Setenta vezes sete...
Autor Adriana Garibaldi
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/27/2008 1:13:42 PM
O ato de perdoar os inimigos nos foi proposto por Jesus, o Cristo, num período da história em que a lei mosaica do “olho por olho e dente por dente” era aplicada com todo o rigor.
A proposta de Jesus, convidava os seres a uma profunda reformulação de valores, fazendo com que o rumo da humanidade se transformasse da barbárie para um maior aprimoramento moral e espiritual.
Mais de dois mil anos se passaram e continuamos esbarrando na antiga dificuldade de pormos em prática, esses luminosos preceitos.
Muitos de nós, ainda enveredamos pelo caminho da cólera, no inconformismo e na presunção, em se tratando do perdão aos inimigos,situação moral de difícil solução, quando a incompreensão das leis que regem a vida nos aprisiona em comportamentos que já deveríamos ter superado há tempo.
Aprender a perdoar é uma benção. Contudo, após este primeiro passo em direção à libertação de nós mesmos, poderemos ser convidados a darmos mais um segundo e definitivo passo, que nos livrará da roda das encarnações dolorosas.
Quem alcançar este segundo estágio colocar-se-á, ante seu semelhante, na postura correta, sem que precise perdoar, porquanto sequer se sentirá ofendido.
Reconheçamos que não compete a criaturas falíveis como nós o direito de emitir juízo a respeito dos outros, condenar ou perdoar a quem quer que seja.
Quando Jesus falou a respeito do perdão aos inimigos, o fez para uma comunidade hipócrita e cheia de si, que se sentia no direito de condenar aos outros, através de penalidades cruéis, e desprovidas de qualquer traço de benevolência .
O ensinamento de Jesus, fora o único meio possível nesse momento, por quanto era dificilmente aceito para nos a noção de sublimação da vida a ponto de sermos capasses de abandonar o ego prepotente e orgulhoso em que nos detínhamos.
Falar-nos do perdão aos semelhantes, era até aceitável na época, considerando que à lei mosaica abria a possibilidade, especialmente às autoridades constituídas, utilizar-se não raro desta forma de concessão, com o propósito de agradar as massas.
Uma nova humanidade está despontando, no horizonte do porvir, uma humanidade que já percorreu um longo caminho na senda da auto-consciência. Para ela, a proposta será mais significativa ainda, não a do perdão às ofensas, mas a da remoção de todo melindre pessoal.
Se analisarmos os sentimentos que entram em jogo, quando nos sentirmos ofendidos, por algum ato infeliz de nossos semelhantes, descobriremos que a parte que se ofende, alterando-se pela cólera de alguma maneira, é sempre o nosso ego inferior, que exige retratação ou que, num grau mais sutil de compreensão, se dispõe a perdoar.
Sem dúvida, o ato de perdoar e um passo importante a ser dado, enquanto somos incapazes de não nos magoar, não nos ferir, não nos melindrar pelas atitudes infelizes dos outros.
Consideremos com carinho uma idéia ainda maior, uma postura ainda mais ampla. um patamar ainda mais lúcido.
Ora, se subjugarmos o nosso ego inferior ao influxo da mente Crística, não nos será necessário o recurso do perdão, porquanto, não havendo em nós um ego que se magoe, o perdão às ofensas seria desnecessário.
Após, havermos repetido a lição do perdão aos inimigos, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, estaremos aptos a começar a praticar o ato da não ofensa, setenta vezes sete passos adiante, na evolução de nosso ser.
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