Sobre médiuns pintores
Atualizado dia 11/14/2006 9:39:27 PM em Autoconhecimentopor Flávio Bastos
Ao pesquisarmos sobre este assunto tão cativante, vamos a uma fonte que é referência máxima: "O Livro dos Médiuns" de Allan Kardec, que no seu capítulo XX, "Da influência Moral do Médium", informa-nos o seguinte: "Se o médium, sob o ponto de vista da execução, não é senão um instrumento, exerce sob o aspecto moral uma influência muito grande. Uma vez que, para se comunicar, o espírito estranho se identifica com o espírito do médium, essa identificação não pode ocorrer senão quando há simpatia entre eles, e se assim se pode dizer, afinidade. A alma exerce sobre o espírito estranho uma espécie de atração ou repulsão, segundo o grau de sua semelhança ou dissemelhança; ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus; de onde se segue que as qualidades morais do médium têm uma influência capital sobre a natureza dos espíritos que se comunicam por seu intermédio. Se ele é vicioso, os espíritos inferiores vêm se agrupar ao seu redor e estão sempre prontos para tomarem o lugar dos bons espíritos. As qualidades que atraem, de preferência, os bons espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciume, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se prende à matéria".
No capítulo XVI do mesmo livro, sobre "Médium pintor e desenhista", encontramos o seguinte: "São aqueles que pintam ou desenham sob a influência dos espíritos. Falamos dos que obtém coisas sérias, porque não se poderia dar esse nome a certos médiuns aos quais os espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas que desabonam o último entre os escolares".
Mudamos a referência bibliográfica e consultamos o "Evangelho Segundo o Espiritismo", outra obra básica de Allan Kardec. Em seu capítulo XXVI, "Dar de graça o que de graça receber", o seu ítem de número sete, "Mediunidade gratuíta", traz-nos algo a mais para adicionarmos a esta pesquisa: "Os médiuns modernos - pois os apóstolos também tinham mediunidade - receberam igualmente de Deus um dom gratuito, que é o de serem intérpretes dos espíritos, para instruírem os homens, para lhes ensinarem o caminho do bem e levá-los à fé e não para lhes venderem palavras que não lhes pertencem, pois que não se originam nas suas idéias, nem nas suas pesquisas, nem em qualquer outra espécie de seu trabalho pessoal. Deus deseja que a luz atinja a todos e não que o mais pobre seja deserdado e possa dizer: Não tenho fé, porque não pude pagar; não tive a consolação de receber o estímulo e o testemunho de afeição daqueles por quem choro, pois sou pobre. Eis porque a mediunidade não é um privilégio e se encontra por toda parte. Fazê-la pagar, seria, portanto, desviá-la de sua finalidade providencial".
As obras básicas consultadas são esclarecedoras a respeito da conduta do médium, principalmente no sentido ético-moral, pois são informações do plano espiritual superior recebidas e codificadas pelo frances Allan Kardec e que alerta sobre os propósitos da mediunidade e a necessidade de uma permanente auto-vigilância para garantir a sintonia elevada, afastando os espíritos oportunistas e aproximando os espíritos da verdade. Em suma, mediunidade consciente e responsável é isso.
Augustin Lesage é bem provável que tenha reunido todas as características de um grande médium pintor. Sua mediunidade eclodiu em plena França do início do século XX. Época em que o Espiritismo não era bem visto pela comunidade científica européia. Mas, Lesage, com a sua obra conseguiu impressionar a todos, inclusive ao pintores franceses mais experientes.
Conforme informa-nos o prefácio do livro sobre a sua vida e obra, intitulado "O Fantástico Lesage", Augustin Lesage trabalhou longos anos como operário de mina de carvão no interior da França. Sua mediunidade eclodiu quando já contava 35 anos de idade, revelando-se, então, o mais notável médium pintor de todos os tempos.
Augustin Lesage foi examinado por cientistas e intelectuais em geral. Sobre ele disse o filósofo León Denis: "Voce é o mineiro que descobriu o novo filão espiritual". Conan Doyle (criador do personagem Sherlock Holmes) levou-o, em 1928, à Inglaterra para participar do Congresso Espírita em Londres, onde as telas mediúnicas foram expostas. Mas, um ano antes já havia o humilde Lesage comparecido ao 3° Congresso Internacional de Pesquisas Psíquicas realizado na Sorbonne, tendo sido ele próprio tema de uma conferência.
Lesage, sobre o comando de seus guias espirituais, entre os quais Leonardo da Vinci, sujeitava-se a todo tipo de prova. Pintou em estilo egípcio no Instituto Metapsíquico Internacional, em Paris, sobre o controle do cientista Eugene Osty, presidente da instituição. Uma das telas media dois metros de altura por um e meio de largura. O médium em transe colocou na tela milhares de miniaturas pintadas a óleo que só podiam ser analisadas através de uma lupa. Lesage, como observou um de seus críticos, pintava rapidamente, "como se fosse uma máquina, com precisão, sem intermitência". Presenciaram o fenômeno, entre outros, Charles Richet (detentor do Prêmio Nobel) e o físico inglês Sir Oliver Lodge (da Sociedade Real da Inglaterra).
"É surpreendente (escreveu Eugene Osty no número de janeiro-fevereiro de 1928 na revista "Metapsíquica") que um homem inculto, sem hereditariedade artística declarada, sem noções anteriores de desenho e pintura, e sem atração por eles, seja inspirado unicamente por concepções decorativas de velhas civilizações, sobretudo orientais".
O pintor Paul Chabas, presidente do juri no Salão dos Artistas Franceses e membro do Intstituto de France, após analisar a pintura de Lesage, exclamou: "Eu jogaria bem longe minha paleta para fazer o que o senhor faz".
A mediunidade de Augustin Lesage e a incrível arte filigrânica dos espíritos que com ele trabalharam causam ainda tamanho impacto, que a psicanalista Marie-France Lecomte em seu trabalho "Elementos para uma psicanálise da obra de Augustin Lesage", depois de uma série de considerações pernósticas, classifica o médium de "delirante místico".
"Augustin Lesage (escreveu ela) tornou-se, inconscientemente, pintor, para exorcisar uma angústia de morte, preencher o vazio mortífero e assegurar-se da imortalidade". E, atônita diante da beleza arrebatadora dos quadros de Lesage, confessa: "Bem entendido, isto nada explica nem reduz seu talento".
Para finalizar, sobre a honestidade dos médiuns pintores brasileiros, creio que não cabe a nós, nem a ninguém julgá-los, e sim as suas consciências, pois a mediunidade é o exercício de uma função que exige, como outra qualquer, preparo e amadurecimento para ser bem conduzida. Os desvios, se existirem, ficam por conta do livre arbítrio e das escolhas de cada um.
"Tenho fé na bondade divina que tudo pode".
Augustin Lesage
Psicanalista de Orientação Reencarnacionista.
flaviobastos
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Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |