpear a bacia, despoja o senso comum de seus discípulos e ataca a vaidade espiritual pela raiz.”
O homem só pode subir ao nível do Divino pelo caminho do serviço e da simplicidade, e nunca o da vaidade e da ostentação. Quando o homem não é capaz de entender a natureza humana, como poderá entender a Divindade?
O poder divino latente no homem não é despertado sem que primeiro seja ele mesmo capaz de reconhecê-lo e desenvolvê-lo através de muito trabalho pessoal, estudo, e serviço, até que sinta-se capaz de passar seus conhecimentos aos outros com muito bom senso, discernimento e responsabilidade.
Todas as práticas espirituais sem essas qualidades, e, principalmente, amor, são um desperdício de tempo. Mas, o “amor” citado aqui, não é o amor a si próprio, o amor vaidoso e baseado nas falsas aparências, na vaidade que surge, muitas vezes junto com o poder de achar-se capaz de realizar um trabalho espiritual, mas, sim, o amor ao serviço, ao Plano Superior, à uma missão, e esse nunca é traduzido com ostentação, aparências, e futilidades, mas com MUITA SIMPLICIDADE e RIQUEZA.
Esta riqueza, não está relacionada às aparências, a tesouros materiais, e sim, ao poder dos sentidos. Este poder que vem de dentro e emana amor incondicional. Sua vibração é reconhecida pela sutileza, pela doçura, e deve ser utilizado para o serviço à sociedade.
A SIMPLICIDADE, é a qualidade imprescindível para nossa vida de maneira generalizada, não somente no trabalho espiritual. A Nova Era exige de nós que simplifiquemos cada vez mais nossa vida para conseguirmos realizar nossos propósitos.
O historiador e cientista social americano Duane Elgin (em seu primeiro livro, Simplicidade Voluntária, de 1981), diz: “que vida simples é fruto de um propósito que a gente tem, pelo qual fica mais fácil descartar excessos, direcionar a energia de modo ordenado, ser mais coerente, sincero, consciente. A simplicidade começa dentro da gente quando decidimos o que realmente importa para cada um de nós. Simplicidade voluntária quer dizer escolher o nosso caminho na vida de forma consciente, deliberada e de nosso próprio acordo. Não é apenas viver com menos, mas viver com propósito e equilíbrio".
Para isso é necessário que tenhamos domínio sobre nossa mente. Não podemos ser escravos do corpo, da mente e dos sentidos, eles devem estar sob nosso controle, só dessa maneira podemos alcançar a Mestria e ser capazes de ensinar e trabalhar espiritualmente.
Principalmente o ser humano que tem compromisso com um trabalho espiritual, de serviço ao próximo, compreende primeiro a si mesmo e nunca se exibe.
Mas, como é difícil a opção pelo simples! Na vida material, significa cortar excessos, exercitar o desapego, contribuir para que o homem reveja seus valores, aproximá-lo do natural, daquele homem que respeita a natureza, que descobre o que é essencial.
Na vida espiritual de serviço ao próximo, significa não se supervalorizar, abandonar a ostentação e o orgulho, dedicando-se somente à intenção de ser VERDADEIRO, e isso não é descrever o que viu, ouviu ou fez; pelo contrário, é deixar que o outro descubra seu próprio caminho, direcionando-o para que siga o seu coração, o seu Mestre interior, o Único capaz de lhe dizer qual o seu propósito de vida.
Duane Elgin chama a essa consciência de "despertar": mudamos não só a relação com as posses, mas compreendemos nossa interação com o complexo vivo e dinâmico das forças da natureza, e é isso que leva o ser humano à sua mais profunda aspiração: SER FELIZ!
Grandes Mestres Espirituais sempre se fizeram sensíveis a essa aspiração, esmeraram-se em refletir sobre ela, em definir-lhe a natureza, denunciando possíveis enganos, que chamaram de tentações, e propondo comportamentos pertinentes, que chamaram de virtudes, à sua realização.
A verdadeira espiritualidade não deixa, de brilhar tanto em grandes homens e mulheres que ficaram conhecidos por criarem escolas de espiritualidade, como em pessoas simples e anônimas que foram e são, indiscutivelmente, mestras da arte de viver espiritualmente.
Todas as religiões oferecem a seus seguidores um itinerário de vida espiritual. Lembrando Buda, Confúcio, Moisés, Maomé, Jesus, entendemos que existem muitos modos de ser espiritual, mas, todos propõem o mesmo ideal: chegar à plenitude, mesmo que por caminhos diversos, mas, ser simplesmente gente, e deixar-se conduzir com responsabilidade já é uma experiência espiritual.
MESTRE EL MORYA DIZ:
“É difícil orar quando a mente está ocupada com pensamentos mundanos.
A Vontade simples deve proteger o local da oração.
É melhor conhecer verdadeiramente os homens, do que se impressionar com suas máscaras.
Muitas vezes uma simples imagem santa é mais querida que uma dourada.
Leva-se muito tempo para introduzir pensamentos puros nos homens.
Futilidades são inúteis, quando tu recebes Minha instrução.
Quando os frutos são colhidos nas florestas, apenas os melhores são apanhados!
Ser simples é saber principalmente discernir se estamos prontos para o serviço à Luz!
VERA GODOY.
Participe do Ritual da Chama Violeta
Texto revisado por: Cris
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