SÍNDROME DA DISPONIBILIDADE



Autor Allexandra Sanches
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 22/06/2007 11:01:59
E o que é isso?
Confesso que ainda não sei muito bem, mas espero que vocês me ajudem a formar o tal do "arcabouço teórico" que ampara as novas idéias... Pensemos juntos sobre isso...
É que venho me ocupando de analisar o quanto, ultimamente, estamos nos tornando mais do que disponíveis, quase que insubstitíveis.
Faça uma experiência e verá onde quero chegar. Tente, por apenas um dia, desligar o seu celular, não atender ao seu telefone fixo, não abrir a porta de sua casa ou consultório e não responder aos seus e-mails. Pensa que é fácil? Pois bem, veja por si mesmo!
Por outro lado, ao tentar falar com uma pessoa, experimente ligar apenas para o primeiro número da lista, sem cair no hábito de tentar o celular, o e-mail, o MSN. Vamos, coragem! Deixe uma mensagem na secretária eletrônica e AGUARDE O RETORNO. Mas sem crises de ansiedade, pânico ou asma. Quero ver, faça!!!!
Entendeu o que quis dizer com SÍNDROME DE DISPONIBILIDADE?
Tenho conversado com amigos que não suportam mais serem encontrados dia e noite. Reclamam que falta aquele charmoso "desentrelaçamento" do século passado, quando telefone do escritório era usado em horário comercial e o chopinho do fim da tarde, junto com novidades advindas da conversa, eram compartilhados com a esposa apenas ao chegarem em casa.
Homens mais velhos principalmente, sentem-se no big brother do casamento... Triste mesmo.
As mulheres por sua vez, são chamadas naqueles momentos que são só delas, nos quais a confraria dos flhos-pais-empregados-problemas não aparecia antes: no supermercado, no cabeleireiro, na feira, meu Deus, na feira! Celulares tocando enquanto apalpamos um caqui! É o fim do mundo!
Se não nos acham em um telefone, partem para outro e para outro e para outro e entram na internet e nos procuram no Orkut, no MSN, no Google Earth! Bem, no Google Earth ainda não, mas chegará o dia em que seremos localizados pelos satélites através do monitor de um computador de lan house.
O que me preocupa é que tammbém faço isso. Não sou apenas vítima, mas algoz tanto quanto e posso verificar por mim mesma que fico ansiosa, quase brava quando não consigo encontrar aquele a quem procuro. Parece que ELE, o OUTRO, DELIBERADAMENTE não quer me atender. Gera uma certa rejeição, um quê de fracasso. Isso acontece com vocês também? Vão seguindo a lista de possibilidades até se conformarem em enfrentar a mal-educada secretária eletrônica da caixa de mensagens, com um ar de ovelha pronta para o abate?
Pois é, pois é, pois é...
A pergunta principal é se estamos mesmo disponíveis o tempo todo e se não estamos, por que criamos tantos meios para que nos achem? Na mesma direção, se sabemos disso, como é que nos aborrecemos quando não localizamos alguém de imediato?
Eu tenho 36 anos e me lembro de que as visitas eram marcadas com intervalos de semanas... Sabíamos aguardar. Ligar para alguém, há 20 anos atrás, depois das 21:00 horas era caso de vida ou morte, ou de quem tinha mais do que intimidade: tinha, pelo menos, parentesco de 1º grau!
Faço um pedido inusitado aos leitores do Clube: que tal pensarmos nisso à luz das teorias psicanalíticas, humanistas, holísticas?
Juntemos as forças e desbravemos esse dilema: estamos ou não no século da disponibilidade?
Eu aguardo respostas, sintam-se à vontade para escrever para o e-mail. Ou não.
Aos que escreverem, responderei. Ou não.
Um beijo a todos,
Allexandra Sanches









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Allexandra Sanches Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |