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SÓ O AMOR INCLUI...

Atualizado dia 07/02/2008 22:45:59 em Autoconhecimento
por Christina Nunes


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Já se dizia que amar um igual é fácil. Não dá trabalho. O amor de mérito, caríssimos, é o que abraça semelhantes e dessemelhantes, porque denota grande capacidade de compreensão para com todos os universos humanos portadores de riquezas desconhecidas, e daquela potencialidade mágica que, em interação com os demais, promove o crescimento de todos, a evolução conjunta. E a evolução só faz sentido em sendo conjunta.

É sinal de alerta grave se algum de nós se reconhece capacitado apenas para expressar "amor" por quem lhe é, em quase todos os sentidos, semelhante - de vez que não há indivíduos clonados, rigorosamente iguais entre si - pois bem provável que um tal amor talvez não passe, pura e simplesmente, de amor próprio!

O amor verdadeiro, em qualquer tempo, será o que se maravilha com a infinita diversidade da Criação, seja lá por qual forma ela se manifeste e se nos apresente! Assim, no universo humano, se maravilhará com o negro bem como com o branco, com o sério ou com o hilário, com o mexicano ou com o japonês, com a criança introspecta e com a expansiva...

A propósito disso, lhes trago um texto de conteúdo significativo e, no sentido aludido acima, sugeridor de reflexões já tardias se o que pretendemos é aquele verdadeiro mundo de harmonia e de paz entre todos os seres.

Com a autorização da autora, pois, transcrevo:

"INCLUSÃO ESCOLAR: UMA REALIDADE FANTASIOSA
(Quando o preconceito silencia as vozes...)

Há tempos que pretendia escrever sobre o assunto.

Não atuo na área da educação, porém a minha pretensão decorre do fato de que no decorrer da vida pessoal e profissional, e também pela nossa condição de pais, vez ou outra nos deparamos com a dificuldade que os familiares de crianças especiais encontram para os devidos acolhimento e inclusão de seus filhos no ambiente escolar.
Aqui falo apenas como alguém que vivenciou alguns casos bem de perto, bem como a angústia dos pais que partiram para a difícil batalha de incluírem seus filhos dentro do que se conceitua “normalidade”.

A inclusão escolar, em última e resumida análise, consiste num conjunto de medidas e métodos didáticos, pedagógicos e sociais que visam integrar as crianças “diferentes” no contexto do aprendizado escolar.

Muito se fala sobre a inclusão.

Eu mesma não sabia que o assunto já circula por várias páginas da internet, nas quais as pessoas são “acolhidas e informadas sobre o caminho das pedras”, quando deparadas com a tal necessidade. E haja pedras a serem percorridas...

Talvez eu esteja sendo cética demais, porém foi exatamente assim que senti, quando vivenciei o problema de perto.

Caminha-se à procura de algo que estamos muito distante de se realizar... a contento.
Embora “incluir” pareça algo óbvio, necessário e humanitário, não se trata dum procedimento tão simples, posto que é um trabalho de integração MULTIDISCIPLINAR inclusive interligado à família e que necessita de pedagogos especializados, e mais que isso, “treinados” dentro duma “ótica visionária”, de vanguarda, que demanda tempo e alta sensibilidade para a percepção das necessidades primordiais da “criança diferente”.

Incluir não é um ato “de massa”. É, antes de mais nada, um ato de atenção, carinho e muita dedicação. E de extrema competência! O que aprendi é que muito se fala, mas muito pouco se faz! Concluí que não poderia ser diferente, embora deveria!

Se a nossa crise na educação atinge os setores mais básicos da estrutura educacional, é óbvio que o sistema não estaria preparado minimamente para a inclusão escolar, algo bem mais complexo. A problemática é lógica.

O que presenciei foram técnicos em educação “diagnosticando” e encaminhando situações diferentes, desestabilizando emocionalmente os pais que freqüentemente são chamados à escola para serem informados do que já sabem; e as instituições assumirem a impossibilidade de continuarem com os alunos. Porém, tal impossibilidade é sempre “assumida” de forma velada, fazendo com que os pais acabem por desistir da instituição escolar.

E vale dizer que tais atitudes muitas vezes partem de escolas-padrões, muito bem pagas e “estruturadas”, tidas como de alto nível, numa das maiores cidades do mundo.

Uma escola tem que estar estimulada e preparada para desafios. Alfabetizar, preparar, educar e formar aqueles que fluem sem dificuldades não é desafio algum. E uma criança especial é um maravilhoso desafio! Como deve ser gratificante explorar e desenvolver o potencial dessas crianças, estimulá-las, respeitar o seu tempo, o seu ritmo, e delas extrair o seu melhor pra incluí-las não apenas no meio escolar, mas na sociedade, influenciando no seu destino...

Inclusão é um dever do sistema e um direito da criança. Não é um ato de “caridade” do Estado. É um ato de amor. Amor à arte de educar, no sentido mais amplo que o vocábulo “educação” possa denotar.

Porem não é exatamente essa a sensação que os pais têm, quando inseridos na saga da inclusão. É triste perceber que a maioria se sente muito perdida e com muitas portas fechadas pelo total despreparo daqueles que dizem “incluir”. A luta é extremamente solitária.

A solução é óbvia. A resolução é difícil. Depende de quem tem o poder e o discernimento nas mãos e da sociedade que deveria gritar mais pelo que lhe é de direito."

Maria Virginia Bosco
Autora no Recanto das Letras
https://www.recantodasletras.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
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