Silêncio! Ouça a grama crescer!
Atualizado dia 09/01/2016 15:25:58 em Autoconhecimentopor Leandro José Severgnini
Existe uma frase muito sábia que diz que “se você não suporta ficar sozinho consigo mesmo, significa que você está em péssima companhia”. Consegue se identificar? Confesso que em alguns momentos da minha vida já me encontrei nessa situação. Mas engana-se quem pensa que a solução é buscar algo para fazer e se distrair. Que me perdoem os psicólogos que tentam curar sintomas de depressão à base de atividades que façam o paciente se distrair. Não! Por favor, não! Você não tem que se distrair do seu próprio EU. Você está aqui para encará-lo de frente, mudando tudo aquilo que precisa para que um dia a sua própria companhia possa ser agradável a si mesmo. Fugir das suas dores é fugir de si mesmo, pois elas são seu próprio patrimônio, só precisam ser compreendidas e transformadas.
Mas a agitação e o super-atarefamento se tornou um vício, um vício difícil de largar, não porque seja prazeroso, mas porque, na maioria das vezes, é menos constrangedor do que observar a si mesmo, com todos os seus defeitos, com todos os sentimentos ruins e pensamentos desequilibrados. E a agitação externa é excelente para abafar a gritaria interna.
Esqueça esse falso conceito que diz que se encher de atividades (muitas vezes desnecessárias) é produtivo e o torna pleno, enquanto o silêncio é algo chato. Do ponto de vista espiritual, é exatamente o contrário: encher-se de coisas e afazeres externos, na maioria das vezes é sinal de vazio interno; já o vazio externo quase sempre denuncia uma plenitude interna.
Existe um lugar dentro de cada um que é puro silêncio, mas é um silêncio pleno, coberto de beatitude, que exala a pura fragrância de uma serenidade ímpar, de uma felicidade pura, fácil e desapegada. Não é algo que precisa ser alcançado ou construído, é algo que precisa ser descoberto, revelado, permitido. Não o reconhecemos por que nunca fomos ensinados a isso. Em uma época muito remota de sua infância, você já viveu esse estado de liberdade e naturalidade; e é por isso que não nos lembramos de nada dos primeiros anos nossa infância, por que com o tempo essa naturalidade foi encoberta por memórias, culturas, crenças e padrões que hoje constituem a nossa personalidade e ditam o nosso comportamento. Julga isso positivo? Então me explique por que os antidepressivos se tornaram quase um combustível humano?!
Não estou fazendo um convite para se tornar um hippie, mas propondo que passemos a ser mais afeitos ao silêncio, à meditação, ao relaxamento em meio à natureza. Não é chato ficar sem fazer nada, apenas observando a respiração, ouvindo o som do vento e procurando diminuir o ritmo dos pensamentos. Chato é não conseguir lidar com as inquietudes internas a tal ponto de não poder ficar sozinho. Se você não é uma boa companhia a si próprio, como espera ser aos outros?
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 7
Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |