Silenciar só por amor
Atualizado dia 4/29/2006 1:50:10 AM em Autoconhecimentopor Vera Godoy
Silênciar sobre sua própria pessoa é humildade.
Silenciar diante do sofrimento alheio é covardia.
Silenciar quando o outro está falando é delicadeza.
Silenciar quando o outro espera uma palavra é omissão.
Silenciar quando não há necessidade de falar é prudência”.
O silêncio, muitas vezes, tem um poder muito maior de trazer resultados numa relação do que falar e expor os fatos que a todos incomodam. Saber a hora de calar é compreender a necessidade de reflexão, mas identificar a hora certa de falar ou calar é que trará luz aos fatos. Sem dúvida podemos afirmar que quando ignoramos esse "momentum" podemos interferir inadequadamente na vida e também nas condições físicas, emocionais e psicológicas de todos os envolvidos.
Sempre existe uma causa para um comportamento inadequado e errar é inerente à toda natureza humana, é inclusive necessário para nosso aprendizado na vida; só evoluimos através dele.
A decadência de um relacionamento começa quando não conseguimos mais enxergar nada de positivo no outro, quando não há mais respeito mas, principalmente, "quando não existe intenção e boa vontade de um dos parceiros em relevar os aspectos negativos do outro, considerando somente as qualidades positivas e atrativas". Permanecer nessa situação de "total falta de comunicação” leva as pessoas à depressão e a atitudes de desespero.
Qualquer forma de expressão é mais saudável que a tortura de conviver com o silêncio do outro. Diz a canção: “dói mais teu silêncio do que tua agressão".
Somos todos muito diferentes e nos iludimos achando que existe a "tampa da nossa panela", mas bastam alguns segundos de conversa entre duas pessoas para constatarmos que a percepção da realidade de uma é diferente da outra. Cada um de nós tem uma verdade e se a considerarmos sob uma “percepção rígida e inflexível" ofuscaremos qualquer possibilidade de compreender a do outro. Para muitos "tentar essa compreensão" significa perder sua identidade, se anular, se diminuir.
Um grande filósofo já disse: "Você quer ter razão ou prefere ser feliz?" Evitaríamos muita coisa nos calando, silenciando, mas muita coisa também seria evitada se falássemos, se nos comunicássemos, se tivéssemos diálogo e consideração pelo outro.
Esse silêncio inoportuno, na hora errada, é também uma forma de violência. É uma situação velada que não causa tanto impacto na sociedade quanto a violência física, por não existir manifestação explícita e aparente de agressão, porém é uma realidade tão cruel quanto a outra; a diferença é que a segunda deixa marcas visíveis, contudo na primeira, as feridas podem ser mais profundas e perigosas, porque se trata de uma violência emocional. A violência emocional destrói a auto-estima do outro. A agressão verbal é uma violência também, mas é real, concreta, deixa para o outro uma oportunidade de "concluir algo e de ter uma referência". O silêncio indiferente ou a simples ausência de diálogo, é a omissão de um comentário ou argumento esperado para o momento e, portanto, machuca muito mais.
Nesse tipo de violência também acontecem a depreciação da família e do trabalho do outro. Esclarecer e aceitar as diferenças é aceitar a verdade do outro, é admitir o nosso equívoco diante de uma realidade: "as diferenças não atrapalham a convivência"! Elas, em certos momentos, nos aproximam justamente porque nos afastam da rotina. É o que geralmente acontece quando se inicia uma nova relação. Quando os relacionamentos começam, são essas diferenças que "fascinam" os parceiros. A novidade e a surpresa provocam uma vibração que motiva e colore a relação, porém, quando é necessário conviver com elas rotineiramente, não resistimos e calamos, silenciamos.
Amor se demonstra em atitudes concretas. Mesmo com todas as dificuldades da vida, quando ainda existe respeito, perseverança e disposição de compreender, alegria em compartilhar, vemos os dias seguirem com o fortalecimento dos laços que unem um casal. É no dia-a-dia que se solidificam os relacionamentos. Sentimentos que não são traduzidos em atos não alcançam o outro e quando nossas atitudes demonstram mais ressentimento e indiferença que afeição ficamos atordoados, sem chão.
Lembre-se: amor, atenção, carinho e amizade não se pedem. Apenas se recebem. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro e que ouve isso do outro.
O silêncio é plenitude de comunicação. Evitar o silêncio negativo do mau-humor, da agressividade, do desgosto, da raiva e, principalmente, da “ausência”, é demonstrar sensibilidade, afetividade e respeito. O silêncio quando é amor, fala e quando é desamor, agride. O ato de falar e o de calar precisam um do outro, pois quem fala quer ser ouvido e para ouvir é preciso calar. Vamos aprender a arte de silenciar só por amor!
A Oração da Serenidade fala em aceitar as coisas que não podemos modificar e essa aceitação não deve ser confundida com a indiferença.
Concedei-nos, Senhor,
a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar,
coragem para modificar aquelas que podemos
e sabedoria para distinguir umas das outras.
VERA GODOY
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Texto revisado por Cris
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