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Sofrimento, dor e perda

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Autor Mirtes Carneiro

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 1/6/2009 3:06:47 PM


Afinal, como vamos poder entender o porquê do sofrimento? Por que o sofrimento nos acompanha, se fazemos tudo para evitá-lo?

Para a Filosofia Perene, o impulso da separatividade se manifesta no ser humano em diversos níveis, separando organismo do meio ou até mesmo uma separação dentro do próprio organismo. O sofrimento se expressa a partir desta separatividade. O retorno à Unidade resgata a essência divina do Ser e cessa o sofrimento. A  meta da criação é o retorno do que foi separado à Eterna Realidade. O lado racional do homem busca entender a questão do por que Deus criou o sofrimento, a angústia, por que Deus não destruiu o mal para que houvesse apenas o bem? Jacob Boehme responde a esta questão dizendo que sem contrariedade não podemos ter consciência de nós mesmos, se não houvesse resistência, não buscaríamos o retorno a Deus, que ficaria oculto para a vida natural. "O mal, como vontade contrária, faz com que o bem, ou a vontade, queira retornar à sua existência e causa primeira, à Deus; deseje voltar ao bem, à vontade boa."


Para Maslow, devemos  olhar para as emoções de dor e sofrimento que são também inerentes ao ser; é lícito sentir mágoa, dor ou raiva no momento adequado. O crescimento e a realização não serão possíveis sem passar pela dor e pelas atribulações que são necessárias e inevitáveis. É uma questão de respeito à integridade do indivíduo deixar que ele passe por seus conflitos e sofrimentos, que por si, também fazem parte do processo de crescimento. Porém, Maslow crê que não devemos levar tão a sério o martelar dos existencialistas a respeito da angústia e do desespero e reitera sua opinião de que "a perda das ilusões e a descoberta de identidade, embora dolorosas no começo, podem ser, finalmente, estimulantes e fortalecedoras." E acrescenta ainda que "a maioria das pessoas experimenta tragédia e alegria em diversas proporções. Qualquer filosofia que deixe de fora uma ou outra não pode ser considerada abrangente".


O padre Inácio Larrañaga, em seu livro Sofrimento e Paz    coloca o sofrimento como problema fundamental da humanidade. Fazendo uma comparação com os animais, Larrañaga reflete sobre os problemas e sofrimentos do homem. Para ele, o que cria todos os problemas do ser humano é a sua mente, ao passo que  os animais vivem "cálida e deleitosamente em plena harmonia" por não possuírem a faculdade de se sentirem separados, diferentes ou solitários. O homem se sente dissociado e isto causa sofrimento, e assim é obrigado a buscar a unidade "consigo mesmo e com os outros". Larrañaga diz que o subproduto da modernidade é a angústia, que há uma estranha identificação entre o homem moderno e a angústia. A angústia carrega em si um caráter somático, se situando na região epigástrica uma sensação de aperto e sufoco. Entretanto, no sofrimento encontra-se um misto de estados de ânimo que se entrecruzam e variam entre a angústia, o medo, a ansiedade, o temor, a obsessão e a tristeza. Para Larrañaga, a mãe de todos os males é a ilusão do ‘eu. Esta mentira exerce uma tirania obsessiva sobre o indivíduo. Essa aparência tida como o ‘eu é uma "quimera louca, fogo fátuo" que leva aos mais diversos tipos de sofrimento. Após longo discurso, analisando os diferentes tipos de sofrimento, Larrañaga prega que o drama não está em sofrer, mas em sofrer inutilmente. Podemos dar um significado maior à dor, como por exemplo as dores do parto que são acolhidas pela mulher como a graça da maternidade, perdendo assim, o seu estigma. Finalmente, Larrañaga ressalta as diversas maneiras de que dispomos para minimizar os estados de sofrimento, tais como o relaxamento físico e mental, visto que todo sofrimento gera tensão; a atenção, concentração ou presença no momento presente; a respiração profunda e por fim propõe como ‘terapia universal para o sofrimento o desapego e o abandono. "O abandono é a homenagem do silêncio para com o Pai. Por conseguinte, uma homenagem de amor e de pura adoração. Em nível psicológico, nesse silêncio mental repousa o segredo da ‘salvação enquanto terapia libertadora"


São João da Cruz, santo místico cristão  imortalizou a expressão  ‘noite escura da alma, quando fala do sofrimento. Para São João da Cruz, o sofrimento contém dentro de si uma iluminação; o sofrimento é necessário, como forma de purificação, transformação.  São João da Cruz explica que a passagem pela noite escura - trevas profundas, sofrimentos físicos e morais tão dolorosos que a alma humana é incapaz de compreender - é necessária para que a alma possa chegar à divina luz da perfeita união do amor de Deus. Aquele que passar  pela noite escura, alcançará a perfeição. Essa noite pode representar para a alma um tormento, mas ao final, haverá a iluminação, o desapego, a purificação do sentido e do espírito, a experiência de união com Deus.


Viktor E.Frankl(1905-1997), psiquiatra , esteve no campo de concentração durante a segunda guerra mundial, onde o homem era exposto à humilhação, ao medo, à fome e ao sofrimento.Enquanto esteve lá, o Dr. Frankl observou que as pessoas que suportavam melhor o sofrimento eram aquelas que conseguiam dar um sentido maior ao mesmo, como por exemplo, aquelas pessoas que conseguiam transcender o sofrimento ao pensar na família, ou na religião ou mesmo nas belezas da natureza. Então, ele constatou a "capacidade humana de transcender sua situação difícil e descobrir uma adequada verdade orientadora". Em seu livro Em busca de Sentido, o dr. Frankl passa a mensagem "que a vida tem um sentido potencial sob quaisquer circunstâncias, mesmo as mais miseráveis." Frankl enfatiza a ‘decisão interna que cada indivíduo toma ao reagir a uma situação de sofrimento e cita o alvo no futuro ou a meta futura como um fator determinante para a transcendência do sofrimento, e citando Nietzsche, o dr. Frankl enfatiza que "quem tem por que viver, pode suportar quase  qualquer como." Ao sair do campo de concentração, Viktor Frankl funda a Logoterapia, escola vienense de psicoterapia, fundamentada no existencialismo, cujo tema central  é: "a vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor."


Frente ao sofrimento, cabe-nos a reflexão do para que e não do por que. O por que pede justificativas, e muitas vezes, nós, como humanos, não conseguimos compreender os caminhos de Deus. O para que eleva nosso pensamento para algo superior, muitas vezes sem respostas imediatas, mas que tem o poder de acalmar nossa alma e nossa mente, pois a crença de que o sofrimento também tem o objetivo de nos conduzir ao mais elevado bem, pode fazer com que a carga seja suportada de maneira mais leve.




















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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Mirtes Carneiro   
Mirtes Carneiro CRP06/111130 Psicóloga e Psicanalista Atendimento on line Tel 11 9 8108-5021
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